O 2O Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre entre os dias 31 de janeiro e 5 de fevereiro, foi marcado por bocas dispostas a romper o silêncio e lutar contra os fundamentalismos. A campanha Contra os Fundamentalismos, o Fundamental é a Gente encheu o Campus da PUCRS com bottons e camisetas com os dizeres: "Sua boca, fundamental contra os fundamentalismos".

O apitaço realizado às 2 horas do dia 2 do 2 de 2002 mereceu destaque no principal jornal da cidade. Milhares de mulheres com bocas de papelão fizeram muito barulho, em contraste com as fotos estampadas, em banners, com bocas mudas por uma tarja preta. Alguns testemunhos do Fórum foram abertos com depoimentos de mulheres de diversas partes do mundo, contra os fundamentalismos religiosos e de mercado.

A Campanha surgiu a partir da necessidade de se colocar na agenda do Fórum a tradição de cidadania e direitos humanos que os feminismos propõem. Depois de 11 de setembro, o debate entre Ocidente e Oriente motivou algumas feministas a pensar o fundamentalismo não como algo de outro mundo, mas de verdades que são impostas às mulheres. "Em todas as culturas há fundamentalismos relacionados aos nossos corpos, política e economia," explica Lilian Celiberti, integrante da organização Cotidiano Mujer e atual secretaria executiva da Articulácion Feminista Marcosur, responsável pela Campanha.

Lilian Celiberti também integra o Conselho Internacional na organização do Fórum Social Mundial. "Acreditamos no espaço plural que é o Fórum. A Campanha faz parte da inserção de temas relativos à mulheres dentro de um espaço muito mais amplo,"diz. Como toda Campanha, as manifestações ocorridas no Fórum Social Mundial foram apenas o ponto inicial para um diálogo. "Não se muda uma cultura de uma hora pra outra".


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