Quase lá: Janja diz que PL do aborto 'ataca dignidade de mulheres' e cobra Congresso por ações para aborto legal com segurança no SUS

Proposta em análise na Câmara estabelece a aplicação de pena de homicídio a casos de aborto em fetos com mais de 22 semanas, ainda que nas hipóteses previstas em lei.

Por Guilherme Mazui, Gustavo Garcia, g1 — Brasília

A primeira-dama brasileira, Janja da Silva, no Palácio do Planalto — Foto: Divulgação

A primeira-dama, Janja da Silva, posicionou-se nesta sexta-feira (14) contra o projeto de lei em discussão na Câmara que estabelece a aplicação de pena de homicídio simples nos casos de aborto em fetos com mais de 22 semanas.

Em uma rede social, a esposa do presidente Lula disse que a medida "ataca a dignidade de mulheres e meninas". Ela também cobrou o Congresso a aprovar ações que assegurem a realização do aborto, no Sistema Único de Saúde (SUS), nos casos atualmente previstos em lei.

Na postagem que fez na rede X, Janja destacou que, se o projeto virar lei, uma mulher que engravidar após um estupro e que realizar o aborto após a 22ª semana de gestação pode sofrer uma condenação maior do que a do homem que a estuprou.

"Isso ataca a dignidade das mulheres e meninas, garantida pela Constituição Cidadã. É um absurdo e retrocede em nossos direitos. A cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. O Congresso poderia e deveria trabalhar para garantir as condições e a agilidade no acesso ao aborto legal e seguro pelo SUS", afirmou a primeira-dama.

Nesta semana, os deputados aprovaram um regime de urgência para o projeto, o que coloca a proposta diretamente na pauta do plenário da Câmara sem análise pelas comissões, acelerando a tramitação.

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Para virar lei, o texto precisa ser aprovado pelos deputados e, também, pelo Senado; e, posteriormente, sancionado pela Presidência da República.

Para Janja, os autores do projeto "parecem desconhecer" a realidade enfrentada por mulheres e meninas brasileiras para exercer o direito ao aborto legal e seguro no país.

"Não podemos revitimizar e criminalizar essas mulheres e meninas, amparadas pela lei. Precisamos protegê-las e acolhê-las", concluiu a primeira-dama.

Lula e ministro evitam comentar

Na última segunda-feira (10), o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) afirmou que o governo trabalharia para que o projeto não ficasse na "pauta central" da Câmara. Perguntado se apoia o mérito da proposta, não quis responder. Padilha responde pela articulação política do Planalto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também não se posicionou ao ser perguntado na quinta-feira (13), na Suíça.

"Deixa eu voltar para o Brasil, tomar pé da situação, dai eu converso com você", respondeu Lula aos jornalistas.

'Retrocesso' e 'descalabro'

Congresso reage à aprovação da urgência de votação de projeto que equipara aborto após 22 semanas de gravidez ao crime de homicídio

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, criticou a proposta. Em uma rede social, afirmou que o projeto "retrocede os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres e meninas no Brasil e concretamente agrava os casos de gravidez infantil, forçando crianças violentadas a serem mães".

Anielle criticou o fato do tema ir direto ao plenário da Câmara, com "pouco espaço para discussão com a sociedade e especialistas".

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou em uma rede social que o projeto é "uma inversão dos valores civilizatórios mais básicos".

"É difícil acreditar que sociedade brasileira, com os inúmeros problemas que tem, está neste momento discutindo se uma mulher estuprada e um estuprador tem o mesmo valor para o direito. Ou pior: se um estuprador pode ser considerado menos criminoso que uma mulher estuprada. Isso é um descalabro, um acinte", publicou.

Almeida, que é jurista, declarou que a proposta é "vergonhosamente inconstitucional" porque fere o princípio da dignidade da pessoa humana e que materializa o "ódio" em relação às mulheres.

"Que mulher vítima de violência sexual irá buscar apoio do Estado sabendo que pode ser mais penalizada do que quem a violentou? Que mulher irá confiar no sistema de justiça brasileiro quando for estuprada? Este PL acelera a falência moral e jurídica do Estado", afirmou.

fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/06/14/janja-diz-que-pl-do-aborto-ataca-dignidade-de-mulheres-e-cobra-congresso-por-acoes-para-aborto-legal-com-seguranca-no-sus.ghtml

 

TOPO

Por Valdo Cruz

Comentarista de política e economia da GloboNews.

 

g1 e GloboNews — Brasília

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respirou aliviado com a decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de avisar que o projeto sobre aborto, que ganhou urgência na Câmara dos Deputados, não será levado diretamente ao plenário do Senado.

Pacheco alertou, inclusive, que o conteúdo pode não estar de acordo com a legislação penal e correria o risco de ser inconstitucional.

Um assessor de Lula lembrou que o mesmo Rodrigo Pacheco que impôs uma derrota ao governo nesta semana, com a devolução da MP que limitava o uso de créditos de PIS e Cofins no pagamento de tributos, agora socorreu o Palácio do Planalto tratando o tema do aborto com sobriedade e cautela.

Presidente do Senado afirmou que PL do aborto será tratado sem pressa

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O projeto que equipara aborto a homicídio se for realizado depois de 22 semanas de gestação teve o regime de urgência aprovado pela Câmara dos Deputados, gerando protestos de movimentos de mulheres porque pode ser aprovado na Casa sem discussão, no atropelo.

Diante da reação negativa, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a votação não será imediata.

Autores do projeto, integrantes da bancada evangélica, admitiram que a apresentação do projeto teve como objetivo testar o governo Lula.

O presidente, em encontro com evangélicos, prometeu que seu governo não iria adotar nenhuma medida na área do aborto.

Até agora, a posição do Palácio do Planalto é afirmar que o projeto não é tema de governo e por isso não iria se pronunciar.

Ao ser indagado sobre a tramitação do projeto no Senado, Rodrigo Pacheco fez questão de garantir que ele não seria encaminhado diretamente para votação no plenário da Casa que preside.

Além disso, afirmou que é um tema que precisa ser discutido e debatido antes de qualquer votação. Por fim, destacou que a matéria pode ser ilegal da forma como está sendo tratada na Câmara dos Deputados.

A fala de Pacheco baixa a temperatura do tema no Congresso, dando argumentos ao governo para dizer que o tema não deve ser aprovado no Legislativo, evitando desgastes para o presidente Lula.

fonte: https://g1.globo.com/politica/post/2024/06/14/governo-lula-respira-aliviado-depois-de-pacheco-avisar-que-aborto-nao-sera-tratado-com-pressa-no-senado.ghtml

Marina Silva sobre PL do Aborto: “Atitude desrespeitosa e desumana”

Ministra do Meio Ambiente opinou sobre texto que equipara aborto ao homicídio. Mais cedo, Janja se manifestou sobre o tema

Metrópoles

 

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chamou o Projeto de Lei (PL) nº 1.904/24, que equipara o aborto ao crime de homicídio, de “atitude altamente desrespeitosa e desumana”.

“É um tema complexo e delicado na sociedade brasileira. Eu, pessoalmente, sou contra o aborto, mas eu acho que é uma atitude altamente desrespeitosa e desumana com as mulheres achar que o estuprador deve ter pena menor do que a mulher estuprada e que não teve condição de ter acesso dentro do tempo para fazer uso da lei que lhe assegura o direito ao aborto legal”, afirmou Marina, na saída do Palácio do Planalto, nesta sexta-feira (14/6).

Veja:

 

Mais cedo, a primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, também se manifestou sobre o assunto. “Os propositores do PL parecem desconhecer as batalhas que mulheres, meninas e suas famílias enfrentam para exercer seu direito ao aborto legal e seguro no Brasil”, escreveu no X (antigo Twitter).

“Isso ataca a dignidade das mulheres e meninas, garantida pela Constituição Cidadã. É um absurdo e retrocede em nossos direitos”, comentou Janja.

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, chamou o projeto de “materialização jurídica do ódio que parte da sociedade sente em relação às mulheres”.

A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, também se posicionou contra o texto. Para ela, o PL “representa retrocesso e desprezo pela vida das mulheres. Esse não é o Brasil que queremos”.

Pantanal

Marina Silva anunciou nesta sexta a criação de uma sala de situação para acompanhar incêndios e a seca acometendo o bioma do Pantanal. “Estamos vivendo já uma estiagem severa em toda a bacia do Paraguai”, alertou.

“É uma sala permanente, mas com uma dinâmica. Estamos com cheia no Rio Grande do Sul, mas logo teremos seca”, disse.

 

fonte: https://www.metropoles.com/brasil/marina-silva-sobre-pl-do-aborto-atitude-desrespeitosa-e-desumana

 


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