A Rede Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos e o Fórum de Mulheres de Pernambuco, formado pelo conjunto de organizações que lidam com a saúde da mulher, lançaram, este mês, a campanha, " Saúde Pública: Um bem que se quer" em defesa do Sistema Único e do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher. O objetivo é fazer uma análise crítica das condições de saúde oferecidas pelo Governo de Pernambuco. O Movimento de Mulheres denuncia alguns procedimentos que desrespeitam a saúde das mulheres no Estado. Destaca que os responsáveis pelo planejamento familiar desconhecem- ou não informam aos usuários e usuárias - sobre os diferentes métodos contraceptivos; não há camisinhas nos serviços de saúde de referência para a contracepção e prevenção das DST/AIDS; há ausência de uma central de leitos fazendo com que as grávidas realizem peregrinações em busca de um hospital para dar a luz sem transporte adequado e mesmo sem garantia de vaga e ainda, a grande maioria das mulheres vítimas de violência sexual que procura hospitais e delegacias não é informada sobre todos os seus direitos.

Diante desse diagnóstico, a Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos e o Fórum de Mulheres de Pernambuco estão propondo à sociedade organizada uma mobilização mais ampla para encaminhar estratégias objetivando mudar este quadro. São elas: ação junto ao Ministério Público com a entrega de documento com denúncias sobre a situação da mulher no Estado e as propostas para o desenvolvimento de uma política de atenção integral à saúde da mulher; mobilização junto à mídia para uma maior cobertura jornalística sobre o assunto; pressão política no sentido de encaminhar denúncias para a Ouvidoria de Pernambuco, apresentar denúncias e demandas do Movimento nas reuniões dos Conselhos Municipais e Estadual de Saúde e, finalmente, realizar em outubro um ato público no plenário da Assembléia Legislativa do Estado, com o tema "Políticas Públicas para a Saúde da Mulher" e o lançamento da publicação "O que as mulheres querem para a saúde a partir do ano 2000".

As representantes da Rede Saúde de Pernambuco, Deyse Reis, e do Fórum de Mulheres de Pernambuco, Ana Veloso, destacam que a radicalidade do Movimento é uma atitude cidadã frente a uma situação de incerteza. "A postura crítica frente ao Estado é fundamental para o avanço das questões sociais. Tem sido assim em relação aos direitos das mulheres, mas também em uma série de outras questões como a ecologia, reforma agrária, o direito à educação e ao trabalho digno", argumentam.


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