Realizada em parceria com a Universidade Federal do Paraná, ação combaterá falta de informações oficiais sobre as vivências lésbicas no Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O Ministério das Mulheres assegurou a realização da segunda etapa do 1º LesboCenso Nacional, iniciativa que promoverá o mapeamento de vivências lésbicas no Brasil, por meio da realização de entrevistas semiestruturadas em todos os Estados com lésbicas. As atividades já começaram e o prazo para conclusão do trabalho é dezembro de 2024. O Ministério destaca a importância da realização da tarefa, uma vez que dados e informações sobre a população lésbica são escassos e não estão disponíveis para acesso pelos meios oficiais do Estado brasileiro.
A ação é uma iniciativa da Secretaria Nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política (SENATP) do Ministério das Mulheres e será executada, de forma descentralizada, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), como instituição parceira. O Plano de Trabalho foi assinado pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e a vice-reitora da UFPR, Graciela Ines Bolson de Muniz, em 5 de dezembro.
No total, o projeto contará com R$ 250 mil, custeados pelo Ministério das Mulheres. Serão aplicadas 130 entrevistas em todas as Unidades da Federação, que subsidiarão a construção do estudo. Os resultados serão divulgados em e-book e artigos científicos.
Mapeamento
A partir da sistematização de informações sobre os corpos, as práticas e as experiências de lésbicas no país, espera-se fortalecer uma estratégia de consolidação de redes para o enfrentamento dos ataques conservadores, para a garantia do acesso a direitos, bem como para o acolhimento e suporte desse grupo.
A possibilidade de acesso a dados fidedignos e a oportunidade de reflexão a partir dessas informações constituem-se como uma ferramenta importante para as mulheres da população LGBTQIA+, aponta o Ministério das Mulheres. A circulação e difusão dessas informações e dados é relevante para organizações, redes e para subsidiar o controle social e a defesa de direitos humanos de lésbicas, tais como o acesso à educação, à saúde, à moradia, à segurança pública, entre outras políticas públicas específicas, em uma atuação colaborativa e mais assertiva.
Ações coordenadas
Neste mês, o Ministério das Mulheres também realizará a primeira reunião do Fórum para a Promoção de Estratégias para a Autonomia Econômica e Cuidado, Enfrentamento à Violência e Articulação Institucional de Políticas Públicas para Lésbicas. O espaço servirá para maior participação política desse grupo, com consulta às representantes de movimentos sociais de lésbicas e de outros ministérios que convergem com o direcionamento da formulação das políticas.
Uma das principais funções será no debate de estratégias e ações para prevenção de violências contra as lésbicas. Além da garantia de direitos sobre cuidado de atendimento, debate da igualdade de gênero, orientação sexual e apoio na elaboração de estudos diagnósticos nos diferentes territórios em que vivem.
Sobre o 1° Lesbocenso Nacional
Iniciado há dois anos, o LesboCenso é a primeira coleta de informações sobre a situação de trabalho, educação, saúde, relacionamentos, relações familiares e redes de apoio de lésbicas em todas as regiões do país. O levantamento é feito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em parceria com a Liga Brasileira de Lésbicas e Mulheres Bissexuais (LBL), contando também com a Rede Nacional de Lésbicas e Bissexuais Negras - Candaces, Rede LésBi Brasil e Articulação Brasileira de Lésbicas (ABL). Na primeira fase do levantamento, foram consultadas 22 mil lésbicas em todas as regiões brasileiras, o que significou uma quantidade significativa de dados inéditos sobre o assunto.