O documento reafirma o papel de protagonismo das mulheres negras que estão construindo e articulando estratégias para conter os efeitos da crise climática
CRIOLA - 6/6/2024
No Brasil e mundo afora, temos assistido como a crise climática avança de maneira rápida e preocupante. As catástrofes seguem acontecendo sem que tenhamos, por parte dos governos, algum plano estruturado de contenção aos desdobramentos terríveis que atingem de forma ainda mais violenta as populações mais vulnerabilizadas. Ainda que os efeitos dessa crise sejam visíveis e cruéis, seguem insuficientes os dados oficiais que incluam recortes de raça e gênero, informações essenciais para formulação de estratégias e políticas públicas assertivas, que promovam a justiça racial e climática.
As mudanças climáticas atingem todas as pessoas, mas seus impactos não são vivenciados da mesma maneira por todos. A raça, o gênero, a classe social, o território, a geração, entre outros marcadores sociais, fazem com que determinados grupos sejam mais impactos pela crise climática, bem como encontrem maiores dificuldades para se reerguer após um desastre.
Por essas razões, mulheres negras têm se organizado nacional e internacionalmente enquanto ativistas e personagens centrais nas mobilizações pelo clima em eventos de impacto mundial – há muitas décadas, participando ativamente de eventos como a a Conferência de Durban, até a recente Conferência do Clima das Nações Unidas em Glasgow, na Escócia – a COP 26.
Demarcando o comprometimento de Criola com a pauta climática e com a construção de vida plena para meninas e mulheres negras, entendemos ser inegociável a efetivação de condições de clima e ambiente seguros e, para que isso aconteça, é urgente considerar as reinvindicações e análises feitas por nós. Pensando nesse objetivo, surge a Agenda de Mudanças Climáticas, resultado de encontros realizados por Criola com mulheres negras cis e trans de diversas regiões do país, entre 2022 e 2023, no âmbito do Projeto Mulheres Negras Construindo o Futuro com Justiça Climática, financiado pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS). O documento demonstra como Estado e sociedade civil podem atuar conjuntamente em direção ao compromisso de construir pautas e políticas sistemáticas sustentáveis, adotando como ponto chave a necessidade de superar o racismo, sexismo e todas as formas de discriminação responsáveis pela negação da humanidade de mulheres e homens negros.
A Agenda do Clima é apenas mais um passo de Criola na luta por Justiça Climática. Estamos articuladas com outras organizações e iniciativas que estão agindo para diminuir os impactos e pensando em maneiras estratégicas para lidar com a crise climática. Estamos apoiando a mobilização pela criação do auxílio calamidade climática para pessoas vítimas de desastres e do racismo ambiental, e também a articulação com organizações lideradas por mulheres negras que estão na linha de frente da gestão do desastre que acometeu o Rio Grande do Sul em maio deste ano. Conheça, pressione por soluções e apoie você também!