A iniciativa reconheceu Anielle por sua dedicação em prol de uma educação antirracista, acessível e igualitária
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou nesta quarta-feira (15/5) uma moção de louvor à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, por sua dedicação em prol de uma educação antirracista, acessível e igualitária. A iniciativa, proposta pelo deputado distrital Max Maciel (PSol), reconhece e homenageia a trajetória da professora, jornalista, ativista e atual ministra, que possui forte atuação em defesa de direitos da população negra.
Presente na homenagem, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou que quando Anielle Franco foi chamada para comandar o Ministério de Igualdade Racial, a pasta foi recomposta. “Porque (no último governo), nós vivenciamos um processo de captura do estado, para que o estado não cumprisse sua função. Nós tivemos o racismo na Fundação Palmares, tivemos uma politica antiambiental no Ministério do Meio Ambiente, uma politica antifeminista no Ministério das Mulheres”, apontou.
“Quando o povo brasileiro arranca a faixa presidencial do peito estufado da extrema direita, você vê a reconstrução do estado para dialogar com as demandas da própria sociedade. De um país que nós queremos livre”, emendou.
Durante a sessão solene, Anielle contou um pouco de sua trajetória, e todas as dificuldades pelas quais ela passou. Segundo a irmã de Marielle — vereadora assinada em 2018 no Rio de Janeiro —, seus pais fizeram ela chegar onde chegou, a apoiando em todos os momentos. “Cada coisa que acontecia de ruim, a minha mãe tinha uma frase que sempre me dizia: 'esquece, pensa onde você está e onde quer chegar, pois isso já passou, tire uma coisa positiva disso'”, recordou.
A moção de louvor é uma proposição legislativa que é concedida por uma declaração assinada em conjunto pelos membros da Câmara dos Deputados para homenagear uma pessoa ou instituição cuja atuação tenha grande relevância para a sociedade.
Também participaram do evento a secretária executiva do MIR, Roberta Eugênio; a senadora Leila Barros; a deputada federal, Talíria Petrone; a secretária executiva do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), Larissa Sampaio; a coordenadora do Jovem de Expressão, Rayane Soares; e a representante do Pretos e Pretas em RelGov, Dara de Souza.
'Jamais vou contra os meus valores para caber na política', diz Anielle Franco em homenagem na CLDF
Ministra recebeu moção honrosa durante sessão solene na Câmara do DF nesta quarta-feira (15)
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, recebeu nesta quarta-feira (15) moção de louvor na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), homenagem concedida a uma pessoa ou instituição cuja atuação tenha grande relevância para a sociedade. Durante a sessão solene, a ministra destacou o apoio do ministério para a luta antirracista e reforçou a construção de uma política coletiva na pasta.
"Para estar neste lugar, a gente tem que saber de onde veio, onde está e onde quer chegar, como minha mãe sempre disse. Isso eu jamais vou esquecer. Eu jamais vou contra os meus valores para caber na política, porque acredito em uma política coletiva, que olha para todos, todas e todes de maneira igual. É por isso que a gente levanta cedo, chega primeiro e sai por último, porque a gente acredita em um projeto político de um país que está sendo desenvolvido e que a gente faz parte disso", disse Anielle.
A moção foi uma iniciativa do deputado distrital Max Maciel (Psol), que teve como proposta homenagear a trajetória de Anielle na atuação em defesa de direitos da população negra. "Anielle é nossa ministra da Igualdade Racial que bravamente tem estado à frente de uma pauta que por tanto tempo foi marginalizada e negligenciada", afirmou o deputado.
A homenagem foi realizada dois dias depois do 13 de maio, data que estabelece os 136 anos do fim da escravidão no Brasil. Segundo o parlamentar, o dia não é de celebração e, sim, de luta. "A falsa abolição foi marcada no dia 13 de maio. Ainda hoje lutamos pelo direito de existir e resistimos firmemente pelos nossos direitos", lembrou Maciel.
Durante a fala, a ministra também destacou a importância de não adoecer na vida política. "Eu não vou mudar para caber na política e não é para ter um ar de arrogância, jamais. Mas, sim, porque as pessoas questionam meu cabelo, minha roupa, minha maneira de falar. E a gente já passou por isso. A gente está caminhando para o avanço", disse a ministra.
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Na ocasião, a ministra também relembrou sua irmã, Marielle Franco, vereadora assassinada em março de 2018, em uma emboscada no centro do Rio de Janeiro, quando voltava de uma agenda do mandato. Para ela, o combate às notícias falsas acontece desde a data até dias atuais, no comando do ministério.
"Às 9 horas e 32 minutos da noite mataram minha irmã. Às 10 horas e pouco da noite, eu estava em casa brigando por ela, na internet, combatendo fake news e isso segue até hoje. Nesse decorrer, tiveram pessoas que disseram 'você não tem rosto para trabalhar como jornalista', ou que o Instituto Marielle Franco não ia para frente e não significava nada. Tiveram pessoas que falaram que a Marielle não era ninguém e que eu nunca seria nada", relatou Anielle.
Também presente na sessão, a deputada federal, Carol Dartora (PT-PR), afirmou ser uma semente de Marielle. Ao relembrar sua trajetória na política, a parlamentar reforçou a importância da luta das irmãs. "Fiz parte da agenda Marielle Franco e isso tem 'suleado' minha trajetória política. Para mim, é um sentimento de continuidade participar da homenagem a você. Você tem transformado dor em amor, esperança e alegria", disse para a ministra.
Além da deputada, também estiveram na homenagem a secretária executiva da pasta, Roberta Eugênio; a secretária executiva do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), Larissa Sampaio; a coordenadora do Jovem de Expressão, Rayane Soares, a representante do Pretos e Pretas em Relações Governamentais, Dara de Souza e deputada federal, Erika Kokay (PT-DF).
Esporte na Política
Anielle foi jogadora de vôlei profissional e começou a jogar aos 8 anos. Já aos16, ganhou uma bolsa para estudar e jogar nos Estados Unidos, onde se tornou mestra em jornalismo e inglês pela Universidade de Carolina do Norte. Na sessão, ela destacou o papel do vôlei em sua vida. "Se não fosse o esporte, talvez eu nunca tivesse saído da Maré como eu saí."
"Toda hora faço alguma analogia ao esporte porque, no vôlei, quando você ou sua amiga não está bem, você ajuda, entra na frente dela para passar, você bloqueia, saca melhor por ela. Na política, tento muito fazer isso. Eu digo tudo isso, porque sozinha é muito difícil mas com vocês a gente caminha muito melhor. Não é um espaço fácil".
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Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Márcia Silva