3° ENCONTRO NACIONAL DE MULHERES NEGRAS (ENMN) - 2001

Realizado entre os dias 26 e 29 de julho de 2001, em Belo Horizonte (MG), reuniu 400 participantes com o intuito de retomar a discussão sobre a organização das mulheres negras em sua pluralidade. Faltava um mês para a 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas (Durban/ agosto de 2001). O evento foi organizado pelo Fórum Nacional de Mulheres Negras com o apoio do CNDM e do CFEMEA.

O 2º ENMN tinha acontecido dez anos antes (1991) em Salvador (BA) e contou com 430 mulheres de 17 estados. Naquele momento, o desafio era formar uma Rede Nacional de Mulheres Negras, constituída por organizações autônomas e por mulheres de diferentes setores e que discutisse questões de gênero, raça e classe social em interlocução com o movimento negro e com o movimento feminista solidário no antirracismo. A falta de homogeneidade política foi identificada como entrave a esta organização em nível federativo, mas isto não impediu a dinamicidade no intervalo 1991-2001.

Ao contrário, neste período organizações de mulheres negras trabalharam na realização de seminários nacionais e outros eventos de sustentação à agenda das mulheres negras formulando propostas sobre educação antirracista, combate à violência sexista e racial, legalização do aborto, ações no serviço público de saúde como a introdução do quesito cor nos formulários de saúde e atenção à realidade específica da mulher negra no PAISM, além de medidas em relação à anemia falciforme e abordagem específicas frente a doenças que incidem mais na população negra como hipertensão e miomatoses.

Às vésperas de Durban, o 3º ENMN foi um espaço importante em uma conjuntura efervescente para a militância negra no sentido de incentivar a ação de grupos e núcleos e sua organização em fóruns estaduais. O Encontro permitiu a visualização dos conflitos políticos e o reposicionamento da crítica aos movimentos negro e feminista pela invisibilidade dada às questões específicas das mulheres negras. Por fim, foi fundamental como reforço ao acompanhamento pelas mulheres negras das estratégias e ações desenvolvidas no contexto da Conferência de Durban.