Mulheres de Fortaleza pedem por justiça no maior julgamento de violência policial do ano

Começa no dia 20 de junho o julgamento dos 34 policiais militares acusados de matar 11 pessoas na Chacina do Curió, ocorrida em 2015, na Grande Messejana, periferia de Fortaleza. Desde então, mães e familiares da vítimas lutam por justiça, articuladas com movimentos de mulheres de todo o país. Depois de sete anos e meio, elas estarão frente a frente com os executores de seus filhos, maridos, irmãos. Esse será o maior julgamento do ano no país e o que tem o maior número de militares no banco dos réus desde o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 2006, no Pará

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Imóvel abandonado há mais de 10 anos foi transformado em espaço de acolhimento às mulheres vítimas de violência

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
 
Ocupação nasceu em um prédio abandonado há mais de 10 anos, que passou por limpeza e vem sendo revitalizado pelo Movimento, que pretende recuperar sua função social. - Foto: André Ribeiro

 

A poucos dias do feriado de Natal, a ocupação da Casa de Referência Ieda Santos Delgado pode sofrer um novo despejo ordenado pela Administração Regional do Guará, no Distrito Federal. O imóvel foi ocupado há cerca de dois meses pelo movimento de mulheres Olga Benário, que transformou o lugar em um espaço de acolhimento e apoio para mulheres em situação de violência doméstica, interrompendo um abandono de mais de 10 anos da área, que é pública e pertence do Governo do DF.

Nesta segunda-feira (19), no entanto, as ocupantes receberam uma terceira notificação, assinada pelo administrador regional do Guará, Tulio Salasar Borges de Almeida, para que deixem imediatamente o local até esta terça-feira (20). Elas temem sofrer uma desocupação violenta como a ocorrida no mês passado, em uma ação da Polícia Militar. A ordem de despejo está amparada em uma liminar concedida pelo desembargador João Luís Fischer Dias, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que revogou uma decisão anterior que reconhecia o interesse social na ocupação e mantinha o coletivo no imóvel.   

:: Justiça reconhece interesse social em ocupação de mulheres no Guará (DF) ::

"Esse novo ataque vem sustentado na mentira de que o imóvel estar sob risco de desabamento, mas ignoram os laudos e equipes de engenheiros e arquitetos que demonstram que a estrutura não sofre nenhum risco", criticou o coletivo de mulheres Olga Benário, em nota. O grupo ainda lembrou que a ocupação vem prestando um relevante serviço de amparo a mulheres que não encontram assistência nas atuais políticas públicas oferecidas pelo espaço, e que a desocupação agride ainda mais o direito dessas vítimas de violência doméstica. 

"As mulheres estão lutando contra a violência e pelo direito constitucional à vida. No Brasil, ocorrem cinco espancamentos a cada dois minutos, um estupro a cada 11 minutos e um feminicídio a cada 90 minutos. Somente em 2019, 1.326 mulheres foram assassinadas pelo fato de serem mulheres. O Governo do Distrito Federal, mais uma vez, se coloca contra o direito das mulheres, as submetendo a situações de risco ao não oferecer solução para essas mulheres na véspera do Natal", afirmou o coletivo de mulheres, em nota.

:: PM prende ativista pelo direitos das mulheres e fecha ocupação no Distrito Federal ::

O coletivo também lembrou que o próprio GDF, que reivindica o poder de política sobre invasões de particulares em áreas públicas, não atua no caso de ocupações privadas em áreas nobres do DF, que são amplamente conhecidas na capital do país. 

"Enquanto ocupações privadas em áreas nobres acontecem e o GDF não faz nada, as ocupações para retirar mulheres organizadas em prol do combate à violência acontecem de forma rápida."


Casa leda Santos Delgado se transformou em ponto de acolhimento de mulheres vítimas de violência doméstica, com oferta de cursos de capacitação e uma série de atividades sociais. / Foto: André Ribeiro

A Administração Regional do Guará informou que a casa atualmente é objeto de parceria público-privada para a instalação do novo Centro de Convivência do Idoso (CCI), em fase de licitação. O órgão, no entanto, não informou quando esse novo equipamento público será disponibilizado e, agora, se for retomado, o imóvel deverá ser fechado por tempo indeterminado, sujeito à degradação que vinha consumindo a área há décadas até a revitalização promovida pelo coletivo de mulheres. A reportagem pediu um novo posicionamento do órgão sobre a tentativa de retomada às vésperas das festas de fim de ano, mas ainda não obteve retorno. 

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A ocupação, é a 13ª do Movimento Olga Benário no país, sendo a primeira no Centro-Oeste, foi batizada de Casa Ieda Santos Delgado, em homenagem à militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) durante a ditadura militar, estudante que se formou em ciências jurídicas e sociais pela Universidade de Brasília (UnB), em 1969. Devido à sua atuação política, que se iniciou ainda no movimento estudantil, foi presa pelo regime em abril de 1974, quando desapareceu. A Comissão Nacional da Verdade concluiu que Ieda foi torturada, morta e enterrada pelos militares.

:: Prédio abandonado é transformado em lugar de acolhimento para mulheres em situação de violência ::

Segundo as organizadoras da ocupação, o espaço surgiu no vácuo de assistência deixado pelo fechamento da Casa da Mulher Brasileira e da necessidade de acolher as vítimas de violência doméstica no DF. Diariamente, a Casa Ieda realizava programação de oficinas culturais e práticas oferecidas por profissionais voluntários. Até uma horta orgânica comunitária foi plantada na área externa da casa, para assegurar as soberania alimentar das mulheres atendidas no local. 

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino

fonte: https://www.brasildefato.com.br/2022/12/20/movimento-de-mulheres-do-df-corre-risco-de-despejo-as-vesperas-do-natal

Administração do Guará diz que dará suporte às mulheres da Casa Ieda

Nesta terça-feira (20/12), as coordenadoras e participantes do Movimento de Mulheres Olga Benário terão que sair do imóvel ocupado, localizado no Guará 2

Pedro Marra
Rafaela Martins
postado em 20/12/2022 13:51 - Correio Braziliense
 (crédito: ANA MARIA POL/CB)
(crédito: ANA MARIA POL/CB)

 

Há mais de um mês, mulheres acolhidas em situação de violência doméstica resistem à desocupação da casa Ieda Santos Delgado, localizada no Guará 2. Em 11 de novembro, as coordenadoras foram notificadas pela Administração Regional do Guará para saírem do local imediatamente. Desde então, o grupo não deixou o prédio e teve o aval da Justiça para permanecer.

Nesta terça-feira (20/12), a administração entrou em contato novamente exigindo a desocupação do local e a retirada de todos os itens. De acordo com a regional, a saída tem que ocorrer em virtude da ocupação irregular e da grave situação estrutural da casa.

Por meio de nota, a instituição falou sobre o cenário atual. “A desocupação se dará em virtude de ocupação irregular de bem imóvel desta Administração Regional pelo Movimento, em que igualmente o referido imóvel se encontra em situação grave de estrutura. Porém, apesar dos esforços administrativos em favor das pessoas que se encontram dentro do imóvel, pela manutenção da permanência delas, a questão se judicializou. Saindo por fim, em sede de decisão liminar de 2º grau, para desocupação imediata dessas mulheres, prol primeiramente ao seu direito à vida diante do estado do imóvel”, diz o texto.

Além disso, a regional garante que as mulheres serão encaminhadas para outros locais seguros. “Diante do objetivo do movimento, essa administração pediu que elas apresentassem os dados das mulheres atendidas para que o GDF faça o encaminhamento sem prejuízo aos órgãos especializados na questão da violência doméstica”, ressaltou o comunicado.

História

A ocupação do movimento Olga Benário é a primeira no Centro-Oeste. O grupo já possui outros 12 espaços em diversas capitais brasileiras e, no Distrito Federal, escolheu a antiga Casa de Cultura do Guará para ser utilizada com o fim de atender e acolher mulheres em situação de risco.

 


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