A deputada federal Luci Choinacki (PT-SC) anunciou, emocionada, o prêmio recebido pela Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais (ANMTR), da qual faz parte, concedido pela Fundação Cumbre Mundial da Mulher, com sede em Genebra, na Suíça. Foram premiadas 34 organizações e pessoas físicas de todos os continentes no Prêmio à Criatividade da Mulher no Meio Rural. Para a deputada catarinense, a primeira agricultora brasileira eleita para o Congresso Nacional em 1990, depois de exercer o mandato de deputada estadual, o prêmio é o reconhecimento da organização da Articulação.

"Há poucos anos, as mulheres nem nomes tinham, não eram consideradas gente, cidadãs. Com o movimento organizado, deixamos de ser submissas e conseguimos identidade, profissão reconhecida, licença-maternidade, previdência social e outros direitos", argumentou. "A partir da nossa organização conquistamos esses direitos de participação política e o reconhecimento social da importância que temos na produção e liberação de trabalhadoras de todo o país", acrescentou. "Este prêmio significa que estamos, na prática, exercendo a possibilidade de conquistar uma sociedade de mulheres e homens livres da discriminação social, política e econômica, recuperando, assim, a esperança e a auto-estima para mantermos a luta por um país justo e solidário", assim finalizou seu pronunciamento na Câmara.

No resgate da história da Articulação, Luci expressou também seu papel em movimentos organizados de agricultoras na sua região de origem, o oeste catarinense. "Vim do cabo da enxada, das mãos calejadas e tenho como símbolos de luta a terra, a semente, o pão na mesa", destacou. "Só quem viveu e ama a terra sabe da sua importância para a vida. E esse prêmio é uma grande conquista para levarmos à frente a transformação do mundo através da política. É melhor nem fazer política se não for para defender a construção de um novo modelo econômico, político e social, onde estejam garantidas condições dignas de vida para mulheres e homens.

Apenas cinco prêmios foram dedicados a programas desenvolvidos na América Latina e Caribe - dois são do Brasil. A Articulação foi laureada pelo projeto "Organizando pelos Direitos das Mulheres" e Raimunda Gomes da Silva, pela luta por terra e direitos das agricultoras. De 1994 até este ano já foram reconhecidos pela fundação 145 trabalhos em defesa das mulheres agricultoras. Às brasileiras, somam-se, na edição deste ano, nove premiadas da África, 13 da Ásia e sete da Europa.

A Articulação participou da coletiva à imprensa e da cerimônia de apresentação de algumas das obras, realizadas no dia 15 de outubro, em Genebra, data aliás em que se comemora o Dia Mundial da Mulher Rural. O prêmio foi entregue por Elly Pradervand, fundadora e atual diretora da instituição, e pela coordenadora do prêmio de incentivo, Maria Peñaloza.


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