A cerimônia foi realizada na última sexta-feira, 10 de fevereiro, e contou com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e das nove vencedoras desta 4ª edição do Prêmio

SBPC
 
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Foto: Jardel Rorigues/SBPC

Na véspera do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizou a cerimônia de entrega do 4º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, desta vez na categoria Meninas na Ciência, em São Paulo. Esta edição elegeu nove vencedoras, três na categoria Ensino Médio e seis na de Graduação. Cada vencedora recebeu um troféu, uma visita guiada ao Museu do Ipiranga, além de passagem aérea e hospedagem para que elas participem da 75ª Reunião Anual da SBPC, que este ano será realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba.

O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, ressaltou a importância do Prêmio Carolina Bori para reconhecer, agradecer e homenagear a participação das meninas e mulheres no universo científico, além de destacar a importância da diversidade na ciência. “A ciência precisa das mulheres e meninas para ampliar e diversificar as perspectivas. E acreditamos que o mundo precisa de ações afirmativas para ampliar os pontos de vista. Ficamos muito felizes de comemorar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência com essa premiação”, afirmou.

A vice-presidente da SBPC, Fernanda Sobral, que coordenou a avaliação do prêmio, também ressaltou a importância da diversidade na ciência. “Quando eu falo de diversidade, falo de diversidade de gênero, de áreas do conhecimento, de gerações e também de raça e etnias. Lidar com a diversidade é um exercício da democracia e é isso, de certa forma, que estamos promovendo aqui hoje”, salientou.

Sobral também destacou que a premiação concedeu ainda nove menções honrosas, além das vencedoras, sendo três do Ensino Médio e seis da Graduação. A entidade ainda irá conceder certificado, como forma de reconhecimento, para todas as estudantes finalistas.

Uma das juradas do concurso, Vanderlan Bolzani, membro do Conselho da SBPC e criadora do Prêmio Carolina Bori quando foi vice-presidente da entidade (gestão 2017-19), falou sobre a ideia da premiação além da necessidade de igualdade de gênero, frisando que isso só seria possível com atitudes, políticas públicas e trabalho em conjunto. “Quando levei a à Diretoria a sugestão de criar o prêmio, a ideia era justamente louvar as mulheres e cientistas do Brasil e incentivas os jovens talentos a seguirem esse nobre ofício”, comentou.

Ministra de CT&I reforça importância do prêmio como valorização de talentos

A cerimônia também contou com a participação da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, que lamentou a fuga de talentos brasileiros para o exterior e apontou a desigualdade de gênero na ciência. “No caso das mulheres, vemos com tristeza o abandono da carreira científica em decorrência de um sistema constituído por critérios de avaliação cujo desenho ainda é masculino. Como resultado, uma grande desigualdade no acesso das cientistas às bolsas de estudo e pesquisa”, afirmou.

“As consequências disso vão além dos prejuízos e da igualdade de direitos e oportunidades que defendemos. É uma questão de excelência. Ao perder talentos femininos, o País perde também a diversidade de olhares que enriquece a nossa produção de conhecimento”, acrescentou a ministra.

Elogiando o trabalho da SBPC e enaltecendo o valor da instituição para a sociedade brasileira, Santos destacou a importância do contato com a Ciência na juventude:

“Quero parabenizar todas as jovens cientistas que estão aqui, sobretudo por acreditarem na ciência. Se hoje estão aqui, foi porque escolheram o caminho da afirmação da ciência e não da negação da ciência. A pesquisa científica proporciona grandes emoções, porque faz com que a gente compreenda os fenômenos, a descoberta de uma solução, de um determinado desafio ou de um determinado problema, que se alcança de várias formas. Muitas de vocês viveram este momento durante a jornada científica que decidiram empreender ainda muito jovens.”

Engenheira eletricista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luciana Santos é a primeira ministra mulher na Pasta da Ciência, Tecnologia e Inovação. Ela afirmou ainda seu compromisso em construir uma política robusta para incentivar a ciência e a tecnologia entre as mulheres.

“É fundamental fortalecer os instrumentos que dispomos e avançar na construção e implementação de ferramentas capazes de democratizar e garantir a participação feminina, de forma permanente, nos ambientes de pesquisa e desenvolvimento. Vamos enfrentar a desigualdade de gênero que ainda define a distribuição de bolsas de estudo e pesquisa e avançar na inclusão das cientistas e pesquisadoras pretas. Se conseguirmos ampliar o acesso dessas mulheres à universidade, ainda há muito o que fazer para que tenham seus talentos reconhecidos na ciência”, disse.

A premiação

A SBPC recebeu indicações de 446 candidatas de 223 instituições de todas as regiões do País. Foram 126 indicadas para a categoria Ensino Médio e 320 para a Graduação, categoria subdividida entre três grandes áreas do conhecimento: Biológicas e Saúde (126), Engenharias, Exatas e Ciências da Terra (103) e Humanidades (91).

“Tivemos um aumento de 56,49% no total de indicações nessa edição ao compararmos com a edição de 2020. Em graduação tivemos uma alta de 63,26% e ensino médio de 41,57%”, comentou Miriam Grossi, diretora da SBPC, que mostrou alguns números comparativos entre a 2ª edição da premiação com a atual. Realizado anualmente desde 2019, o prêmio alterna a cada ano as categorias Mulheres Cientistas e Meninas na Ciência.

“Na edição de 2020 tivemos indicadas de 18 estados. Este ano foram de 24 estados. Estamos quase lá com indicações de todo o Brasil”, comemorou.

As protagonistas

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Foto: Jardel Rodrigues/SBPC

As jovens cientistas agraciadas com o 4º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” aproveitaram a oportunidade da cerimônia para ressaltar o papel da SBPC no reconhecimento das mulheres na ciência, além de agradecer os incentivos recebidos por seus familiares e orientadores.

Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Camily Pereira dos Santos foi a primeira estudante a ser homenageada. De Osório (RS), a aluna do curso técnico em Informática Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul recebeu prêmio pelo projeto “Desenvolvimento de material biodegradável para absorventes femininos”.

“Foi a primeira vez que eu me deparei com a questão da pobreza menstrual, e jamais imaginaria que ela estaria tão próxima de mim e da minha família. A partir desse momento, eu comecei a pensar: ‘ah, e se houvesse um absorvente que, além de ser ecológico, fosse também acessível a mulheres em vulnerabilidade? E o que eu, uma então aluna do ensino médio, poderia fazer frente a esse problema?’”, ponderou.

“O prêmio vai além do reconhecimento, e eu represento a minha escola e a minha cidade. É muito significativo eu representar a ciência jovem brasileira feita em escola pública”, destacou a jovem.

Gabriely Santos Souza, mais conhecida como K7, estudante do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, localizado em Brasília, também ressaltou o apoio dos pais e de seu professor Marcelo Lucas de Araújo Brito. “Esse prêmio não é só meu. Ele é também do grupo de teatro do qual faço parte e do meu professor e diretor Marcelo Lucas de Araújo Brito, que me apresentou o mundo da dramaturgia. Com ele, descobrimos que não se falava de ciência no teatro, principalmente para as crianças” contou.

Isabelle Almeida Novais, estudante da Escola Estadual Fernão Dias Paes, de São Paulo, além de apontar a sua rede de apoio, destacou o papel da SBPC na ciência. “Depois de tempos difíceis para a ciência, hoje a gente consegue enxergar um futuro no qual as mulheres estão inseridas”, disse. Ela foi premiada pelo trabalho “A influência da infraestrutura dos hospitais públicos na realização do diagnóstico da mielomeningocele fetal”.

Além de agradecer seus apoiadores, Amanda Guimarães Melo, graduanda em Matemática na Universidade Federal do Sergipe (UFS), disse que foi uma honra ser uma das ganhadoras da 4ª edição do Prêmio Carolina Bori e representar a área Engenharias, Exatas e Ciências da Terra, onde o número de homens é tradicionalmente maior do que o número de mulheres. “Eu desejo que mais meninas se sintam motivadas a participar do universo científico, principalmente na área de exatas”, disse ela, que se destacou com o trabalho “Equação de Logística Fracionária”.

Sara Lüneburger, formada em Química pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), também ganhadora da área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra, por sua vez, evidenciou o papel da universidade pública em sua trajetória. “Eu quero agradecer à universidade pública, gratuita e de qualidade. Sem ela eu não estaria aqui. Sem ela eu não teria alcançado o que eu alcancei e não teria desenvolvido meu projeto. Se eu estou aqui, é porque foram ofertadas oportunidades a mim e eu gostaria que essas oportunidades chegassem a um número maior de pessoas para que mais ciência seja desenvolvida”, disse ela, que ganhou o prêmio pelo projeto “Biodiesel production from Hevea Brasiliensis seed oil”.

Anita de Souza Silva, graduada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), uma das vencedoras na área de Biológicas e Saúde, salientou o papel da SBPC por incentivar a dar visibilidade ao papel das mulheres na ciência. Ela ganhou destaque com o projeto “Diagnóstico da Leishmaniose Visceral em cães e percepção dos tutores de cães e gatos sobre a doença”.

“Queria agradecer especialmente a minha orientadora, a professora doutora Roseane Nunes de Santana Campos, que sempre foi uma grande incentivadora. Ela foi minha orientadora na graduação e segue agora me orientando no mestrado, onde vou seguir na mesma linha de pesquisa trabalhando com doenças tropicais negligenciadas”, disse Silva.

Já Ariane Leite do Nascimento, graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), também vencedora na área de Biológicas e Saúde, agradeceu as mulheres que abriram caminho para o reconhecimento feminino na ciência. Ao falar sobre o projeto que a destacou, intitulado “Botânica sempre viva”, frisou que o objetivo de ela e de seu grupo é deixar a botânica mais acessível. “A botânica, embora seja uma área muito importante na biologia, ainda é negligenciada. Estamos falando de seres vivos que compõem mais de 80% da biodiversidade do planeta e que não são ‘tão levados a sério’. Esse projeto foi desenvolvido com materiais didáticos gratuitos e voltados para o ensino médio. Acreditamos que é pela educação que a gente vai transformar esse olhar pela botânica”, disse.

Alessandra Stefanello, graduanda de Letras na Universidade Federal de Santa Maria, vencedora na área de Humanidades, citou que seus pais são agricultores familiares, no interior em um município de 6 mil habitantes, e foi por amar a terra que resolveu o tema para sua vida acadêmica. Ela foi premiada pelo trabalho “Um outro olhar para a língua: a posse da terra e o direito à propriedade”.

Ao repensar sua trajetória, Denise Barrozo de Paula, graduada de Psicologia na Universidade Municipal de São Caetano do Sul, uma das vencedoras a área de Humanidades, por seu estudo sobre representação de meninas negras na literatura, disse que foi através da pesquisa que se tornou realmente uma mulher negra de fato. “Foi através da pesquisa que eu entendi o que eu podia fazer na sociedade enquanto pessoa negra e pesquisadora”, contou.

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Foto: Jardel Rodrigues/SBPC

Pais e professores comemoram conquistas

Para a professora Jaqueline Mendes de Almeida, que orientou Isabelle Almeida Novais no estudo sobre como a infraestrutura de hospitais públicos pode afetar no diagnóstico de malformações fetais, o que impressionou foi a estudante já ter toda a sua pesquisa definida em sua cabeça. O trabalho da educadora veio mais como orientações no processo, conforme relata: “Trabalhar com a Isabelle foi muito fácil, ela já tinha uma pesquisa em mente. É impressionante, porque na graduação, a pessoa já pensa numa pesquisa, mas no ensino médio é muito raro, principalmente sem um estímulo. Quando ela me comunicou da pesquisa, eu falei: ‘bom, você pode começar com uma iniciação científica’, e aí eu a incentivei, mas ela fez tudo praticamente sozinha.”

Ao ver a menina com o prêmio em mãos, a educadora não segurou o orgulho. “Olha, é uma das maiores emoções que eu tive como professora até hoje. Porque muita gente sofreu para que este prêmio pudesse ser construído e eu espero que a Isabelle, no futuro, construa um espaço para outras [meninas cientistas] surgirem”, ponderou.

Mãe da jovem Alessandra Stefanello, que trouxe outro olhar para a língua sobre a posse da terra e o direito à propriedade, Elizabeth Stefanello afirmou que as emoções vieram já na divulgação do prêmio:

“Ah, foi muito orgulho para nós. Estávamos eu e o meu marido em casa, aí ela ligou e disse ‘Pai, tenho uma novidade, fui premiada em São Paulo, eu tenho que ir e a mãe está convidada pra ir junto. Eu vou’. Aí nós choramos”, contou.

E para Sebastião Gomes do Nascimento, que viu a filha Ariane Leite do Nascimento subir no palco e pegar seu troféu, a emoção transboroua: “Olha, rapaz, receber esse prêmio aqui na USP Maria Antônia, um prêmio da SBPC, com o professor Renato [Janine Ribeiro], a ministra da Ciência e essa banca que concedeu este prêmio a ela, é muita emoção pra gente. É uma dedicação dela, que está mostrando pra gente que estuda um conteúdo importante. Obrigado à SBPC e que ela vá pra frente!”

Veja aqui a cerimônia na íntegra.

Vivian Costa e Rafael Revadam – Jornal da Ciência

fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/sbpc-entrega-premio-carolina-bori-para-meninas-cientistas-2/

 

Museu do Ipiranga convida futuras cientistas a repensar o passado

 

    As nove vencedoras do 4º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” visitaram o local no último sábado, com integrantes da Diretoria da SBPC e a ministra da CT&I, Luciana Santos

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    Foto Pedro Pinheiro – MCTI

    As nove vencedoras do 4º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” participaram de uma visita guiada no dia 11 de fevereiro – Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência – ao Museu do Ipiranga. A visita foi parte da homenagem que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) prestou às futuras cientistas, em parceria com o Museu Paulista. A visita contou com a participação de integrantes da Diretoria da entidade e da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.

    Ao lado dos integrantes da Diretoria da SBPC, dentre eles o presidente e os vice-presidentes da entidade, respectivamente, Renato Janine Ribeiro, Fernanda Sobral e Paulo Artaxo, da presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, e das jovens cientistas premiadas, a ministra conheceu as novas instalações e visitou a exposição temporária “Memórias da Independência”.

    Para Luciana Santos, museus como o do Ipiranga são fundamentais para a compreensão dos conceitos que formam um país. “Essa visita ao Museu do Ipiranga tem essa dimensão. E o MCTI tem todas as condições de fazer uma articulação com o Ministério da Cultura para ampliar equipamentos como esse”, declarou a ministra. “Além dos aspectos relacionados às ciências humanas, o restauro de obras requer especialistas das mais diversas áreas do conhecimento”, acrescentou.

    Paulo Garcez, docente e curador do Museu do Ipiranga, que orientou o grupo na visita, ressaltou que o museu tem se direcionado atualmente a um público mais amplo e diversificado e por isso tem como missão abordar a cultura material resistente no Brasil para entender e melhorar a sociedade. “São 12 exposições que nós procuramos colocar aos nossos sujeitos sociais a multiplicidade brasileira, a diversidade do nosso povo em questão a partir de acervos diversos (novos e antigos), convidando as pessoas a pensarem sobre a nossa realidade, sobre os desafios para o futuro, além de aprender e compreender como o passado pode auxiliar a seguir novos caminhos”, afirmou.

    Garcez ressaltou ainda que um dos desafios do Museu é a revisão de personagens históricas que foram cultuadas durante muitas décadas, como é o caso dos Bandeirantes. “Hoje essas pessoas são muito mais criticadas do que eram, obviamente, há 100 anos. Hoje há muitos movimentos sociais que enfaticamente colocam essas construções memoriais em discussão. E nós fazemos parte desse esforço de entender que as construções sobre o passado são sempre construções que devem ser colocadas em discussão, podem ser revistas, criticadas e um museu de história é um bom lugar para nós refletirmos como o passado é recontado”, explicou.

    Para Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, a visita atendeu à proposta da entidade de conhecer um museu tão emblemático da Independência do Brasil, além de lembrar as ações da entidade em comemoração ao Bicentenário. “O governo passado, por razões ideológicas, não prestigiou a Independência do Brasil nos seus 200 anos. Mas a SBPC tem desenvolvido uma série de atividades relativas ao Bicentenário da Independência que se iniciaram com uma ‘virada’ em setembro de 2021, entre outras discussões. Acreditamos que é preciso pensar o passado para construirmos o futuro e por isso, debates em torno da Independência é muito importante para a SBPC”, comentou.

    Janine Ribeiro destacou a exposição do Museu que traz as diferentes lutas pela Independência. “Lembrando que em março vamos comemorar a Batalha do Jenipapo (um dos confrontos mais sangrentos da Guerra da Independência do Brasil, ocorrido no dia 13 de março de 1823, às margens do rio de mesmo nome na vila de Campo Maior, no Piauí), com a realização da nossa Reunião Regional no Piauí.”

    A vice-presidente da SBPC, Fernanda Sobral, que coordenou a avaliação do prêmio, destacou também os questionamentos sobre as versões oficiais dos acontecimentos históricos. “A visita foi maravilhosa. Vimos as interpretações clássicas da nossa história, mas com possibilidade de reinterpretações na atualidade.”

    Denise Barrozo de Paula, graduada de Psicologia na Universidade Municipal de São Caetano do Sul, São Paulo, e uma das vencedoras da área de Humanidades, por já conhecer o museu antes da reforma, disse que se surpreendeu com a nova proposta. “Pelas lembranças que eu tinha, melhorou muito. Me surpreendi porque não havia a explicação de algumas obras como atualmente. Um dos exemplos são as obras que retratam os bandeirantes. Antes, o museu não nos convidava a pensar o que estava por trás das obras. Hoje o local se atualizou, trazendo um novo olhar, um contraponto, sem deixar o que faz parte da história, mas fazendo a gente pensar quais são as narrativas existentes e que há outras visões. O museu está muito mais verdadeiro e acolhedor. Me senti mais identificada com a história, sabendo que há outras percepções além do colonizador”, salientou.

    Gabrielly Santos Souza, estudante do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, uma das vencedoras do Ensino Médio pelo projeto “Biodiversidade, ciência e juventude negritude, política e protagonismo juvenil”, concorda com Paula que a discussão sobre o passado é fundamental. “Esse novo olhar foi uma das grandes surpresas da visita. Eu gostei de pensar sobre as novas narrativas sobre o nosso passado” disse.

    Isabelle Almeida Novais, estudante da Escola Estadual Fernão Dias Paes, também vencedora no Ensino Médio, destacou a companhia do professor Garcez à visita. “Para mim a companhia do docente explicando os acontecimentos históricos de forma aprofundada, mostrando as diferentes faces por trás da “Independência do Brasil”, que é formada não só por um fato isolado como o que eu vi nos livros, mas por um conjunto de memórias, foi enriquecedor. Os documentos e obras do museu não estão colocados como uma forma de verdade absoluta, o que faz com que os visitantes se coloquem em uma posição crítica. Esse tipo de visita deveria ser mais explorado no ambiente escolar, por estimular uma aprendizagem ativa, que não dependa somente de textos explicativos em uma apostila, mas dos diversos fragmentos de memórias que são responsáveis pela visão que temos hoje acerca da história”, disse.

    Alessandra Stefanello, graduanda de Letras na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), uma das vencedoras da área de Humanidades pelo trabalho “Um outro olhar para a língua: a posse da terra e o direito à propriedade”, disse que a visita reforça sua motivação a questionar as versões da História. “Tem algo no meu trabalho que é questionar a constituição vigente e do que entendemos do que é História. E ali (no museu) eu pude entender questões que atravessam a minha pesquisa. Ouvir o professor Garcez me deixou mais confortável em questionar, em tentar entender o que de fato aconteceu no Brasil. E isso me motiva a fazer o mesmo. Claro em outra área, de outro modo, mas (ciente) de que a História é passível de ser questionada”, afirmou.

    Ariane Leite do Nascimento, graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), vencedora na área de Biológicas, e Camily Pereira dos Santos, estudante do curso Técnico em Informática integrado do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, uma das vencedoras do Ensino Médio, disseram que a visita as deixou mais reflexivas. “As exposições nos convidam a olhar o passado e pensar como queremos o futuro do País”, disse Nascimento. Santos, destacou que além da arquitetura, ficou impressionada com as obras de arte, da maneira com elas representavam a realidade de um povo.

    Amanda Guimarães Melo, graduanda em Matemática na Universidade Federal do Sergipe (UFS), e Sara Lüneburger, formada em Química pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), vencedoras na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra, ressaltaram que a visita foi uma experiência inesquecível e de muito aprendizado.

    Lüneburger comemorou também a proposta do Museu de retratar a história do Brasil com outros olhares. “É muito importante ver os esforços da instituição em retratar uma história mais real, mais diversa. E isso é muito válido”, concluiu.

    Vivian Costa – Jornal da Ciência

    fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/museu-do-ipiranga-convida-futuras-cientistas-a-repensar-o-passado/

     

    Cresce número de mulheres cientistas no Brasil

      Jornal da Ciência - SBPC

      O JCN lançou uma nova seção, o Especial da Semana, que propõe uma reflexão sobre um assunto de destaque na imprensa nacional e internacional. Nesta semana, o tema é o Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência, instituído pela Unesco e celebrado todo 11 de fevereiro

      A SBPC reuniu nessa quarta-feira as sociedades científicas a ela afiliadas, que são mais de 170 (compareceram cerca de 110), numa reunião virtual para discutir os rumos da ciência e tecnologia no País. Presentes, a nosso convite, os presidentes do CNPq, o cientista Ricardo Galvão, e da FINEP, o ex-ministro Celso Pansera.

      O professor Ricardo Galvão apresentou dados das bolsas do CNPq, destacando-se uma lâmina (que divulgaremos depois que ele a repassar a nós) que mostra que há mais homens do que mulheres entre os Bolsistas de Pesquisa do CNPq, mas que a partir do doutorado o número de mulheres supera o de homens, com leve vantagem no caso das doutorandas, mas com uma diferença significativa que vai crescendo à medida que tratamos das pessoas mais jovens – no caso das bolsas de Iniciação Científica, a população feminina é nitidamente maior do que a masculina.

      Este é um sinal importante do crescimento da participação feminina na ciência. No dia da entrega do Prêmio Carolina Bori às meninas cientistas, só podemos nos alegrar com esta expansão. Parabéns, meninas, parabéns, mulheres!

      Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC

       

      Veja abaixo as notícias do Especial da Semana – Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência:

      Folha de S. Paulo, 31/12/2022 – Mulheres são maioria dos cientistas no Brasil, mas quase nunca chegam ao topo

      Lunetas, 03/11/2022 – Meninas da Amazônia ajudam a escrever o futuro da ciência

      New Scientist, 11/01/2023 – Homens devem superar mulheres em física até o ano de 2158

      RTE, 11/10/2022 – Mais adolescentes considerando carreiras STEM

      Nature, 19/01/2023 – Maior estudo de editores de periódicos dos últimos tempos destaca a ‘autopublicação’ e a diferença de gênero

      Universa – UOL, 04/12/2022 – Computação da USP era dominada por mulheres; por que elas desapareceram?

      Vermelho, 15/01/2023 – Ministra quer estimular meninas cientistas com bolsas

      Nature, 27/01/2023 – Uma chamada para criar equidade de financiamento para mães-pesquisadoras

      Science, 26/10/2022 – Disparidades raciais e de gênero nas publicações começam cedo para médicos e cientistas

      Science, 13/10/2022 – Pesquisadoras são menos citadas que os homens. Aqui está o porquê – e o que pode ser feito sobre isso

      The Wired, 31/01/2023 – Mulheres árabes na ciência: sem apreensão ou medo

      Science, 23/01/2023- Mulheres cientistas do famoso instituto de oceanografia dos EUA têm metade do espaço de laboratório dos homens

      Nature, 21/11/2022 – Espaço seguro: grupos online apoiam mulheres na tecnologia

      Jornal da USP – Mulheres na Ciência: pesquisadoras da USP são homenageadas em livro e documentário

      The Conversation, 08/02/2023 – Preconceito, salários baixos e a ‘coleira urinária’: nomeando e reivindicando as mulheres cientistas esquecidas da Austrália

       

      fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/cresce-numero-de-mulheres-cientistas-no-brasil/


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