Toda a mulher que denuncia violência de gênero tem sua vida exposta, enquanto os homens ficam protegidos pela ideia de calúnia e da difamação. As mulheres ficam fragilizadas, são contra-argumentadas, difamadas, levadas de uma situação de vítimas da violência à culpadas por "estragar a vida de um homem”, enquanto ninguém, de fato, a não ser nós mesmas, se preocupa com a vida, com a saúde e com a integridade da mulher denunciante.

marcha mundial mulheres 750x410

JUSTIÇA PARA ARIANE E PARA TODAS QUE SOFREM VIOLÊNCIA


A MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES vem a público manifestar sua total solidariedade e apoio à companheira Ariane Leitão, militante feminista que atua nas nossas fileiras e que tem uma trajetória longa e reconhecida no combate às violências sexistas.

Ariane, que já foi Secretária Estadual das Mulheres no RS e coordenou a Força Tarefa Interinstitucional de Combate aos Feminicidios, denunciou um militante de seu partido (denunciado Gilson Gruginske) por estupro, ocorrido num encontro entre colegas que atuavam na Assembléia Legislativa do Estado do RS.

O inquérito está em andamento e, após superada esta fase, esperamos o indiciamento, a denúncia crime e o desenrolar do processo judicial para responsabilização do denunciado (cuja defesa, como preconiza a lei, será, certamente, amplamente garantida pelo Judiciário).

A MMM considera que a exposição do nome de ambos os envolvidos equaliza o processo de denúncia, já que a maioria das manifestações sobre casos de assédio e de estupro apenas expõem as mulheres que "ousam denunciar", enquanto os denunciados seguem suas vidas como se nada tivesse acontecido.

Toda a mulher que denuncia violência de gênero tem sua vida exposta, enquanto os homens ficam protegidos pela ideia de calúnia e da difamação. As mulheres ficam fragilizadas, são contra-argumentadas, difamadas, levadas de uma situação de vítimas da violência à culpadas por "estragar a vida de um homem”, enquanto ninguém, de fato, a não ser nós mesmas, se preocupa com a vida, com a saúde e com a integridade da mulher denunciante.

Sem estruturas e equipamentos estatais que dêem conta do tamanho do problema, temos de buscar amparo e cuidado particular. Não há Estado, empresa, partido, agremiação, sindicato ou Judiciário que nos dê suporte, porque toda a estrutura misógina e patriarcal - estruturalmente enraizada em todos estes espaços - se volta contra nós e é neste momento que também nossas famílias sofrem parte do abuso que vivenciamos.

Muitas vítimas perdem seus empregos, sofrem afastamento social, têm suas vidas, saúde e finanças devastadas por causa da denúncia. Isso, além de revitimizar as agredidas, poupa os agressores, numa relação desigual e extremamente injusta, recaindo exclusivamente sobre as mulheres todo o julgamento moral da exposição pública.

Entendemos que nenhuma mulher se coloca como vitima de violência sexual e de estupro, sem que tenha sido, de fato, violentada. A PALAVRA DA VÍTIMA PARA NÓS TEM TODO VALOR! Nosso papel é escutar e acolher as mulheres, nunca duvidar de suas denúncias e, principalmente, estar ao seu lado cuidando para que não sejam criadas versões diferentes dos fatos ocorridos e por elas relatados.

Sabemos que historicamente o patriarcado ignora, invisibiliza, menospreza a palavra das mulheres. Somos nós, e apenas nós, que, ao acolhermos outras mulheres, validando suas narrativas, desequilibramos o jogo do patriarcado! Porque nós sabemos que toda vez que um agressor é protegido mais mulheres se tornarão suas vítimas! Os fatos e os números nos mostram isto!

Por isso a MMM reafirma: NÓS ACREDITAMOS NA TUA DENÚNCIA, ARIANE! NÓS CONFIAMOS NA TUA PALAVRA E TE APOIAMOS!

Continuaremos ao lado de Ariane e de todas as mulheres que decidam denunciar, buscando os meios para preservar a saúde física e mental de nossas companheiras, punir os agressores e varrer as violências de gênero de todos os espaços, em especial dos espaços domésticos, de trabalho e da política. Jamais seremos silenciadas!


SE TEM VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER A GENTE METE A COLHER!

MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS!

SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!


Porto Alegre, 5 de abril de 2024 - Marcha Mundial de Mulheres

Leia também:

‘Demorei para aceitar que fui vítima de estupro’, diz ex-secretária de Políticas para Mulheres do RS

 


Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

Cfemea Perfil Parlamentar

Violência contra as mulheres em dados

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Estudo: Elas que Lutam

CLIQUE PARA BAIXAR

ELAS QUE LUTAM - As mulheres e a sustentação da vida na pandemia é um estudo inicial
sobre as ações de solidariedade e cuidado lideradas pelas mulheres durante esta longa pandemia.

legalizar aborto

Veja o que foi publicado no Portal do Cfemea por data

nosso voto2

...