Ambas foram eleitas entre parlamentares para receber, com outras três, o Diploma Mulher Cidadã em 26 de novembro
A ativista camponesa Elizabeth Teixeira completará 100 anos em 2025 - Reprodução/Mídia Ninja
A paraibana Elizabeth Teixeira, histórica liderança das Ligas Camponesas, hoje 99 anos, e a mineira Nalu Faria, militante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) que faleceu em 2023 aos 64 anos, serão homenageadas na Câmara dos Deputados.
O Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queiroz, que condecora figuras atuantes na defesa dos direitos sociais e da igualdade de gênero, também será entregue para a advogada Cristiane Damasceno Leite, a professora Rosely Maria da Silva Pires e, também em in memoriam, para Roza Cabinda, mulher escravizada que entrou na Justiça para conseguir sua liberdade em Juiz de Fora (MG) no século 19.
A cerimônia será em Brasília, no próximo 26 de novembro. Os nomes são indicados por parlamentares e, então, escolhidos por meio de votação.
Elizabeth Teixeira
“Elizabeth enfrentou perseguições, sobreviveu à ditadura e nunca desistiu de lutar por justiça social e pelos direitos das mulheres e dos homens do campo. Em fevereiro de 2025 ela completará 100 anos de vida. Este diploma é um reconhecimento, em vida, de sua força e trajetória”, declarou Carlos Veras (PT), deputado que indicou o nome de Teixeira.
Para Mazé Morais, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), “Elizabeth é uma sobrevivente que precisa ser lembrada como inspiração para as futuras gerações, especialmente as do campo”. A entidade, assim como a Marcha das Margaridas, que Mazé também integra, apoiou a indicação de Elizabeth Teixeira.
Retratada em livros, trabalhos acadêmicos e documentários como o clássico Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho, Elizabeth Teixeira se tornou, ao lado de nomes como de Maria Margarida Alves, símbolo da luta por reforma agrária no Brasil.
Nalu Faria
Psicóloga e histórica militante feminista, Nalu Faria faleceu precocemente há pouco mais de um ano, para a surpresa de muitos que não acompanhavam de perto seu estado de saúde.
Liderança da MMM e integrante da Sempreviva Organização Feminista (SOF), Nalu foi referência em educação popular feminista e na elaboração de uma crítica à economia capitalista com recorte de gênero. A indicação de seu nome para a honraria na Câmara foi feita pela deputada Sâmia Bomfim (Psol).
Nalu “discutia conjuntura política e econômica, propostas para o Brasil, de integração regional e soberania dos povos, de luta imperialista, sempre a partir do feminismo”, descreveram as ativistas da MMM Tica Morena e Maria Fernanda Marcelino, pouco depois de sua morte.
“E esse é um dos grandes legados de Nalu para a esquerda”, completaram: “é preciso superar a visão de que o feminismo é um capítulo à parte da luta socialista, como se fosse algo ‘específico’, apenas subordinado à luta ‘geral’”.
Edição: Nathallia Fonseca