Nesta terça-feira foi feito o lançamento da Campanha ElasFicam, em defesa das deputadas ameaçadas e contra a violência política de gênero.
CFEMEA – Centro Feminista de Estudos e Assessoria
No dia 4 de julho, ocorreu o lançamento da campanha #ElasFicam, impulsionada pela Frente Parlamentar Feminista e Antirracista com Participação Popular e mais de 20 organizações de diferentes territórios do país. O ato teve a adesão representativa de parlamentares e ativistas feministas que ocuparam toda a entrada do Anexo II da Câmara dos Deputados, com cartazes e discursos contra a violência política de gênero e raça. A campanha tem por objetivo principal defender o mandato das deputadas federais Célia Xakriabá (PSOL-MG), Erika Kokay (PT-DF), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Juliana Cardoso (PT-SP), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Talíria Petrone (PSOL-RJ) da ameaça de cassação que tramita no Conselho de Ética, articulada pelo Partido Liberal. Outro objetivo é sensibilizar a população sobre a violência política contra as mulheres nacionalmente, e em diferentes instâncias dos espaços institucionais de poder.
A violência política que ameaça os mandatos dessas deputadas golpeia a democracia, faz parte da mesma dinâmica de criminalização das lutas. A verdade é quem luta no Parlamento ou nos movimentos sociais pelos direitos dos povos indígenas as suas terras, por justiça agrária, pelo direito ao aborto, contra o racismo, pela vida das mulheres está na mira do poder econômico, do fundamentalismo religioso, dos fascistas. Nosso país é o que mais mata defensores de direitos humanos no mundo. E a Câmara brasileira já é também a recordista em ameaças e violações contra as mulheres no exercício dos seus mandatos. Não cabe dúvida sobre o conteúdo misógino, agropatriarcal, brancocêntrico desse espaço de poder. E a prontidão para defender as parlamentares de tamanho ataque é indispensável, porque as coisas estão andando em ritmo acelerado: *a ação contra as deputadas foi aberta em tempo recorde pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL)*: em quatro dias, mostrando que investigar as deputadas deveria ser uma prioridade, em detrimento de outras ações que estão aguardando há anos o início da tramitação no Conselho. Por isso, todas/todos/todes que compareceram ao ato, se colocaram a postos em defesa destes mandatos populares.
O ato foi aberto por Guacira de Oliveira, do CFEMEA e ativista da Articulação de Mulheres Brasileiras, e logo contou com a participação das deputadas ameaçadas de perderem seus mandatos, assim como Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Alice Portugal (PCdoB-BA), Reginete Bispo (PT-RS), Maria do Rosário (PT-RS). As ex-deputadas Janete Piettá (PT-SP) e Jô Morais (PcdoB-MG) também estiveram presentes e solidárias. *As parlamentares relataram sua imensa gratidão, assim como o acolhimento e fortalecimento proporcionado pela campanha “Elas Ficam” em seguirem com seus mandatos populares compromissados com as lutas daquelas/es socialmente marginalizadas/os*.
“Somos o alvo, mas eles esqueceram que somos flecha”, disse Célia Xakriabá, dando destaque à potência e à resistência das deputadas federais. A partir dos relatos das companheiras parlamentares, Jandira Feghali lembrou que a violência política de gênero está tipificada como crime e que a impressionante celeridade dada ao caso delas é um elemento crucial nesse contexto. Sâmia Bonfim lembrou que a maioria das ações de representação no Conselho de Ética versam sobre mandatos de mulheres combativas, o que configura como uma estratégia de perseguição política das deputadas progressistas. Lembrou também que juntando todos os mandatos, elas reúnem um milhão de votos. *Interromper seus mantados é um atentado contra o voto popular e contra a democracia!*
Em sequência, representantes das organizações presentes fizeram falas: Instituto Marielle Franco, INESC, Coletivo Juntos, Coletivo Juntas, Movimento de Mulheres Olga Benário, Instituto Frida, Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, CUT-DF, Secretaria de Mulheres do PT DF, RENFA – Rede Nacional Feminista Antiproibicionista, Levante Feminista contra o Feminicídio entre outras. Os deputados aliados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) também estiveram presentes.
#ElasFicam segue mobilizando das ruas para as redes, por meio da plataforma https://elasficam.org/. Vamos exigir que os relatores dos processos contra as deputadas se posicionem contrários à cassação. Queremos Célia Xakriabá, Erika Kokay, Fernanda Melchionna, Juliana Cardoso, Sâmia Bomfim e Talíria Petrone no Congresso, seguras, combativas e representando as mulheres brasileiras!
CFEMEA – Centro Feminista de Estudos e Assessoria