Quase lá: Sessão solene marca 40 anos do Movimento de Mulheres Camponesas

Formada por representantes femininas de diversos locais do país, o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) teve sua luta de 40 anos por direitos homenageada em sessão solene do Congresso Nacional nesta segunda-feira (12)

 

Da Agência Senado | 12/08/2024, 12h52

MMC40anos senado

Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

 

Formada por representantes femininas de diversos locais do país, o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) teve sua luta de 40 anos por direitos homenageada em sessão solene do Congresso Nacional nesta segunda-feira (12). A data marca ainda 41 anos da morte da líder sindical e camponesa Margarida Alves, assassinada a mando de latifundiários e que, há um ano, passou a compor o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

MMC40anos Augusta Brito

Senadora Augusta Brito - Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

 

A sessão, realizada no Plenário do Senado, foi requerida pela senadora Augusta Brito (PT-CE) e pela deputada Camila Jara (PT-MS). A homenagem foi aberta com a entoada da canção Sem Medo de Ser Mulher por representantes do MMC. A organização surgiu no Brasil nos anos 1980, em resposta às mudanças na agricultura, de forma a promover a agroecologia. Também tem como diretriz a luta dos direitos das mulheres, em especial o combate a todas as formas de opressão e violência de gênero.

A senadora Augusta Brito enfatizou que, há quatro décadas, “mulheres de todo o Brasil se uniram, levantando bandeiras e enxadas, em uma luta por justiça, igualdade e dignidade no campo”.

— Em tempos de adversidade e transformação, essas mulheres não apenas desafiaram as estruturas opressoras da sociedade, mas também plantaram as sementes de um futuro mais justo e sustentável para todas nós. (...) Empregar a expressão “mulheres camponesas” é um ato de afirmação e valorização do papel dessas mulheres na sociedade; é uma forma de dar visibilidade às suas lutas e conquistas, que muitas vezes são negligenciadas. (...) É com imenso orgulho e gratidão que honramos a memória dessas guerreiras, reconhecendo suas conquistas e renovando nosso compromisso com suas causas — afirmou a senadora.

MMC40anos Camila jara

Deputada Camila Jara - Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

 

Para a deputada Camila Jara, a sessão solene não é só uma homenagem, “mas um agradecimento do povo brasileiro a quem mantém essa estrutura do país de pé”.

— Que a gente consiga avançar na garantia de direitos. (...) Que permaneçamos em marcha até que todas sejamos livres — disse a deputada.

MMC40anos Cida

Ministra Cida Gonçalves - Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

 

Mudanças

O ministro de Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, destacou que há em curso hoje uma mudança com a liderança crescente das mulheres, que “estão à frente de diferentes lutas”. O gestor destacou programas do governo federal destinados às mulheres camponesas, como 90 mil quintais produtivos.

— Mulheres são muito importantes e decisivas para nós termos soberania alimentar no Brasil. Alimentar é um verbo feminino, e é por isso que hoje o grande esforço nosso é tirar o Brasil do Mapa da Fome  — enfatizou o ministro.

Já a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou que o MMC luta com muita dificuldade, mas alcança conquistas.

— A dura realidade ainda nos permeia. Ainda somos aquelas que estão mais embaixo na questão da igualdade — disse a ministra, ao lembrar das dificuldades para se conseguir implantar a Lei da Igualdade Salarial, que está tento a constitucionalidade contestada no Supremo Tribunal Federal (STF).

Luta

Integrante da Coordenação Nacional do MMC, Mirela Diovana Milhomem destacou que o movimento, que se espalha em 16 unidades federativas, é formado por agricultoras, ribeirinhas, extrativistas, negras, indígenas e descendentes de europeus e que é preciso reafirmar a luta internacional em defesa dos povos.

MMC40anos Mirele Diovana Milhomem da Silva

Mirela Diovana Milhomem, da Coordenação Nacional do MMC - Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

 

— Através do feminismo camponês popular reafirmamos a solidariedade na luta de gênero, raça, classe e etnia. (...) Reafirmamos a luta na defesa ambiental e planetária do campo, das águas e das florestas. (...) Que cessem a invasão por meio de grandes projetos do agro-hidro-minero-negócio — disse Mirela.

Já a representante da Marcha Mundial das Mulheres, Sônia Coelho, lembrou a conquista do direito à licença maternidade paras mulheres do campo.

— Outra luta fundamental é a questão da seguridade, a questão da previdência no campo, porque sabemos que é uma política fundamental para as mulheres no campo e sabemos hoje quantas famílias são sustentadas por aposentadoria das mulheres no campo.

MMC40anos Joana Santos Pereira AMB
Joana Santos Pereira, da Articulação de Mulheres Brasileiras - Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

Integrante da Articulação de Mulheres Brasileiras, Joana Santos Pereira disse que a luta feminista se retrata na luta contra as opressões impostas às mulheres, contra o patriarcado.

— Fazer homenagem é muito bom, porque fortalece nossas lutas, nossas forças. (...) Essa luta se retrata no monitoramento da pauta que trazemos.

O MMC é um símbolo de empoderamento, de resistência e resiliência, em um cenário onde muitas vezes as vozes das mulheres são silenciadas, segundo Anderson Amaro Silva dos Santos, do Movimento dos Pequenos Agricultores.

— A luta das mulheres camponesas é de todas e de todos nós e continua cada dia mais necessária. (...) O MMC nos inspira a continuar na construção do novo homem, e nós devemos superar juntos — expôs Santos.

 

Fonte: Agência Senado - https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2024/08/12/sessao-solene-marca-40-anos-do-movimento-de-mulheres-camponesas

 


Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...