Violência por parceiro íntimo é considerada um tipo de violência interpessoal que pode trazer diversos prejuízos às mulheres, afetando sua saúde mental, reprodutiva e sexual

 

 

Lucas Rochada CNN

em São Paulo


O risco de morte após notificação de violência interpessoal é 33% maior para mulheres pretas, pardas, amarelas e indígenas em comparação com mulheres brancas. Os dados são de uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que analisou mais de 100 mil casos de violência.

Especialistas analisaram a violência interpessoal com foco na Violência por Parceiro Íntimo (VPI) contra mulheres, relacionando as notificações realizadas pelos serviços de saúde com os registros de óbito. O estudo foi realizado pela pesquisadora Isabella Vitral Pinto durante seu doutorado no Programa de Pós-graduação em Saúde Pública. O

A violência por parceiro íntimo é considerada um tipo de violência interpessoal que pode trazer diversos prejuízos às mulheres, afetando sua saúde mental, reprodutiva e sexual. “As consequências da VPI acometem a condição de vida e saúde das mulheres, podendo contribuir para o aumento do risco de morte precoce”, diz Isabella, em comunicado.

Além disso, a pesquisadora aponta que esse tipo de violência também pode impedir o acesso das vítimas ao sistema de saúde. “A experiência dessa violência pode, por exemplo, afetar o cuidado com doenças crônicas e, ainda, dificultar o acesso das mulheres aos serviços de saúde”, pontua.

Vulnerabilidades sociais

A pesquisa demonstrou que, apesar de a violência por parceiro íntimo (VPI) atingir indivíduos de todas as classes e grupos raciais, mulheres pretas, pardas, amarelas e indígenas têm 33% mais chances de óbito após violência interpessoal do que mulheres brancas.

Para a pesquisadora da UFMG, esse resultado pode ser um reflexo do racismo estrutural presente na sociedade. A tese também originou um artigo que relaciona alguns aspectos sociodemográficos ao risco de óbito após VPI.

Os resultados mostraram que mulheres residentes de áreas rurais, de municípios de pequeno porte (menos de dez mil habitantes) e portadoras de alguma deficiência também tiveram maior chance de morte.

Para chegar a esses resultados, a pesquisa relacionou as notificações de violência registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e os dados de óbito registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Os estudos incluíram mais de 100 mil mulheres, de 15 a 59 anos, com notificação de violência interpessoal no período de 2011 a 2016.

Já os fatores associados à mortalidade foram traçados a partir da comparação entre o grupo de mulheres que tiveram óbito, por qualquer causa, com àquelas que permaneceram vivas, sendo que ambos os grupos apresentavam notificação de VPI.

De acordo com a pesquisadora, a violência por parceiro íntimo deve ser vista como um problema de saúde. Por isso, é necessário que os profissionais da área sejam capacitados para identificar as mulheres em situação de violência e realizar as notificações.

“No caso do setor saúde, a atuação dos profissionais alcança um elenco amplo de ações, desde o acolhimento com escuta qualificada, o cuidado integral considerando os diferentes níveis de atenção, a oferta de tratamentos adequados, a realização de encaminhamentos e o monitoramento dos casos”, ressaltou.

Para a especialista, o aprimoramento na qualificação dos profissionais pode contribuir para reduzir a subnotificação de casos. Ela destaca a necessidade constante de melhoria da qualidade do preenchimento das notificações, uma vez que algumas variáveis como escolaridade, violência de repetição e orientação sexual possuem alto percentual de não preenchimento.

“É urgente que os dados da saúde sejam utilizados para realizar o diagnóstico do perfil das mulheres com notificação de VPI, para articular o trabalho em rede com outros órgãos no enfrentamento do problema, bem como para traçar estratégias específicas para a proteção e garantia de direitos das mulheres com maior risco”, diz.

 

fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/mulheres-pretas-tem-maiores-chances-de-morte-por-violencia-interpessoal-diz-estudo/

 


Inscreva seu email

Cfemea Perfil Parlamentar

logo ulf4

Aborto Legal

aborto legal capa

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Cfemea Perfil Parlamentar

logo ulf4

Tecelãs do Cuidado - Cfemea 2021

Violência contra as mulheres em dados

Rita de Cássia Leal Fonseca dos Santos

Ministério do Planejamento
CLIQUE PARA RECEBER O LIVRO (PDF)

marcha das margaridas agosto 2023

Estudo: Elas que Lutam

CLIQUE PARA BAIXAR

ELAS QUE LUTAM - As mulheres e a sustentação da vida na pandemia é um estudo inicial
sobre as ações de solidariedade e cuidado lideradas pelas mulheres durante esta longa pandemia.

legalizar aborto

Artigos do Cfemea

Mulheres do Distrito Federal se preparam para receber a Marcha das Margaridas. Cfemea presente!

Dezenas de ativistas do Distrito Federal se reuniram em Plenária para debater e construir a Marcha das Margaridas. A marcha já é um dos maiores eventos feministas antirracistas do Brasil.

Congresso: feministas mapeiam o conservadorismo

Pesquisa aponta: só mobilização pode superar conservadorismo do Congresso. Lá, 40% alinham-se ao “panico moral”; 57% evitam discutir aborto; 20% são contra atendimento às vítimas e apenas um em cada cinco defende valores progressistas

Eleições: O “feminismo” de fundamentalistas e oligarcas

Candidaturas femininas crescem no país, até em partidos conservadores. Se o atributo de gênero perde marcas pejorativas, desponta a tentativa de passar ao eleitorado uma receita morna de “defesa das mulheres” – bem ao gosto do patriarcado

A pandemia, o cuidado, o que foi e o que será

Os afetos e o cuidar de si e dos outros não são lugar de submissão das mulheres, mas chave para novas lutas e processos emancipatórios. Diante do horror bolsonarista, sangue frio e coração quente são essenciais para enfrentar incertezas, ...

Como foi viver uma Campanha Eleitoral

ataques internet ilustracao stephanie polloNessa fase de campanha eleitoral, vale a pena ler de novo o artigo que Iáris Cortês escreveu uns anos atrás sobre nossa participação em um processo eleitoral

Dezesseis anos da Lei 11.340, de 07/08/2006, Lei Maria da Penha adolescente relembrando sua gestação, parto e criação

violencia contra mulherNossa Lei Maria da Penha, está no auge de sua adolescência e, se hoje é capaz de decidir muitas coisas sobre si mesma, não deve nunca esquecer o esforço de suas antepassadas para que chegasse a este marco.

Como o voto feminino pode derrubar Bolsonaro

eleicoes feminismo ilustracao Thiago Fagundes Agencia CamaraPesquisas mostram: maioria das mulheres rechaça a masculinidade agressiva do presidente. Já não o veem como antissistema. Querem respostas concretas para a crise. Saúde e avanço da fome são suas principais preocupações. Serão decisivas em outubro. (Ilustração ...

Direito ao aborto: “A mulher não é um hospedeiro”

feministas foto jornal da uspNa contramão da América do Sul, onde as mulheres avançam no direito ao próprio corpo, sociedade brasileira parece paralisada. Enquanto isso, proliferam projetos retrógrados no Congresso e ações criminosas do governo federal

As mulheres negras diante das violências do patriarcado

mulheres negras1Elas concentram as tarefas de cuidados e são as principais vítimas de agressões e feminicídios. Seus filhos morrem de violência policial. Mas, através do feminismo, apostam: organizando podemos desorganizar a ordem vigente

Balanço da ação feminista em tempos de pandemia

feminismo2Ativistas relatam: pandemia exigiu reorganização política. Mas, apesar do isolamento, redes solidárias foram construídas – e o autocuidado tornou-se essencial. Agora, novo embate: defender o direito das mulheres nas eleições de 2022

nosso voto2

...