Guacira Cesar de Oliveira
Socióloga, fundadora e diretora colegiada do CFEMEA
Em pouco mais de uma década, a sociedade reviu e superou conceitos e preconceitos sobre as mulheres, a sexualidade, a igualdade e as diferenças, a partir das elaborações e das afirmações feitas pelo feminismo. Hoje, homens e mulheres, seja na administração pública ou nos movimentos sociais, na mídia ou nos partidos políticos, em várias partes já estão familiarizados com questões sobre os Direitos Humanos das Mulheres, ou para transversalizar a perspectiva de gênero nas políticas públicas.
O CFEMEA, nos seus 15 anos de vida, tem participado ativamente destes processos de transformações radicais produzidas a partir do feminismo para toda a humanidade. Nas articulações políticas, tanto em Brasília - cidade onde está a nossa sede - como em nível nacional, latino-americano e global, pusemos o melhor das nossas energias no esforço coletivo de fazer rolar a roda da história, na direção da justiça e da igualdade. Colocamos, como prioridade zero, as estratégias de comunicação. Encaramos o desafio de nos comunicarmos com um universo plural, onde os objetivos, metas, formas de atuação e temáticas são muito distintas.
As organizações e pessoas com as quais conectamos - nós com elas, elas conosco, umas com as outras - vivem sob condições muito diferenciadas. O espectro vai desde a trabalhadora rural no Baixo Amazonas, passando por uma ativista feminista carioca, e até uma senadora da República. E as estratégias de comunicação tentam criar pontos de contato a partir do feminismo, conectando os movimentos de mulheres e feministas com os núcleos das universidades, as secretarias de mulheres dos partidos e dos sindicatos, os núcleos de gênero dos movimentos sociais, os organismos da administração pública e da mídia, @s parlamentares federais, deputadas estaduais, vereadoras e prefeitas.
Ao fazer circular a informação de e entre estes segmentos, com ações e práticas tão diversificadas, cria-se a possibilidade de compartilhamento de experiências e alarga-se o horizonte político-conceitual. Na interação destas muitas partes, vem se dando uma experiência política participativa, plural, com real potencial de transformação da cultura democrática.
Embora a informação seja o elemento básico da comunicação, não é o bastante para articular a reflexão e ação coletivas. Para que isto aconteça, é fundamental facilitar e estimular a participação ativa de todas as partes, criar canais de interlocução entre as ativistas dos movimentos e as mulheres e homens no poder, ampliar os horizontes dos nossos olhares, e abrir espaço para diversos pontos de vista.
Com esta visão, há 12 anos, quando o fax era um aparelho de luxo e nem sonhávamos com a Internet, lançamos a primeira edição do nosso Jornal Fêmea. Desde então, ele vem sendo distribuído gratuitamente, do Oiapoque ao Chuí, para as organizações dos movimentos de mulheres, parlamentares federais, vereadoras, prefeitas e deputadas estaduais. Hoje, com uma tiragem de 13 mil exemplares, o Fêmea é a garantia de informação sistemática e atualizada para tod@s, desempenhando um papel fundamental para quem não tem fax, nem computador, ou não se localiza muito bem no cyberespaço.
Para o aprofundamento de temas específicos, realizamos e editamos uma série de estudos e pesquisas, que também são distribuídos gratuitamente, além de ficarem disponíveis no sítio do CFEMEA.
Com vistas a uma comunicação massiva, nossa organização mantém assessoria de imprensa, cujo foco não está na instituição, mas nas temáticas mais relevantes da agenda política feminista a cada momento. Além disto, esporadicamente, desenvolvemos campanhas de rádio para a promoção dos direitos das mulheres e, mais recentemente, produzimos uma série de programas para televisão: Mulheres Trabalhando, cujas edições são veiculadas por TVs comunitárias em diversos estados brasileiros.
Estas ações estratégicas na área de comunicação receberam atenção especial no programa institucional do CFEMEA, intitulado Democracia, Cidadania e Igualdade de Gênero, para os anos de 2004-2006.
Este programa contempla os seguintes projetos:
- Direitos humanos das mulheres;
- Direitos sexuais e reprodutivos;
- Direitos do trabalho e à Seguridade Social;
- Participação política das mulheres e as Plataformas Feministas;
- Perspectiva de gênero e raça no ciclo orçamentário e o controle social sobre as políticas públicas;
- Comunicação política sobre os direitos das mulheres e a igualdade de gênero.
Embora a Comunicação seja transversal a todas as temáticas trabalhadas por nós, fizemos questão de elaborar um projeto específico nesta área visando a manutenção, ampliação e aperfeiçoamento de nossos diálogos e trocas de informação.