Raimunda Celestina de Mascena
Coordenadora da Coordenação Nacional de Mulheres da Contag
As mulheres representam 48% da população rural do Brasil, 36% da população economicamente ativa do mercado rural e são responsáveis pela produção de 30% dos alimentos básicos do País. Ao mesmo tempo, 56% destas mulheres começam a trabalhar antes dos 10 anos de idade, com jornadas de 10 a 18 horas diárias, e apenas 15% delas têm carteira assinada. Cerca de 60% engravidam entre 15 e 21 anos e 43,1% não utilizam qualquer método contraceptivo.
Estes dados retratam a condição da mulher no meio rural brasileiro, marcada pela exclusão social, discriminação e violência sexista. Os efeitos danosos do processo de globalização da economia, modernização tecnológica e implementação do neoliberalismo agravam ainda mais esta situação.
Para enfrentar e superar esta condição excludente, as mulheres do Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais (MSTR), lideradas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e diversas outras entidades, estarão realizando a Marcha das Margaridas, no próximo dia 10 de agosto, em Brasília. Esta será a maior manifestação de mulheres trabalhadoras rurais de todos os tempos no Brasil. E isto não é só: a Marcha das Margaridas vem mobilizando trabalhadoras rurais em todo o país desde o dia 8 de março (Dia Internacional da Mulher), com atividades municipais, estaduais e regionais.
Marcha Mundial
A Marcha das Margaridas é uma atividade em adesão à Marcha Mundial das Mulheres 2000, uma mobilização organizada em todo o mundo contra os modelos políticos e econômicos que não têm se preocupado com a igualdade de direitos e eqüidade de gênero.
Para as mulheres trabalhadoras rurais, a Marcha das Margaridas vai ser um momento histórico de mostrar à sociedade a importância políticae econômica que as mulheres trabalhadoras rurais têm no campo. Elas vão exigir, do Governo Federal, políticas públicas efetivas para o desenvolvimento rural, que valorizem o potencial produtivo das mulheres e promovam e respeitem o exercício pleno de sua cidadania.
A Marcha das Margaridas não vai parar no dia 10. A proposta das trabalhadoras é monitorar as ações, a fim de superar os limites existentes na legislação e nos programas governamentais que, através da discriminação e da exclusão, dificultam o pleno acesso das mulheres aos benefícios sociais e financeiros voltados para o desenvolvimento rural.
As manifestações da Marcha são promovidas pela Contag, CUT, Movimento de Mulheres Quebradeiras de Côco, Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste, Movimento de Luta pela Terra, União Brasileira de Mulheres e Conselho Nacional dos Seringueiros, e apoiadas pela SOF, Fase, Oxfam, Esplar e Tijupá.