Em novo artigo, Monica Benicio enaltece discurso do ministro da Justiça se comprometendo a elucidar o assassinato de Marielle
Marielle Franco.Créditos: Mídia Ninja
Importantíssimo o compromisso do Ministro da Justiça, Flávio Dino, em garantir a prioridade na investigação dos assassinatos de Marielle e Anderson. É um sopro de esperança.
Já são 1.755 dias sem respostas. Quantos mais precisaremos contar? Já nutri esperanças, já fiquei com raiva, já desanimei, mas jamais parei de contar os dias de sua ausência e lutar por justiça. Devo isso a ela e a todos que a perderam comigo.
O assassinato de Marielle foi o estopim de um processo de brutalização da política, onde se deixou claro que há no Brasil um grupo político que é capaz de matar como modo de fazer política, que não tem vergonha - e nem constrangimento - para fazer isso quando se trata de uma mulher negra, lésbica, favelada, socialista e feminista. Nem mesmo sendo ela uma parlamentar eleita em uma das maiores capitais do país.
Lula foi eleito, mas o bolsonarismo não acabou no Brasil. Há uma boa parcela da sociedade civil que ainda acredita que o milicianismo e o justiçamento são formas legítimas de proteção. Há uma boa parcela da população que bate palma para o genocídio negro e para os massacres nas favelas e periferias brasileiras - infelizmente.
Marielle não é apenas um símbolo. Marielle foi companheira amorosa, mãe, filha, irmã e amiga carinhosa. E foi também uma mulher que dedicou sua vida a defender os direitos humanos, o socialismo, o feminismo, a população negra, LGBTQIAP+ e favelada. A elucidação dos mandantes de seu assassinato é uma resposta que o Estado deve à democracia e a todos esses sujeitos. A todos nós que estamos na luta por justiça social, que queremos ver um mundo mais justo. Que os bons ventos da democracia que vieram com a vitória de Lula nos deem logo a resposta sobre esse crime e a justiça a todos os envolvidos. Exigimos saber e não descansaremos enquanto não houver resposta para quem mandou matar Marielle e o porquê.