Os partidos políticos estão apostando nas mulheres e vice-versa. É o que parece. Em apenas um ano alguns partidos como o PSDB, PTB e PSB estão se organizando para formar instâncias femininas dentro de sua estrutura partidária. Em abril deste ano, foi criado, através de Estatuto, a Comissão Provisória do PTB-Mulher de São Paulo. Hoje 22 estados já possuem comissões. Os objetivos são: descobrir lideranças políticas femininas, oferecer cursos de formação política para militantes e candidatas, apresentar conceitos teóricos básicos sobre política e discutir temas polêmicos de interesse da mulher. "O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) percebeu a importância da participação política da mulher nos seus quadros. Não podemos perder essa oportunidade que, na realidade, fomos nós que conquistamos", avalia Ika Fleury, presidente da Comissão Provisória do PTB-Mulher/SP e vice-presidente da Executiva Nacional do PTB-Mulher. Destacou também que uma das metas principais do PTB-Mulher é preparar as mulheres para as eleições municipais do próximo ano favorecendo o aumento de mulheres eleitas. "Todos os partidos ao longo dos anos deixaram de oferecer formação política, tanto para homens quanto para mulheres. Queremos investir agora nessa atividade para capacitar melhor as nossas mulheres que vão disputar as eleições municipais", acrescenta.
De olho também nas eleições, o PSB (Partido Socialista Brasileiro) tem se organizado para criar, pela primeira vez, a Secretaria da Mulher. Grupos de mulheres de diferentes estados se reuniram em Brasília, de 26 a 28 de novembro no 7o Congresso Nacional do Partido para discutir o assunto. Segundo Mona Zen, da Secretaria do PSB-Mulher de São Paulo, o partido tradicionalmente já tem referências femininas fortes na política, como a deputada federal Luiza Erundina que também é ex-prefeita de SP, Lídice da Mata, ex-prefeita de Salvador e Kátia Born, atual prefeita de Maceió. "São mulheres que governam e governaram cidades grandes e importantes. Foram testadas politicamente e obtiveram sucesso. Queremos manter essa linha", concluiu. Mona destaca ainda que a Secretaria do PSB-Mulher pretende fazer um mapeamento das candidatas que vão disputar as Prefeituras, oferecer cursos de formação política e principalmente discutir o apoio financeiro do partido às campanhas. "Temos que disputar as eleições em outras condições.
Com profissionalismo e recursos financeiros disponíveis. Vamos cobrar essa postura do partido" afirma. Lembra ainda que a participação da mulher está crescendo em todos os partidos. Elas estão se destacando nas eleições locais. Estão sendo aceitas pela comunidade. São aceitas como boas administradoras e sem vínculos com a corrupção. "A sociedade está em busca de um novo modelo de comportamento na política. Temos chances significativas", avalia.
Com a maior bancada feminina no Congresso Nacional, 9 parlamentares, o PSDB tem recebido bem as mulheres, na avaliação da deputada Yeda Crusius (PSDB-RS), presidente do Secretariado da Mulher do PSDB criado oficialmente, através do estatuto, no ano passado. O partido também adotou cotas de 25% para as mulheres participarem da Executiva Nacional e o presidente nacional do partido, senador Teotônio Vilella Filho (PSDB-AL) autorizou os diretórios e executivas municipais e estaduais a adotarem o mesmo procedimento se desejarem. O partido também estruturou recentemente a Rede PSDB-Mulher, um programa que pretende organizar o Movimento Feminino dentro do partido, motivar a participação da mulher na política, preparar as mulheres para a disputa eleitoral do próximo ano e discutir recursos para as campanhas. Nesse último item a deputada destaca que agora as candidatas têm que ir para o embate estruturadas. "Temos que saber que não somos um grupo Lions ou Clube de Mães. A eleição exige profissionalismo". O partido vai oferecer até o próximo ano, 10 cursos regionais acompanhados de uma Cartilha "Curso de Formação Política para Mulheres Tucanas".
A deputada federal Iara Bernardi (PT-SP) acredita que a maioria dos partidos políticos vêm se sensibilizando com a participação das mulheres nas eleições. Eles têm procurado, inclusive, atrair aquelas que se destacam na comunidade, através de seu trabalho, para disputar as eleições. Segundo a deputada o eleitorado feminino interessa aos partidos. Eles querem agora que as mulheres se candidatem e também que elas se elejam. Iara Bernardi destaca que o PT já tem uma forma mais aberta de lidar com a presença e participação das mulheres na política. Foi o primeiro partido que instituiu o sistema de cotas para mulheres no âmbito federal, estadual e municipal. Iara lembra que foi a primeira vereadora de sua cidade, Sorocaba cumprindo três mandatos e agora assume a Câmara Federal pela primeira vez. A deputada apresentou na Câmara um projeto de lei que defende a continuidade do sistema de cotas para mulheres nas eleições.
Conselho da Mulher
O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) também quer ver as mulheres na política. No próximo ano já está prevista a realização de um trabalho de esclarecimento sobre a importância das mulheres participarem da vida política. A forma de como esse trabalho vai ser operacionalizado, (seminário, cartilha, ou debate) ainda não está definida. A presidente do CNDM, Solange Bentes já está conversando com a bancada feminina do Congresso sobre o assunto. " Sempre tive como uma das metas realizar esse trabalho no Conselho. É muito importante fazê-lo principalmente no próximo ano quando serão realizadas as eleições municipais. Na minha opinião, o empoderamento das mulheres é fundamental. Favorece a auto estima das mulheres, facilita a adoção de políticas públicas que nos beneficiem e gera mudanças culturais", ressalta Solange. O trabalho está previsto para ser realizado no primeiro semestre no próximo ano. Solange defende o aumento da participação das mulheres na disputa eleitoral e o sistema de cotas, "mas precisamos mais, por exemplo, conscientizar que também é importante mulher votar em mulher".