Quase lá: Rebeca Andrade é inspiração para pequenas ginastas de Brasília

A busca pelo treinamento em ginástica artística aumentou no Distrito Federal, depois do sucesso da maior medalhista olímpica do Brasil.

Letícia Mouhamad
Correio Braziliense - 24/9/2024

Ginásio do CEM Setor Leste atende a 230 alunas, de 6 a 12 anos
 -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)

Ginásio do CEM Setor Leste atende a 230 alunas, de 6 a 12 anos - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
 

Nas Olimpíadas de Paris, as ginastas brasileiras esbanjaram simpatia, brilho e muito talento. Conquistaram quatro medalhas, sendo uma de ouro, entregue à Rebeca Andrade. O sucesso repercutiu na procura pelo esporte nos ginásios e polos da modalidade em Brasília. Na Asa Sul, o Centro de Iniciação Desportiva (CID) de ginástica artística do Centro de Ensino Médio (CEM) Setor Leste atende a jovens promissoras, desde a década de 1980.

Uma delas é Olívia Nogueira, 11 anos. Três vezes por semana, ela comparece às aulas na escola. "Foi o esporte que me conquistou. Quando entrei no ginásio pela primeira vez, há cerca de seis anos, pensei 'esse é o meu lugar'", relembra. O salto e a trave são suas especialidades preferidas e as que mais têm se destacado. Com um bom condicionamento físico, a menina diz ter energia para todas as outras tarefas do dia. Nada de cansar com facilidade. 

Com tanto apego pelo esporte, o ginásio virou sua segunda casa. "É um lugar maravilhoso, onde as professoras sabem do nosso potencial, respeitam nossos limites e nos dão liberdade para testar acrobacias novas. Também fiz muitas amigas por aqui", ressalta. Questionada se deseja tornar-se ginasta profissional, Olívia não hesita. "Sem dúvidas, é o meu sonho", assegura.

Fábrica de sonhos

A professora de educação física e treinadora Tatiana Freire, 45, confirma que, durante e após as Olimpíadas, houve um salto na procura pela modalidade no CEM Setor Leste. "Acho que saímos daquela ideia de que, no Brasil, só há espaço para o futebol. A equipe de ginástica artística do país abriu os olhos dessas crianças, mostrando o poder e a beleza desse esporte. Então, hoje, nossas meninas estão mais inspiradas do que nunca", comemora. 

A lista de espera por uma vaga é enorme, pois, segundo Tatiana, a desistência de alunas é muito baixa. "Sempre digo que temos uma fábrica de sonhos na mão. Sabemos que elas (as meninas do Setor Leste) são capazes. Vão crescendo, aprimorando-se e desenvolvendo ainda mais confiança", destaca. As vantagens do esporte, aliás, vão além da postura e da força física. "Elas desenvolvem autonomia e maior desenvoltura, o que contribui muito para a saúde emocional", completa. 

Ainda na graduação, Tatiana fez estágio no CID do Setor Leste e, após se especializar, voltou à escola como professora concursada. Lá, está há 26 anos. O ginásio atende a 230 alunas, de 6 a 12 anos.

Superação e persistência

Como muitas criança, Karina Carvalho, 38, adorava o exercício de estrelinhas, fazer ponte e parada de mãos. Levava jeito. Aos 11 anos, descobriu que as acrobacias das quais tanto gostava se encaixavam em um esporte, a ginástica olímpica, como a modalidade era chamada na época. Foi amor à primeira vista. Em dez anos, tornou-se atleta de alto rendimento e foi campeã, por três vezes, de um torneio nacional. "Como a ginástica artística era minúscula no Brasil, não achei que poderia viver disso", lembra. Então, formou-se educadora física.

Em 2015, surgiu a oportunidade de empreender em uma academia de ginástica artística no DF. Ela apostou na ideia e, hoje, a empresa que leva seu nome contabiliza quatro unidades, com a quinta prestes a ser inaugurada no Guará e a sexta, em Salvador. "A ginástica artística é sempre desafiadora. Nunca chegamos em um platô no qual não é mais possível evoluir. Quando aprendemos um movimento, às vezes muito difícil, a sensação é de superação e dever cumprido", ressalta. No total, a escola conta com 2,3 mil matriculados.

Para as alunas Maria Luísa Pires, 10, e Paloma Bruno, 6, a inspiração na ginástica artística não poderia ser outra, senão Rebeca Andrade. Na academia Karina Carvalho, elas têm como acrobacias preferidas a paralela — na qual a atleta deve fazer movimentos se equilibrando em duas barras, o salto na mesa e as traves. "É tudo questão de técnica e de treino", explica Maria Luísa, sobre como consegue fazer acrobacias tão desafiadoras. 

Na academia, onde o lema é "formar crianças para a vida", Paloma tem a sorte de estar acompanhada pela mãe — a atriz Adriana Bruno, 49, ex-praticante de ginástica artística — nos movimentos que faz durante a aula. Mesmo nova, a menina garante: "quero ser ginasta e ir para as Olimpíadas".

"É um esporte que traz muita consciência corporal, além de concentração, persistência e disciplina", avalia Adriana, que treinou e competiu por cinco anos. "É a modalidade perfeita para enfrentar os nossos medos", completa.

fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2024/09/6946979-rebeca-andrade-e-inspiracao-para-pequenas-ginastas-de-brasilia.html?tbref=hp

 


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