Promotora de justiça da Bahia, Lívia Santana Vaz explica a abordagem da obra escrita em coautoria com a procuradora Chiara Ramos em palestra do Programa de Liderança para Mulheres Negras do Senado. A autora aponta necessidade de uma justiça construída a partir do olhar da mulher negra, que está na base da pirâmide socioeconômica do Brasil e é um dos grupos subrepresentados nos espaços de poder e de decisão, para garantir uma democracia efetiva no país.
Janaína Araújo - Agência Senado
[Transcrição]
A PROMOTORA DE JUSTIÇA DA BAHIA, LÍVIA SANTANA VAZ, DEFENDE MULHERES NEGRAS NOS ESPAÇOS DE PODER E DE DECISÃO PARA GARANTIA DA DEMOCRACIA NO PAÍS. PALESTRA NO SENADO ABORDOU LIVRO ESCRITO POR LÍVIA E PELA PROCURADORA CHIARA RAMOS.
REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO: Como parte do Programa de Liderança para Mulheres Negras, iniciativa que integra o Plano de Equidade de Gênero e Raça do Senado para o biênio 2024-2025, a promotora de Justiça da Bahia Lívia Santana Vaz ministrou a palestra "A Justiça é uma Mulher Negra". O título é o mesmo do livro escrito por Lívia e a procuradora federal da Advocacia-Geral da União Chiara Ramos. Lívia Santana Vaz explicou que a obra mostra o confronto entre discurso, vivências e práticas em busca de uma sociedade democrática e realmente justa, construída por quem ainda hoje está na base da pirâmide socioeconômica brasileira - as mulheres negras.
(Lívia Vaz) "As mulheres negras estão na base da sociedade brasileira, na base socioeconômica da nossa sociedade. São mulheres que estiveram à margem de todos os regimes políticos no Brasil. Mesmo aqueles regimes políticos ditos democráticos. Então, é impossível falar na construção de uma democracia efetiva, para todas as pessoas se não for também tecida pelas mãos das mulheres negras. Se o Direito, se o Poder Público continuam sendo tão embranquecidos e tão masculinos, a Justiça é uma outra concepção que nós precisamos construir coletivamente. Por isso a afirmação 'A justiça é uma mulher negra'."
Lívia Santana Vaz chama a atenção para a baixa representatividade das mulheres negras em espaços de poder e de decisão no Brasil, o que prejudica a construção de políticas voltadas para esse público, visões sobre a realidade dessas pessoas e acesso a direitos. (Lívia Vaz) "Seja o Poder Legislativo, Executivo ou seja o Poder Judiciário, nós temos uma sub-representação, quase ausência, de mulheres negras e isso repercute na forma como nós construímos Justiça, construímos leis nesse país. A Justiça é antidemocrática, o Poder Público é antidemocrático se não tem a perspectiva dessas mulheres, que interseccionam questões de raça e de gênero e que por isso são capazes de enxergar outras diversidades, de dar espaço a outras vozes e outras perspectivas pra que nós tenhamos efetivamente um diálogo de ideias do que seja democracia, liberdade, igualdade."
O 1° Curso de Liderança para Mulheres Negras do Senado vai até 14 de junho e busca desenvolver e capacitar mulheres negras para as funções de gestão e atuação no serviço público.
Da Rádio Senado, Janaína Araújo.