Quase lá: Cfemea celebra os 36 anos de Geledés – Instituto da Mulher Negra

Queremos celebrar os 36 anos do Geledés – Instituto da Mulher Negra. O coletivo, as mulheres que a inventaram, que seguraram o rojão e até hoje sustentam esse desafio de existir negra, feminista antirracista, enegrecendo o feminismo, definindo e transformando o movimento negro, transformando a sociedade brasileira, deslocando o debate sobre o racismo nas Américas têm de ser aplaudidas!!! Salve, salve Geledés!!!

 

Guacira Cesar de Oliveira - Diretora Colegiada da Cfemea

 Geledes mulher negra

Um ano antes da fundação de Geledés, me recordo vivamente de trabalhar ao lado da Comissão da Mulher Negra no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, na sala vizinha onde ficavam Sueli Carneiro e Elmodad, lembro das nossas conversas ali mesmo no Palácio da Justiça, e também fora da Esplanada… Saímos de lá em protesto, demissão coletiva (equipe e conselheiras), contra os cortes que o então Ministro impôs.

Não faltava disposição e articulação para a pressão, subversão, ousadia que, já naquela época parecia evidente, tinham de ser exponenciadas, auto-organizadas, havia de ter autonomia política, precisava estar estrategicamente posicionada na sociedade civil organizada, negra e feminista.

Assim, Geledés foi fundado em abril, em São Paulo. Em julho do mesmo ano, fundamos, aqui em Brasília, o CFEMEA. E desde então, muitas trocas, muito companheirismo, tantos aprendizados, muitos desafios, muitas caminhadas, afeto valioso e compromisso firme junto com Sueli, Nilza, Sonia, Suelaine, Maria Sylvia, Rodnei e as que vieram depois...

Aquela chama da mobilização feminista, negra, popular, que tinha sido acesa para pressionar a Assembleia Nacional Constituinte, exigindo justiça e igualdade se manteve viva durante muito tempo, em parte pela energia – reflexiva, mobilizadora, denunciante, ativa - que Geledés sempre entregou a esse processo. O CFEMEA, lado a lado, com Geledés na luta por direitos aqui, nas batalhas nacionais e internacionais do Ciclo Social de Conferencias das Nações Unidas em Beijing’95 e em Durban 2001, na Campanha Onde Você Guarda o seu Racismo? na organização da Plataforma Política Feminista pela Conferência Nacional das Mulheres Brasileiras 2002, nos processos do Fórum Social Mundial, nas peleias pelas cotas raciais, nas batalhas para garantir orçamentos públicos para as politicas de igualdade (racial, de gênero, étnica e Direitos Humanos), na série de Conferências de Políticas para as Mulheres, na construção de instrumentos contra o racismo institucional, na Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver, na luta por outro sistema político, no front contra o fascismo… Seguimos!

Ao longo desses anos, algumas chamas foram apagadas e outras se acenderam. E neste momento tão difícil que estamos vivendo, de tanta perplexidade, tanto assombro diante do fascismo, da violência racista e misógina, da crise climática e do racismo ambiental é uma grande vantagem ter em Geledés, bem vivas, as flamas, o brilho, a experiência acumulada, o viço da juventude, o calor e o aconchego desta organização. É para inventar outras rotas, novos canais para escapar do “irremediável destino apocalíptico”, gerar outras experiências, outros ativismos. Imaginar e perseguir outros destinos, novos aquilombamentos, outras retomadas para Bem Viver.

Vida longa às Geledés!!!

 

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