Quase lá: 'Mulheres nos espaços de poder, sim, com poder de decisão', defendem sindicalistas do RS

'Mulheres nos espaços de poder, sim, com poder de decisão', defendem sindicalistas do RS

Cerca de 90 lideranças sindicais feministas definiram a pauta que será levada ao 16º Congresso Estadual da CUT/RS

Brasil de Fato | Porto Alegre |
 

O Encontro Estadual de Mulheres Trabalhadoras da CUT/RS definiu a pauta que será levada para o 16º Congresso Estadual da Central - Divulgação

 

O Encontro Estadual de Mulheres Trabalhadoras da CUT/RS aconteceu no sábado (20) e reuniu cerca de 90 lideranças sindicais no auditório do SindBancários, no Centro Histórico de Porto Alegre.

Conforme explicou a secretária da Mulher Trabalhadora da central sindical, Mara Weber, o encontro definiu uma pauta do movimento sindical feminino e que será levada para o 16º Congresso Estadual da CUT/RS, que está marcado par o primeiro final de semana de agosto.

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“Tivemos uma grande escuta das mulheres, de trabalho remunerado ou não, e construímos juntas uma pauta para que sejamos ouvidas nos territórios, nas entidades sindicais, nas lutas, nas negociações coletivas e nos espaços de poder e decisão”, afirmou Mara.

A pauta foi definida a partir de grupos de trabalho realizados durante o encontro, organizando as mulheres em grupos de macrossetores, como indústria, comércio e serviços, transporte, serviço público, saúde, agricultura familiar, setor financeiro e educação, além das participantes do Projeto CUT com a Comunidade.


A economista Lúcia Garcia, que trabalha há 32 anos no Dieese fez uma exposição sobre “o trabalho na vida das mulheres”, refletindo sobre o conceito de trabalho e a crise da sociedade capitalista / Divulgação

Após, os grupos se reuniram novamente no auditório para apresentar as conclusões, que apontaram questões como assédio sexual e moral no trabalho, nos sindicatos e na sociedade, machismo estrutural e sobrecarga de trabalho, dentre outras.

As mulheres apontaram várias propostas do que fazer e como fazer para mudar o mundo do trabalho pela visão das mulheres, como combate ao assédio e à violência, equidade de gênero, valorização do trabalho, revogação do Novo Ensino Médio, educação de qualidade, defesa do SUS, direito ao lazer e formação política. Todas as propostas foram sistematizadas para envio à Executiva da CUT/RS e posterior encaminhamento para debate no 16º CECUT.

Diversidade que fortalece

A dirigente sindical Mara Weber ainda lembrou que a CUT/RS está distribuindo, junto de diversos sindicatos e federações, o gibi "Mexeu com uma, mexeu com todas". Já foram impressos e enviados às bases mais de 60 mil exemplares, sendo que a história em quadrinhos pode ser acessada gratuitamente pela internet.

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Participaram do evento mulheres trabalhadoras representantes de diversas categorias e ramos de atuação, urbanas e rurais, dos setores público e privado. Também participaram mulheres do Projeto CUT com a Comunidade.


Todas as propostas foram sistematizadas para envio à Executiva da CUT/RS e posterior encaminhamento para debate no 16º CECUT / Divulgação

Segundo a secretária-geral da CUT/RS, Vitalina Gonçalves, o encontro evidencia a necessidade de “escutar as mulheres para que possamos fazer a nossa luta de emancipação, abrindo espaços para garantir paridade de fato na CUT e na sociedade”. Também destacou a pluralidade das mulheres que participaram, afirmando que essa diferença faz mais forte a luta sindical.

"Enquanto não tivermos uma sociedade radicalizada feminista, não teremos igualdade e justiça social”, apontou. “Mulheres nos espaços de poder, sim, com poder de decisão”, completou Vitalina.

O trabalho na vida das mulheres

economista Lúcia Garcia, que trabalha há 32 anos no Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), fez uma exposição sobre “o trabalho na vida das mulheres”, refletindo sobre o conceito de trabalho e a crise da sociedade capitalista.

Ela frisou que “é preciso ir além dos limites do mercado de trabalho”, destacando que “trabalho é toda ação humana que gera sobrevivência”. Ou seja, “trabalho é tudo o que a gente faz e nós trabalhamos sempre. Trabalho não é somente o que eu faço na metalurgia ou na refinaria. É o ovo que eu frito, é a criança que eu cuido, é o pai e a mãe que eu cuido, é estar tricotando, é estar na horta, é estar fazendo absolutamente tudo”, explicou.

Assista em  https://www.facebook.com/watch/?v=120958697664793

Lúcia salientou os formatos do trabalho: os afazeres domésticos, os cuidados, os trabalhos voluntários (no sindicato, na associação, no partido, na igreja), os trabalhos de autoprodução (quando se produz algo que a pessoa ou a família irão consumir).

Segundo ela, só um trabalho realizado para o mercado ou para alguém a troco de dinheiro, que gera renda, “é o único que infelizmente dá cidadania. Todos os outros trabalhos são invisibilizados”.

A especialista comparou a sociedade capitalista a um iceberg. “Há uma ação orquestrada para olhar apenas o que está acima da linha do oceano para enxergar somente uma parte da sociedade”, disse, observando que “muitas vezes esse discurso copta lideranças populares e sindicais”.

Conforme Lucia, “a economia capitalista só funciona crescendo”, frisando que, quando isso não acontece, entra em crise. Ela alertou que “está aumentando o tempo de trabalho não pago”.

“A única saída é coletiva. O que fazer e como fazer? Nós temos que saber para onde chegar. Vamos debater”, concluiu a economista.

* Com informações da CUT/RS

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko

fonte: https://www.brasildefato.com.br/2023/05/22/mulheres-nos-espacos-de-poder-sim-com-poder-de-decisao-defendem-sindicalistas-do-rs

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