Querid@s leitor@s,

Feliz 2010!!!

Que os ares, as boas energias do ano novo dêem asas a nossa imaginação.

“Que nada nos defina. que nada nos submeta. Que a liberdade seja a nossa própria substância.”

Simone de Beauvoir

Substância para sonhar, vislumbrar, desejar um futuro com igualdade, justiça, e paz. Substância para alimentar a confiança e redobrar a nossa disposição para seguir construindo, aqui e agora, a nossa história.

Essa edição está toda dedicada à questão do financiamento das políticas para as mulheres. Com olhos de ano novo, queremos elucidar o que ficou de 2009 para enxergar bem longe em 2010.

2010 também é ano de muito debate político por causa das eleições presidenciais. O desafio é instaurar nesse debate questões capazes de mobilizar o início de um novo ciclo em termos de políticas para as mulheres e de enfrentamento das desigualdades de gênero. Para isso, precisamos também refletir sobre avanços e conquistas que temos de consolidar/institucionalizar para evitar perdas e dissoluções. Temos de construir propostas e enxergar além dos limites para possibilitar avanços no contexto pós-eleições estaduais e nacional.

Quando dizemos enxergar além dos limites, propomos pensar como todo o recurso público, em todas as áreas, poderia ser aplicado com esse objetivo. Lutamos e conquistamos o compromisso do governo federal de colocar R$ 17 bilhões para o financiamento do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres entre 2008 e 2011. O Orçamento da União para 2010 totaliza algo em torno de R$ 1 trilhão e 800 bilhões, valor que é 105 vezes maior do que o do PNPM para quatro anos. Já pensou se todas as finanças públicas estivessem colocadas a serviço da igualdade?

Não se trata de aumentar um pouquinho ou dobrar os R$ 17 bilhões. A nossa energia política, a vitalidade para mobilizar um projeto de sociedade igualitária, justa, solidária, diversa deve ousar formular novas bases para orientar o uso dos recursos públicos, assim como o planejamento das políticas.

O debate, a articulação, a mobilização que o movimento de mulheres consiga produzir é o que pode fazer a diferença nessa disputa política. Esse é um papel que o próprio movimento tem de cumprir. Nenhum partido ou representação política, nenhuma instituição pode substituí-lo nessa tarefa.

A luta do movimento de mulheres, bem sabemos, não começa nem se resume às políticas públicas. Instigar a sociedade a enfrentar os privilégios, os preconceitos, a corrupção, a violência, a exclusão, a exploração e as injustiças que as desigualdades de gênero produzem é estratégico. A luta feminista é por emancipação social e, por isso mesmo, antes de mais nada, exige transformações na própria sociedade, legitimidade, para se concretizar em termos de garantia de direitos ou política pública no âmbito do Estado.

Muito axé para tod@s em 2010!!!


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