Conferências estaduais preparatórias para a Conferência Nacional das Mulheres Brasileiras já começaram.

Setenta anos depois da conquista do voto feminino, as mulheres estão se reunindo para elaborar uma Plataforma Política Feminista de defesa da democracia com justiça social e igualdade para ser entregue aos candidatos e candidatas nas eleições gerais de 2002. A Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras (CNMB) está sendo convocada por onze redes, articulações e instâncias nacionais do movimento de mulheres e será realizada nos dias 06 e 07 de junho, em Brasília.

No processo preparatório da CNMB estão previstas conferências estaduais para a mobilização dos grupos de mulheres e a discussão da primeira versão da Plataforma Política, que deverá ser enriquecida com as sugestões de cada Estado. As contribuições locais para o documento estarão sendo entregues à Comissão Organizadora, até o dia 02 de maio, para a elaboração de uma segunda versão da Plataforma Política feminista, dirigida à sociedade brasileira, que será assinada na Conferência Nacional.

O Fórum de Mulheres de Tocantins saiu na frente e já realizou a sua Conferência Estadual entre os dias 06 e 08 de março aproveitando as comemorações do Dia Internacional da Mulher. "Foi muito interessante porque conseguimos reunir mulheres com histórias muito diferentes para falar de feminismo e debater questões consideradas tabu num estado conservador como o nosso", avalia Bernadete Ferreira, coordenadora do Fórum de Mulheres de Tocantins. Foram organizados dez grupos de trabalho para discutir a primeira versão da Plataforma e incorporar as sugestões. As 153 mulheres acabaram trabalhando das 8 da manhã às oito da noite! Agora, estão mobilizadas para levantar recursos para a ida à Brasília em junho.

"Queremos organizar um número razoável de lideranças, de 200 a 300 mulheres, por causa das limitações de espaço físico", conta Ieda Batista, do Grupo de Mulheres da Ilha de São Luís. A Conferência no Maranhão está programada para acontecer entre os dias 24 e 26 de abril. "Sabemos que as mulheres do Maranhão vão ter um papel importante no cenário político atual, para denunciar que, pelo menos do ponto de vista das mulheres do Fórum, a candidatura da Roseana Sarney não representa um avanço", reflete Ieda.

Nilze Costa e Silva, do Fórum de Mulheres Cearenses, avisa que o eixo escolhido para a Conferência de Fortaleza é a violência. "É fundamental dar visibilidade para as especificidades. Nossa bandeira é a superação das desigualdades, mas é importante destacar que a pobreza é responsável pela situação extrema de violência que as mulheres vivem em nosso Estado". O Ceará tem casos graves de assassinos de mulheres impunes, apedrejamento de meninas vítimas de abusos sexuais e estímulo ao turismo sexual. No entanto, possui apenas uma Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, localizada em Fortaleza. "O Brasil todo tem que olhar para essa situação de horror", explica Nilze. A programação do Fórum inclui oficinas temáticas e uma grande manifestação. São esperadas, no mínimo, 500 mulheres.

Explicações sobre a Conferência, a Carta de Princípios, a primeira versão da Plataforma Política Feminista e os contatos estaduais estão disponíveis na página da Articulação de Mulheres Brasileiras (www.articulacaodemulheres.org.br).


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