As mulheres de diferentes entidades que compõem o Fórum de Mulheres do Mato Grosso do Sul denunciaram, em carta, a impunidade no Estado e exigiram punição para o assassino e todos os implicados na morte da prefeita de Mundo Novo, Dorcelina Folador, que foi assassinada covardemente com seis tiros pelas costas. A carta foi encaminhada ao Presidente da República, ao Ministro da Justiça, ao governador do Mato Grosso do Sul, ao secretário de Segurança Pública do Mato Grosso do Sul, a Organizações Não-Governamentais e à imprensa.
Na carta, o Fórum de Mulheres do Mato Grosso do Sul destaca que Dorcelina foi capaz de romper com a condição de subalternidade imposta às mulheres e com determinação se tornou uma liderança, a ponto de ser eleita para o cargo máximo de sua cidade. Sem medo, enfrentou o preconceito por ser mulher, deficiente e pobre. Dorcelina Folador, durante toda a sua campanha, denunciou exaustivamente o que chamava de "a máfia da fronteira", por seu município ser considerado um corredor para o tráfico de tóxicos, mulheres e crianças. Como prefeita, Dorcelina se preocupou com a questão da mulher. Implantou a Casa da Gestante, criou creches, apoiou financeira e politicamente o projeto de alfabetização de mulheres adultas, coordenado pelo Movimento Popular de Mulheres, além de equipar o Hospital da cidade com aparelhos de mamografia e ultrassonografia, só encontrados nas grandes cidades de Mato Grosso do Sul. Como militante do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra - lutou pela implantação da aposentadoria das trabalhadoras rurais e regulamentação da titularidade da terra para a mulher.