Encontro aconteceu de forma híbrida nesta terça, 30/01, com a presença de representantes das secretarias de Atenção Especializada à Saúde, de Atenção Primária à Saúde e de Saúde Indígena

Cfemea - 30/1/2024

 

Os resultados da Meta-análise de pesquisas de opinião sobre aborto no Brasil (1993-2023), produzida pela parceria entre o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), o Observatório de Sexualidade e Política (SPW, na sigla em inglês – Sexuality Policy Watch Brasil) e o Centro de Estudos de Opinião Pública (CESOP/Unicamp), foram apresentados nesta terça, 30/01, a representantes das Secretarias de Atenção Especializada à Saúde (SAES), de Atenção Primária à Saúde (SAPS) e de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde. A reunião foi conduzida por Flávia Teixeira, diretora de Programa da SAES.

 

Reunião aconteceu em caráter híbrido - presencial e online. Foto: Reprodução

Os dados foram apresentados pela pesquisadora Sonia Corrêa, coordenadora do SPW, e pela assessora técnica do Cfemea, Clara Wardi. Entre os resultados da pesquisa, destaca-se que a posição radicalmente contrária ao aborto é relativa, pois em grande medida decorre da metodologia de pesquisa utilizada. O estudo revela que, quando a pergunta utilizada pelas pesquisas de opinião trata da prisão de quem realiza aborto, mais de 50% da população expressa empatia com essas mulheres e pessoas abortam, afirmando que elas não deveriam ser encarceradas. Essa percepção é sempre maior que 50% em todos segmentos demográficos, inclusive entre quem se declara católico e evangélico.

O estudo é pioneiro no Brasil, conforme destaca a assessora técnica Clara Wardi. “É um tipo de pesquisa que tem grande importância para observar a relação entre opinião pública e a ação dos movimentos sociais. Falar sobre aborto não deve ser um tabu e a pesquisa pode contribuir para fortalecer as mulheres que lutam nessa área”, acrescentou a assessora técnica.

Ação dos movimentos de mulheres e feministas

A pergunta “Você é ou não a favor que mulheres que abortam sejam presas?”, só começou a ser feita pelos institutos de pesquisa de opinião no ano de 2018. Antes disso, essa pergunta era aplicada em surveys informais realizados pelas organizações feministas. Por isso, no que diz respeito a essa pergunta só existem dados para os últimos cinco anos (2018-2023). Nesse período, essa posição ganhou alguns pontos percentuais apesar das condições política desfavoráveis ao direito ao aborto. Segundo o próprio relatório da pesquisa, isso revela “um elevado grau de empatia com essas pessoas que decidem interromper uma gestação não planejada”.

Ao final da apresentação, Flávia Teixeira ressaltou a importância do estudo. “Conhecer esses dados nos faz refletir sobre como o Ministério da Saúde pode apoiar pesquisas que realmente importam para sociedade brasileira, pensando estratégias comuns junto aos movimentos e pesquisadores”, apontou a diretora.

Sonia Corrêa salientou que a meta-análise criou uma base de dados importante sobre as pesquisas de opinião sobre o tema de aborto, que podem ser periodicamente atualizadas. “Com essa base podemos observar e nutrir as tendências de transformação para enfrentar e superar as polêmicas que o tema mobiliza de forma consistente, sistemática e científica”, completou a coordenadora da SPW.

A opinião do Brasil sobre o tema em relação ao mundo

A meta-análise da parceria Cfemea/SPW/Cesop também examinou a opinião da população brasileira em relação a outros países do mundo. O estudo mostrou uma evolução da opinião pública brasileira favorável ao direito ao aborto, posição que cresceu 11 pontos percentuais no período analisado, entre 2014 e 2021. Os dados do Instituto Ipsos, que foram base para a meta-análise em relação ao contexto mundial, mostram que 64% dos brasileiros e das brasileiras, em 2021, concordaram que o aborto deve ser permitido sempre que a mulher quiser realizá-lo ou em algumas circunstâncias, como em caso de estupro. Mesmo com o crescimento ao longo dos anos, essa porcentagem ainda está abaixo da média mundial nessas respostas, que é de 71%.

Os principais pontos da pesquisa podem ser acessados AQUI 

Texto: Verônica Lima - Cfemea

 


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