Quase lá: Inaugurada a caminhada do Cfemea e companheiras do CMC, MECE e MCMT para a realização do Laboratório Organizacional Feminista de Salvador

Em março iniciaremos o Laboratório Organizacional Feminista de Salvador, que deverá organizar 30 mulheres ao final do processo em uma ou mais empresas coletivas autogestinárias para a sustentação da vida

 

Nos próximos dias, até 4 de fevereiro, representantes dos Territórios estarão trabalhando para o planejamento do Laboratório que vai começar em março e seguirá até maio.

Essa caminhada teve início em 2022 e ainda tem muito chão pela frente. Ao longo desse processo, o Centro Feminista de Estudos e Assessoria - CFEMEA foi consolidando os laços de companheirismo, de identidade de propósitos e construindo práticas que estão dando concretude à ideia de organização dos Territórios de Cuidado, Luta e Sustentação da Vida. Esse caminho está sendo feito em parceira com o Coletivo de Mulheres do Calafate - CMC, de Salvador, Bahia, com o Coletivo de Mulheres Cuidando e Mobilizando Territórios, da Pavuna-Chapadão, Rio de Janeiro - RJ, e com o Movimento de Educação e Cultura da Estrutural, Cidade Estrutural - DF. Outros coletivos e movimentos de mulheres já estão acenando com a vontade de participar a partir de algum momento.

preparacao territorio CMC Salvador30janeiro2025

Foto: Reunião com Anny Veríssimo (MCMT), Azânia Leiro (CMC), Daiane Santos (CMC), Gabriela Fidelis (Cfemea), Guacira Oliveira (Cfemea), Marta Leiro (CMC), Mariza Araújo (MECE), Suely Magalhães (Cfemea)

O sentimento, a alma, da ideia já está posta por todas. São as necessidades e as demandas reais das mulheres nas comunidades, nos territórios, que orientam o processo de criação em conjunto, de co-criação, dos Territórios de Cuidado, Luta e Sustentação da Vida. A ideia nasce com o desenvolvimento da metodologia de cuidado coletivo e autocuidado entre ativistas que o Cfemea desenvolveu ao longo de mais de uma década de ações de cuidado em conjunto com movimentos e organizações feministas de todo o país. 

O autocuidado e o cuidado coletivo dão o sentido da ação, mas a realidade de resistência diária das mulheres nos territórios pede mais ainda. Geralmente são mulheres negras, periféricas, quilombolas, ribeirinhas, indígenas (aldeadas ou não), trabalhadoras temporárias e super-exploradas e marginalizadas. As mulheres são as que assumem, na maioria das vezes, as responsabilidades pelos cuidados, pela resistência e pela luta pela sobrevivência. Por isso, vem de nós a proposta de criação de meios para que as comunidades, os territórios e as famílias possam sobreviver, se alimentar, se vestir, estudar, ter acesso à saúde.

planejamento CMC 30jan2025

Foto: Para 2025 estão planejados os Laboratórios de Salvador, do Rio de Janeiro e da Cidade Estrutural (DF)

É por isso que estamos nesses anos co-criando uma metodologia e uma estratégia para que possamos ter uma alternativa de superação do neoliberaliso e das armadilhas do capitalismo para que as mulheres organizem processos de geração de renda, incorporando as tarefas reprodutivas coletivas e individuais, e criando meios para a continuidade das lutas. O MST criou seus processos com quase todas essas características, o MTST está tentando o mesmo, e nós seguimos essa trilha com a perspectiva de criação, no futuro, de redes de mulheres em todo o país, em todos os nossos territórios.

O Laboratório Organizacional Feminista é para nós um avanço que estamos dando na metodologia de capacitação massiva proposta por Clodomir Santos de Morais na segunda metade do século XX. Foram realizados Laboratórios Organizacionais de Terreno, que constituíram empresas associativas e cooperativas em vários países da América Latina, da África e Ásia e centenas de laboratórios foram organizados no Brasil (pelo Instituto de Apoio Técnico aos Países do Terceiro Mundo - IATTERMUND) entre o final dos anos 1980 e 2010.

A equipe que está reunida em Salvador, de hoje até a próxima terça-feira, vai concluir o planejamento das atividades do Laboratório Organizacional Feminista, vai elaborar e aperfeiçoar o orçamento, vai conversar com a equipe da Deputada Lídice da Mata (PSB-BA), nossa companheira de lutas feministas desde os anos 1970, vai definir quais os cursos que serão realizados e como se darão as atividades presenciais e aquelas que serão realizadas virtualmente pela Universidade Livre Feminista Antirracista (ULFA), na plataforma de aprendizagem criada para esse processo (https://www.mulherlivre.org) usando o sistema de software livre Moodle.

 


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