No dia primeiro de janeiro, 5.559 prefeit@s tomaram posse, destes 317 são mulheres, o que representa 5,7% do total. Empossadas, @s prefeit@s passaram a definir o secretariado que tem uma missão cruel para cumprir na grande maioria das Prefeituras: obter recursos para sanear gastos públicos e para iniciar novos projetos. É bom lembrar que cerca de 13% da arrecadação de muitos municípios está comprometida com o pagamento de dívidas para o Governo Federal. @s nov@s prefeit@s têm que administrar a escassez, equilibrar as contas e cortar gastos não essenciais. Grande parte das prefeituras está de cofre vazio, com equipamentos danificados e serviços parados. Em meio a tanta confusão a escolha do secretariado teve que aliar competência, jogo de cintura e sensibilidade para definir as prioridades.
O FÊMEA, que já vem acompanhando a atuação das mulheres nas eleições municipais, aproveitou para saber se as prefeitas eleitas de capital valorizaram as mulheres na escolha do secretariado. Até o fechamento desta edição a situação era a seguinte: geralmente as secretarias ocupadas por mulheres estão nas áreas de Educação e Saúde. As mulheres representam 19 % do secretariado municipal das capitais. Das 22 prefeituras de capitais que responderam ao FÊMEA, apenas Belo Horizonte não tem nenhuma mulher no 1o. escalão, formado por cinco supersecretarias.
A prefeita reeleita de Maceió, Kátia Born do PSB afirma que não adianta mais sectarizar as indicações políticas. As mulheres mostram a cada dia que são competentes e estão preparadas para assumir vários cargos. Kátia, entretanto, ressalta, que na hora de assumir o poder as mulheres ainda se encolhem e têm medo da crítica. Entre as características das mulheres no Executivo a prefeita destaca o grande poder de aglutinar, mobilizar e ousar. Dos 18 secretários da Prefeitura de Maceió, 3 são mulheres: a de Educação, Ana Deise Rezende; de Saúde, Genilda Leão; de Turismo, Julia Éster Costa.
A prefeita reeleita de Florianópolis, Ângela Amim do PPB, afirmou que houve preocupação de sua parte em escolher mulheres para compor o secretariado. Segundo ela, um equilíbrio na composição de governo é importante. De 14 secretários indicados, 3 são mulheres. Na área de Educação, Telma Hoeschel, de Cultura, Leila Pereira e de Meio Ambiente, Elizabete Amim. Na indicação pesou a competência profissional e experiência no serviço público. O ideal é que tivéssemos um índice maior de mulheres, mas ainda não foi possível destaca a prefeita acrescentando que as mulheres têm uma maneira própria de administrar que envolve zelo, capricho e sensibilidade.
A prefeita da maior cidade da América Latina, Marta Suplicy, do PT de São Paulo, afirmou que sempre foi uma incentivadora da participação da mulher na política, tanto que como deputada federal, apresentou o projeto de lei aprovado que obriga os partidos a designar uma cota mínima de 30% para as candidaturas de mulheres. Não quero dizer que as mulheres sejam melhores que os homens, mas por sua natureza e sensibilidade acredito que elas têm um papel relevante a desempenhar na vida acrescentou a prefeita. Na sua gestão de 18 secretários, 4 são mulheres. Helena Kerr do Amaral da Administração, Nádia Campeão, do Esporte, Stela Goldenstein do Meio Ambiente e Anna Emília Cordelli Alves de Negócios Jurídicos.
Tereza Jucá do PSDB, eleita pela segunda vez para a prefeitura de Boa Vista escolheu 6 homens e 3 mulheres para assumirem cargos nas Secretarias. Para a Secretaria de Administração foi indicada Lucicleide Barreto Queiroz, para o Desenvolvimento Social, Maria Helena Veronese, para Educação, Delacir Lima. A indicação das mulheres está relacionada com a competência profissional e confiança. Elas foram escolhidas pelo trabalho desempenhado na primeira gestão da prefeita. Na avaliação de Tereza Jucá as mulheres são mais conhecidas pela sua sensibilidade. Na administração de Boa Vista, a solução de graves problemas como a violência doméstica e a prostituição infantil dependem muito da sensibilidade de como esses assuntos serão tratados. Tereza Jucá afirma que as mulheres na sua administração estão em secretarias estratégicas e reconhece a importância de se ter uma composição do secretariado equilibrada em termos de gênero.
Infelizmente, até fechar esta edição, o FÊMEA não conseguiu entrevistar a Prefeita de Palmas, Nilmar Gavino Ruiz e a Prefeita de Natal, Wilma Faria Meira.