Quase lá: Graça Machel defende uso da tecnologia na luta contra o racismo

Machel disse que por ser mulher, negra e de origem pobre conhece bem problemas que são comuns no Brasil. E que se solidariza na luta para superá-los.

 

 
Logo Agência Brasil
 
 

 

Ativista moçambicana participou de evento no Rio de Janeiro

Publicado em 06/10/2023 - 20:06 Por Rafael Cardoso - Repórter da Agência Brasil - Geral

ouvir:

“Eu não sou uma pessoa excepcional, mas um exemplo de possibilidades e oportunidades”. A fala é de Graça Machel, que aos 77 anos pode ostentar na biografia experiências como ativista, política, professora, militante na luta pela independência de Moçambique do domínio colonial português, ex-primeira-dama da África do Sul e viúva de Nelson Mandela. Ela participou nesta sexta-feira (6) de uma palestra na Rio Innovation Week, no Rio de Janeiro, e usou o próprio exemplo para falar sobre a necessidade de combate ao racismo e outras desigualdades sociais.

Machel disse que por ser mulher, negra e de origem pobre conhece bem problemas que são comuns no Brasil. E que se solidariza na luta para superá-los.

“O racismo no Brasil é estrutural: foi entrincheirado na economia, na psicologia e na consciência social devido ao fator da escravidão. Ao tocar nessa ferida, estou a aceitar a responsabilidade que também há na África, de onde venho e sou parte. Nós participamos na escravidão, partilhamos responsabilidades e vamos aceitar e confrontar o nosso passado comum”, disse a ativista.

Rio de Janeiro (RJ), 06/10/2023 - A ativista moçambicana Graça Machel, ex-primeira-dama da África do Sul e viúva de Nelson Mandela, palestra no Rio Innovation Week. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
A ativista moçambicana Graça Machel, ex-primeira-dama da África do Sul e viúva de Nelson Mandela, em palestra na Rio Innovation Week - Fernando Frazão/Agência Brasil

Na palestra, ela defendeu a valorização da diversidade do país como um dos principais passos para a transformação da realidade atual. As novas tecnologias podem ser aliadas nessa busca para ampliar a inclusão dos diferentes grupos sociais, e todos os setores podem ser beneficiados quando se tem um país mais igualitário.

“Falar de ciência, tecnologia e inovação significa pensar em instrumentos aceleradores da transformação econômica, cultural e da consciência social”, destacou Machel. “A inclusão racial e de gênero, a inserção dos pobres no centro, tudo isso vai expandir o mercado para qualquer empresa. Esse não é apenas um problema moral e de justiça social, mas algo que atrai mais clientes, mais criatividade e mais talentos.”

A ativista moçambicana disse que, para as mudanças realmente acontecerem, é fundamental ir além do discurso e da retórica. Segundo ela, só pela força das leis, dos órgãos de fiscalização e de mobilização constante será possível vencer grupos que resistem aos avanços sociais.

“As forças retrógradas podem ter se reorganizado e estarem um pouco mais fortes. É preciso que nós tenhamos clareza sobre os avanços e como levá-los mais à frente, estabelecer formas de luta para desmantelar os que tentam nos puxar para trás. E não pensar que os avanços vão continuar por si próprios. Mas é preciso entender que eles estão se organizando porque se sentem vulneráveis. E por isso devemos aproveitar para cair em cima por meio de instrumentos legais e da organização da sociedade, para que eles se sintam cada vez mais restritos, não tenham capacidade de se levantar e evitar essa nova ordem que os nossos avanços têm estabelecido.”

Edição: Juliana Andrade

fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-10/graca-machel-defende-uso-da-tecnologia-na-luta-contra-o-racismo

Conheça Graça Machel

Internacionalmente reconhecida pela sua dedicação no fomento da educação por todo o mundo e pela sua liderança em organizações dedicadas a ajudar crianças em países em conflito

"Desde jovem que o objectivo da minha vida tem sido o de lutar pela dignidade e pela liberdade da minha gente".

Nasceu em Moçambique no ano de 1946 e casou com o político Samora Machel. Quando este foi nomeado presidente ela ocupou o cargo de Ministra da Educação e da Cultura. A sua principal missão foi a de fomentar a educação universal para todos os cidadãos moçambicanos. Em 1986 o seu marido morre num acidente de avião. Após a sua morte, Graça Machel afasta-se da política e entrega-se por inteiro à protecção das crianças que tinham sido vítimas da guerra civil no seu país.

Na sua função como Presidente da Fundação para o Desenvolvimento Comunitário, uma organização sem fins lucrativos de Moçambique que fundou em 1994, trabalha de modo a facilitar o acesso da comunidade a conhecimentos e tecnologia para fomentar o desenvolvimento sustentável. Para além disso, em 1994, o Secretário-geral das Nações Unidos nomeou Graça Machel como perita independente para a realização de uma avaliação do impacto dos conflitos armados nas crianças.

Juntamente com Nelson Mandela, Desmond Tutu e Kofi Annan, entre outros, pertence ao grupo "Os Sábios" (The Elders), do qual fazem parte líderes mundiais que, com os seus conhecimentos, liderança e integridade, desejam contribuir para solucionar alguns dos problemas mais prementes da actualidade. Também é fundadora e presidente da Fundação para o desenvolvimento da infância onde luta continuamente pela integridade dos mais pequenos.

Fontes:

Mais informações:

fonte: https://www.casafrica.es/pt/pessoa/graca-machel

 


Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...