Quase lá: No feriado de Tiradentes, única mulher que participou da Inconfidência Mineira é homenageada

Hipólita Jacinta Teixeira de Melo terá uma lápide no Museu da Inconfidência. A imagem da única mulher inconfidente de que se tem notícia é absolutamente desconhecida. Para os pesquisadores, é como se a história dela tivesse sido apagada.

Por Jornal Nacional


No dia da Inconfidência Mineira, uma mulher ganhou destaque nas comemorações

No Dia da Inconfidência Mineira, uma mulher ganhou destaque nas comemorações em Ouro Preto.

A cerimônia oficial de tiros abriu as comemorações no centro histórico de Ouro Preto.

O personagem central da Inconfidência Mineira é Joaquim José da Silvia Xavier, o Tiradentes - considerado o líder do movimento de independência e que lutou contra os altos impostos cobrados pela Coroa portuguesa.

Mas, em 2023, outra personalidade ganha destaque nas homenagens: Hipólita Jacinta Teixeira de Melo. A participação de uma mulher à frente da revolta começou a ser estudada há 13 anos e, agora, o público vai conhecer essa história. Hipólita terá uma lápide no Museu da Inconfidência, ao lado de outros 16 inconfidentes, todos homens.

 
“Ao introduzir a lápide de uma mulher, você tem também um impacto de mudança na mentalidade. Ou seja, as mulheres tiveram, desempenharam, um protagonismo em momentos importantes da nossa história, e isso precisa ser contado”, afirma Alex Calheiros, diretor do Museu da Inconfidência.

Hipólita pertencia a uma das famílias mais ricas de Minas no Século XVIII. Mas, até hoje, não foi encontrado nenhum desenho oficial ou pintura com o rosto dela. A imagem da única mulher inconfidente de que se tem notícia é absolutamente desconhecida. Para os pesquisadores, é como se a história dela tivesse sido apagada.

A professora Heloisa Starling pesquisou sobre Hipólita. Ela conta que uma carta foi escrita pela inconfidente ordenando a resistência armada quando Tiradentes foi preso.

“Ela fez a coisa, a ação mais proibida para a mulher, que é entrar na cena política e se apresentar com voz pública. Por isso, me parece que a repressão, a forma da repressão, é apagar. Ela não existiu. É o esquecimento. Ela pagou um preço alto por ser a mulher valente que ela foi”, diz a historiadora da UFMG.

Dar forma a esta mulher foi uma missão para o estilista Ronaldo Fraga. O estandarte, todo bordado, ajuda a contar parte deste capítulo tão simbólico da história do Brasil.

 
“Não se sabe se era magra, se era gorda, cor do cabelo, nada. Ficaram os feitos. E, nesse caso, quando eu recebi esse desafio falei: vamos vê-la de costas, sinalizando para nós em qualquer tempo aquilo que nós não podemos perder de vista, que é a luta pela liberdade”, conta Ronaldo Fraga.

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