Em um dos momentos mais marcantes do dia, presidente subiu a rampa com cidadãos comuns, entre eles uma criança, um homem com deficiência, uma catadora e um indígena.

 

Por g1 — Brasília


Luiz Inácio Lula da Silva chega ao Palácio do Planalto com grupo que representa diversos segmentos da sociedade após sua posse como novo presidente em Brasília, Brasil, domingo, 1º de janeiro de 2023 — Foto: AP Photo/Eraldo Peres

Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse neste domingo (1º) como o 39º presidente da história do país. A celebração do início do mandato levou centenas de milhares de apoiadores à Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Em um dos momentos mais marcantes, Lula recebeu a faixa presidencial de pessoas comuns, representantes do povo brasileiro.

Em discursos, o presidente ressaltou a defesa da democracia e o foco no combate à pobreza e à fome. Ao falar de fome, no parlatório do Palácio do Planalto, de frente para a multidão, Lula chegou a chorar.

Ele também fez críticas ao governo anterior, sem citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro.


Apoiadores de Lula se reúnem na Esplanada dos Ministérios para a posse presidencial — Foto: Silvia Izquierdo/AP"

Veja o que de principal aconteceu na posse:

Desfile no Rolls Royce

A equipe de Lula não havia confirmado até o início da tarde se o presidente faria o trajeto até o Congresso Nacional em carro aberto.

A dúvida acabou quando, no início da tarde, ele subiu no tradicional Rolls Royce da Presidência. Lula estava acompanhado da primeira-dama, Janja da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e da mulher do vice, Lu Alckmin.


Lula desfila em carro aberto antes da cerimônia de posse, em Brasília, neste domingo (1º) — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

 
Tropas em revista

Em seguida, na chegada ao Congresso, Lula passou em revista as tropas militares, uma das etapas tradicionais da celebração da posse (veja no vídeo abaixo).

Presidente passa tropas em revista
 
 
 
Discurso no Congresso
Em discurso de posse, Lula diz que mensagem ao Brasil é de 'esperança e reconstrução'; veja íntegra
 
 
 
 
 
 

Em discurso de posse, Lula diz que mensagem ao Brasil é de 'esperança e reconstrução'

 

Lula foi oficialmente empossado no Congresso, em cerimônia diante de parlamentares e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Em uma fala de 31 minutos, o presidente exaltou a "democracia para sempre".

"Sob os ventos da redemocratização, dizíamos 'ditadura nunca mais'. Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer 'democracia para sempre'", afirmou.

Lula disse ainda que seu governo vai ser de esperança, união do país e sem revanchismo.

“Hoje, nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que essa nação levantou a partir de 1988, vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer esse edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos esforços”, disse Lula.

Sem citar o nome de Bolsonaro, afirmou que irregularidades na pandemia devem ser investigadas.

"Em nenhum outro país, a quantidade de vítimas fatais foi tão alta proporcionalmente à população quanto no Brasil, um dos países mais preparados para enfrentar as emergências sanitárias", argumentou.

"Este paradoxo só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes", acrescentou Lula.

 
Faixa presidencial

Ao sair do Congresso, Lula foi para o Palácio do Planalto e subiu a rampa.

Em uma das cenas mais históricas da posse, ele subiu acompanhado de Janja, cidadão comuns (saiba quem são) e a cachorrinha do casal, chamada de Resistência, em referência ao período em que Lula passou preso.


Lula recebe faixa presidencial das mãos de representantes do povo brasileiro — Foto: Fábio Tito/g1

No alto da rampa, a faixa passou pelas mãos dos representantes do povo e foi finalmente entregue a Lula por Aline Sousa, uma mulher de 33 anos, catadora desde os 14.

Choro ao falar sobre fome

Já com a faixa no peito, Lula se dirigiu ao parlatório do palácio, para falar à multidão que o aguardava na Praça dos Três Poderes.

 

Foi nesse discurso que, ao falar da fome no país, Lula chorou.

"Há muito tempo, não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando lixo em busca de alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo. Crianças vendendo bala ou pedindo esmola, quando deveriam estar na escola vivendo plenamente a infância a que têm direito", disse.

"Trabalhadores e trabalhadoras desempregados, exibindo nos semáforos cartazes de papelão com a frase que nos envergonha a todos: 'por favor, me ajuda'", continuou, perdendo a voz em razão do choro.


Lula se emociona durante o discurso ao falar sobre a fome no país — Foto: REUTERS/Adriano Machado
Líderes estrangeiros e posse de ministros
 

A próxima etapa no dia de Lula foi, dentro do Palácio do Planalto, receber cumprimentos de líderes estrangeiros. Entre eles, estavam 17 chefes de Estado.

Chefes de estado e autoridades estrangeiras parabenizam Lula na posse presidencial
 
 
 
 
 
 
 
 

Chefes de estado e autoridades estrangeiras parabenizam Lula na posse presidencial

Na sequência, Lula deu posse a seus 37 ministros (veja a lista).


O presidente empossado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) posa para fotos com os seus ministros, durante recepção no Palácio do Planalto, em Brasília, — Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

 
Primeiros atos

Lula também assinou decreto que altera a política de Bolsonaro de flexibilização de acesso às armas.

Outro ato do presidente prevê reavaliar sigilos impostos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em documentos

Posse presidencial: saiba quem subiu a rampa e passou a faixa para Lula

Representantes de diversos grupos sociais foram escolhidos para o momento mais simbólico da cerimônia

São Paulo (SP) |
 

Ouça o áudio

 

A catadora Aline Souza foi responsável por colocar a faixa presidencial em Lula - Ricardo Stuckert

 

O momento da subida da rampa do Palácio do Planalto, o mais simbólico das cerimônias de posse presidencial no Brasil, contou com uma surpresa emocionante. Um grupo de oito representantes da sociedade foi escolhido pela organização do evento para acompanhar Lula no percurso e no recebimento da faixa presidencial. A cadela Resistência, adotada por Janja durante a vigília "Lula Livre", também esteve presente.

Com a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a recusa do ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) em participar da passagem da faixa presidencial, a comissão organizadora manteve em segredo a opção escolhida. A ideia foi demonstrar o compromisso do governo com a diversidade. 

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Conheça todos os participantes:

Francisco tem 10 anos, mora em Itaquera, periferia de São Paulo. É corintiano roxo, faz natação, e em 2022 ficou em primeiro lugar no campeonato da Federação Aquática Paulista. Em 2019 esteve em Curitiba para dar "Bom dia Presidente Lula" e no Jogo MST - Amigos do Lula e Amigos do Chico Buarque viu pela primeira vez o presidente de perto. Filho de uma assistente social e de um advogado que atuam nas causas sociais, depois de assistir ao filme com a vida do presidente Lula e com a atenção e carinho que recebeu do presidente no Natal dos catadores, Francisco diz que também pode ser presidente.

Aline Sousa tem 33 anos, é catadora desde os 14 anos, a 3ª geração de catadora na família. Sua mãe e avó materna são catadoras da mesma cooperativa. Mãe de sete filhos, em 2012 Aline foi eleita diretora Secretária da Rede CENTCOOP-DF e, 3 anos, depois a primeira Presidenta da Rede. Hoje está no seu terceiro mandato. Ingressou no Movimento Nacional de Catadoras como articuladora nacional em 2013 representando os catadores e catadoras do DF.  Atualmente é responsável pela Secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores. Beneficiária do programa Minha Casa Minha Vida em 2009, junto a 30 famílias de catadores que também foram contemplados.

O cacique Raoni Metuktire, 90 anos, dedicou sua vida à defesa da Amazônia e dos povos da floresta. É reconhecido por indígenas e ribeirinhos como um dos principais representantes da luta pela preservação da floresta e dos povos amazônicos. Da aldeia Kraimopry-yaka, onde nasceu, o cacique rodou o mundo pedindo paz. Recentemente, o cacique sobreviveu a três grandes desafios: a morte da sua esposa, Bekwyiká, uma infecção intestinal e um quadro de covid-19.

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Weslley Viesba Rodrigues Rocha, de 36 anos, é metalúrgico do ABC desde os 18 anos. Natural de Diadema, Weslley é casado e pai de dois meninos: Cauã de 18 anos e Apolo de dois meses. Formou-se em Educação Física com o auxílio do Programa de Financiamento Estudantil (Fies). Também possui na sua formação os cursos técnicos profissionalizantes de Desenho Técnico, Matemática Aplicada, Eletricista e Comandos Elétricos, do SENAI da Escola Livre para Formação Integral "Dona Lindu". Apaixonado por cultura Wesley também é DJ no grupo de rap Falange.

Murilo de Quadros Jesus, 28 anos, é professor, formado em Letras Português e Inglês (UTFPR) e mora em Curitiba. Atuou como professor de português como língua adicional na Universidad de La Sabana (Bogotá, Colômbia) entre 2016 e 2017 e foi bolsista Fulbright como professor de português na Bluefield College (West Virginia, EUA) entre 2021 e 2022. 

Cozinhar é a paixão da dona Jucimara Fausto dos Santos, paranaense de Palotina. Desde sempre dedicou sua vida à cozinha. Foi em um concurso de culinária na Vigília Lula Livre que Jucimara foi chamada para fazer pão e acabou ficando cozinhando lá por dez meses. Hoje, cozinha na Associação dos Funcionários da Universidade Estadual do Maringá.

Ivan Baron, jovem potiguar que, aos 3 anos de idade, teve meningite viral, doença que causou paralisia cerebral. É referência na luta anticapacitista e considerado um dos embaixadores da inclusão.

:: A luta anticapacitista de Ivan Baron, o influenciador digital da inclusão ::

Flávio Pereira, 50 anos, é natural de Pinhalão, estado do Paraná. Artesão, esteve na Vigília Lula Livre nos 580 dias ajudando nas atividades cotidianas.

Edição: Thalita Pires

fonte: https://www.brasildefato.com.br/2023/01/01/posse-presidencial-saiba-quem-subiu-a-rampa-e-passou-a-faixa-para-lula

 

A catadora que entregou a faixa presidencial para Lula (por Alex Cardoso)

 
 
 
 

Alex Cardoso (*)

Aline Souza, catadora desde os 14 anos, atualmente com 33 anos, mãe de sete filhos, mulher negra é quem passa a faixa ao presidente Lula.

Uma imagem que percorre o mundo, cheia de significados e mobilizadora de variados sentimentos, entre eles da pluralidade, da resistência, da mulher, negra, mãe, catadora, da reciclagem.

Depois de 6 anos em que a faixa literalmente estava no lixo, enfeitando pescoço do golpista Temer ou pior, do genocida Bolsonaro, agora ela é reciclada pelas mãos do povo brasileiro e nada mais significativo do que ser entregue pelas mãos da catadora Aline, uma militante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.

Estamos de alma lavada, bem representadas/os, empossados e fazendo parte da história do Brasil. A reciclagem só ocorre pelas mãos das/os catadoras/es assim como a democracia só é real a partir do protagonismo popular.

Obrigado Lula, equipe e cada um das/os milhares de militantes, apoiadoras/es e votantes que fizeram a faixa ser reciclada.

Brasil, vamos reciclar, valorizar as catadoras e catadores.

(*) Alexandro Cardoso, catador, escritor e antropólogo @alexcatador

fonte: https://sul21.com.br/opiniao/2023/01/a-catadora-que-entregou-a-faixa-presidencial-para-lula-por-alex-cardoso/

A emoção de lideranças da sociedade civil que voltam ao Planalto depois de seis anos de golpe

BdF esteve no local e conversou com diferentes interlocutores que seguiram na luta popular após deposição de Dilma
Brasil de Fato | Brasília (DF) |
 

Ouça o áudio

 
Multidão de vermelho esperou horas  em frente ao Planalto para presenciar discurso de Lula em Brasília (DF) após entrega da faixa presidencial - Wikipedia/Divulgação

Foi entre lágrimas e com a voz embargada que a militante Ana Moraes, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), viveu, nos bastidores, os diferentes momentos que envolveram a posse do presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto. Ela, que esteve no mesmo local em 12 de maio de 2016, quando Dilma Rousseff (PT) fez seu último discurso e deixou o cargo após ser deposta pelo Congresso Nacional, agora tenta conter a emoção ao saber que a cadeira volta a ser ocupada por Lula depois de seis anos da avalanche conservadora que tomou conta do país.  

“Não queria falar porque eu sabia que iria chorar. É emocionante porque também é sobre os nossos corpos que estamos falando. É sobre a vida das mulheres, e o fato de esse golpe ter sido também contra as mulheres foi um retrocesso na nossa luta, mas também na luta popular. E a gente sabe o que sofreu nesses anos de golpe com o Temer e o Bolsonaro. Então, é muito significativo estar aqui, estar olhando pra essa rampa onde a esperança vai subir novamente”, disse, momentos antes de Lula pisar o solo do palácio.

É olhando pelo retrovisor da história recente do país que a militante evoca as cenas que marcaram aquele maio de 2016, quando ajudou a mobilizar o grupo de mulheres que foi ao Planalto apoiar Dilma após o golpe parlamentar. Mas nem só disso se alimenta a memória de Ana Moraes, que também esteve presente nos arredores do prédio em diferentes momentos em que movimentos populares bradaram contra a gestão Bolsonaro nos últimos anos.

“É significativo olhar pra essa Praça dos Três Poderes, onde apanhamos tantas vezes, onde a polícia nos expulsou muitas vezes e onde a gente resistiu, e vê-la vermelha, com essa multidão. Voltamos, e olha a praça: somos muitos”, deslumbra-se.  

“Foi golpe”

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT-DF), Rodrigo Rodrigues, a volta de Lula marca a consolidação e o reconhecimento dos incontáveis discursos de lideranças populares que denunciaram a ocorrência de um golpe multilateral para destituir Dilma do cargo.

“Foi golpe. Nós dissemos isso. O discurso da presidenta Dilma no dia em que foi aprovada a saída [definitiva] dela da presidência, em 31 de agosto de 2016, foi muito forte e ela já dizia ‘nós vamos voltar, vamos mostrar que é um golpe’. E aqui isso está se concretizando neste momento, com Lula subindo a rampa do Planalto mais uma vez eleito presidente, provando sua inocência, mostrando que foi golpe.”  


Lula é empossado em cerimônia no Congresso Nacional / CARL DE SOUZA / AFP

Enquanto Lula desfilava pela Esplanada dos Ministérios e cumpria o rito oficial de posse no Congresso Nacional, milhares de apoiadores o aguardavam em diferentes pontos da área interna do Planalto para ver de perto e dos bastidores os primeiros momentos do petista após subir a rampa. No grupo, dezenas de lideranças de entidades civis se aglomeravam, compartilhavam abraços e se emocionavam enquanto a multidão vestida de vermelho aguardava do lado de fora do prédio para ver o discurso do novo presidente. 

“Se eu já não tinha palavras no dia da diplomação, imagine hoje. A sensação aqui é de uma vitória imensa porque, se a gente fosse calcular naquele dia [de 2016] quanto tempo a gente passaria pra voltar aqui ao Planalto, possivelmente daria um bocado de anos [como previsão]. E, depois que o Lula foi encarcerado, aí é que as projeções ainda eram maiores”, ressalta o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Veras dos Santos.  


Cerca de 10 mil representantes de movimentos de todo o país marcharam no domingo (1º) rumo à Praça dos Três Poderes para ver Lula de perto / Ricardo Marques/MST

Para o dirigente, o retorno do ex-operário ao topo do Poder Executivo dependeu, entre outras coisas, de um certo misticismo que circunda o país. “Tudo que aconteceu tem a força do povo, mas também a força dos astros, das divindades, pra gente ajudar a mudar a realidade do Brasil e voltar com essa força, essa energia num momento em que a democracia estava em risco. Hoje a democracia renasce com outro fôlego”, encanta-se Santos.

:: Posse presidencial: saiba quem subiu a rampa e passou a faixa para Lula ::

A emoção é grande também para aqueles que, pela idade que têm hoje, não podem captar pela própria memória os capítulos das duas primeiras gestões de Lula à frente da presidência (2003-2010). É o caso da militante Simone Nascimento, 30, hoje ligada à direção do Movimento Negro Unificado (MNU) e integrante do conselho de participação social que assessorou Lula durante a última transição de governo, no final de 2022.

“Estou muito feliz, emocionada. Vai marcar minha vida toda estar nesta posse aqui. Eu digo que é um encontro de gerações. E, pra gente, um governo que entende que existe racismo – diferentemente do governo anterior, que chamava quilombola de ‘arroba’ – e que fala da importância dos quilombolas já é um novo grande passo pra uma educação humana pros brasileiros.”  

Planalto X luta no Legislativo

No contingente de apoiadores que presenciaram os bastidores da posse no Planalto estavam também personagens de lutas-chave que tomaram as ruas e o Poder Legislativo nos últimos anos por conta do desmonte promovido pelos governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-2022). O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, por exemplo, festejou a posse e se disse maravilhado diante do reencontro de Lula com a cadeira que comanda o Poder Executivo federal.  


Coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar / Divulgação/FUP

“O governo começa bem, e ele começa com um grande ato popular no seu primeiro dia de mandato, então, teremos com certeza esse apoio da população brasileira e também uma pressão do povo pra que o governo possa sempre permanecer à esquerda. É um governo de coalizão muito ampla, um governo em disputa, e óbvio que essa disputa vai ser feita, como aqui está sendo feita pelos movimentos populares”, pondera, ao lembrar os desafios que ainda estão por vir.  

Ikaro Chaves, do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), esteve na linha de frente da luta contra a privatização da Eletrobras no Congresso Nacional nos últimos anos. A mobilização do segmento foi uma das que turbinaram a luta do campo popular para tentar frear a agenda de desestatizações de Bolsonaro, que pôs na berlinda também empresas públicas como Correios, Petrobras e Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Agora, essas três estatais estão no despacho dado por Lula nos primeiros instantes de governo para determinar que ministros encaminhem proposta de retirada de programas de privatização de empresas públicas. A medida foi energicamente comemorada pelos milhares de apoiadores que se concentravam no Planalto.

“Nós voltamos aqui pela porta da frente e pelas mãos do povo. O campo progressista volta depois de um processo muito difícil de resistência, um processo duro em que a gente teve direitos suprimidos, aviltamento da democracia e dilaceração da soberania do país. Acho que a população e os movimentos sociais organizados conseguiram resistir. Essa vitória é, sim, do presidente Lula, evidentemente, de toda a figura, a história, a personalidade e a liderança do presidente, mas é uma vitória de cada um de nós que resistiu durante esses amargos anos”, disse Ikaro Chaves ao Brasil de Fato.

Edição: Glauco Faria

 
 

Revogaço, democracia: os destaques dos discursos de Lula

Jean-Philip Struck - DW Brasil

há 16 horas

Presidente Lula diz que democracia foi a grande vitoriosa na eleição, menciona quadro "estarrecedor" deixado por antecessor e defende que responsabilidades por "genocídio" durante a pandemia não fiquem "impunes".

 

Ao tomar posse como presidente neste domingo (01/01), Luiz Inácio Lula da Silva fez dois discursos - ao Congresso e ao público da Esplanada depois de vestir a faixa presidencial. Ele exaltou a democracia e o diálogo político, fez falas conciliadoras, mencionou um cenário "estarrecedor" deixado por seu antecessor e afirmou que a "atitude criminosa" do governo anterior durante o "genocídio" da pandemia  "não deve ficar impune".

Confiras destaques dos discursos:

"Democracia sempre”

Lula mencionou a palavra democracia 12 vezes em seus dois discursos.

O presidente afirmou que a eleição demonstrou "o compromisso do povo brasileiro com a democracia e suas instituições" e que é preciso reagir a "quaisquer ataques de extremistas que queiram sabotar e destruir" a democracia.

"Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ditadura nunca mais! Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: democracia para sempre!", afirmou o presidente.

Lula ainda afirmou que "cidadania é o outro nome da democracia" ao abordar direitos humanos e acesso aos serviços públicos.

Ao abordar as táticas ilegais usadas por seu antecessor na campanha para se manter no poder, Lula afirmou que "foi a democracia a grande vitoriosa nesta eleição, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu; as mais violentas ameaças à liberdade do voto, a mais abjeta campanha de mentiras e de ódio tramada para manipular e constranger o eleitorado".

"Revogaço"

Após ser empossado, Lula já tomou seu primeiro ato como presidente e assinou um "revogaço".

Entre outras medidas tomadas por Lula neste domingo, estão o início de estudos para retirada de estatais do processo de privatização, revogação de atos que incentivam garimpo na Amazônia e que facilitaram o comércio de armas de fogo durante o governo Bolsonaro.

"Estamos revogando os criminosos decretos de ampliação de acesso a armas e munições que tanta insegurança e tanto mal causaram às famílias brasileiras. O Brasil não quer e não precisa de armas na mão do povo. O Brasil precisa de segurança, o Brasil precisa de livro, de educação e de cultura para que a gente possa ser um país mais justo", disse.

Depois da posse, o novo presidente despachou para que a Controladoria-Geral da União (CGU) reavalie os sigilos de "cem anos" assinados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ao abordar o papel do SUS na pandemia, Lula também aproveitou para afirmar que pretende revogar o teto de gastos. "O SUS é, provavelmente, a mais democrática das instituições criadas pela Constituição de 88. Certamente por isso foi a mais perseguida desde então e foi também a mais prejudicada por uma estupidez chamada teto de gastos que haveremos de revogar."

 

Responsabilização

Lula abordou a pandemia de covid-19 que vitimou, oficialmente, quase 700 mil pessoas no país. Ele condenou o que chamou de "atitude criminosa" do governo Bolsonaro ao longo da crise e afirmou que as "responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes."

"O período que se encerra foi marcado por uma das maiores tragédias da história: a pandemia de covid-19. Em nenhum outro país a quantidade de vítimas fatais foi tão alta proporcionalmente à população quanto no Brasil, um dos países mais preparados para enfrentar emergências sanitárias, graças à competência do nosso Sistema Único de Saúde. Este paradoxo só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes."

Em outra fala, Lula afirmou que defende a "plena liberdade de expressão", mas disse que é preciso "responsabilização dos meios pelos quais o veneno do ódio e da mentira são inoculados", no que parece ter sido um recado direcionado para veículos de mídia de extrema direita e influenciadores que produzem fake news. "Este é um desafio civilizatório, da mesma forma que a superação das guerras, da crise climática, da fome e da desigualdade no planeta."

Lula afirmou que não carrega "nenhum ânimo de revanche contra os que tentaram subjugar a nação a seus desígnios pessoais e ideológicos", mas disse que "quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal, no que parece ter sido um recado duplo para o bolsonarismo e a Lava Jato. "O mandato que recebemos, frente a adversários inspirados no fascismo, será defendido com os poderes que a Constituição confere à democracia", disse.

Pacificação

Lula pregou a pacificação do país em diversos momentos, mas também mandou recados para extremistas que se recusam a aceitar o resultado das urnas.

"A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia. É hora de reatarmos os laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras. O povo brasileiro rejeita a violência de uma pequena minoria radicalizada que se recusa a viver num regime democrático. Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz. A disputa eleitoral acabou. Repito o que disse no meu pronunciamento após a vitória em 30 de outubro, sobre a necessidade de unir o nosso país. 'Não existem dois brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação.'"

Em outra etapa, Lula também reforçou a diferença da sua visão de mundo em relação ao bolsonarismo. "A liberdade que sempre defendemos é a de viver com dignidade, com pleno direito de expressão, manifestação e organização. A liberdade que eles pregam é a de oprimir o vulnerável, massacrar o oponente e impor a lei do mais forte acima das leis da civilização. O nome disso é barbárie."

"Ruínas”

Em seus discursos, Lula admitiu que assume num cenário de "ruínas" deixadas pelo governo anterior e enumerou ações do antecessor que desmontaram políticas públicas.

"O diagnóstico que recebemos do Gabinete de Transição de Governo é estarrecedor. Esvaziaram os recursos da Saúde. Desmontaram a Educação, a Cultura, Ciência e Tecnologia. Destruíram a proteção ao Meio Ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social. Desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. Dilapidaram as estatais e os bancos públicos; entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados para saciar a cupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas", disse.

"É sobre estas terríveis ruínas que assumo o compromisso de, junto com o povo brasileiro, reconstruir o país e fazer novamente um Brasil de todos e para todos."

fonte: https://www.dw.com/pt-br/revoga%C3%A7o-democracia-responsabiliza%C3%A7%C3%A3o-os-destaques-dos-discursos-de-lula/a-64259144

 

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