Quase lá: Proposta de Estatuto da Diversidade Sexual e de Gênero começa a tramitar na Câmara dos Deputados

Deputada Erika Hilton apresentou o Projeto de Lei 2667/2024 que institui o Estatuto da Diversidade Sexual e de Gênero, que promete balançar as estruturas da extrema-direita no Congresso Nacional.

Redação CFEMEA - 3/7/2024

erika hilton psol sp2

Ontem (2/7) foi recebido pela Mesa da Câmara dos Deputados o Projeto de lei (PL 2667/2024) de autoria da deputada Erika Hilton instituti o Estatuto da Diversidade Sexual e de Gênero. Com 133 artigos, esse projeto, como relata a deputada, “é fruto da visão de Maria Berenice Dias após o reconhecimento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da união homoafetiva como entidade familiar constitucionalmente protegida (ADPF 132/ADI 4277, j. 05.05.2011), que reuniu Comissão de Juristas que elaboraram o Anteprojeto inicial, com o nome de Estatuto da Diversidade Sexual”.

O texto desse anteprojeto “foi atualizado em 2017, por iniciativa da Aliança Nacional LGBTI,sob a Presidência de Toni Reis, com a colaboração do jurista Paulo Iotti, que congregou as críticas e sugestões até então feitas para realizar a atualização, juntamente com as advogadas Ananda Puchta e Andressa Regin, que gerou o PLS 134/2018, com o nome de Estatuto da Diversidade Sexual e de Gênero”. A deputada explica que o projeto que ela agora apresenta “visa reconhecer direitos de cidadania à população LGBTI+, superando a omissão legal que, historicamente, tem gerado discriminações e destruição de vidas de pessoas pelo simples fato de serem diferentes da maioria”.

Maria Berenice Dias juiza

Maria Berenice Dias

 

A falta de uma legislação não significa necessariamente o não reconhecimento de direitos. Por meio de lutas constantes, a sociedade tem conseguido influenciar o Poder Judiciário a reconhecer, por analogia com direitos consagrados em outras leis.

O motor dessa proposta “é garantir a igual dignidade (art. 3º) de pessoas LGBTI+ relativamente a pessoas cishétero (cisgênero e heterossexuais), no sentido de reconhecer os mesmos direitos com os mesmos nomes.

toni reis ativista lgbtqia

Toni Reis

 

Paulo-Roberto-Iotti-Vecchiatti-Na Justificação do Projeto, a deputada Erika Hilton, como é de seu comportamento ético e humano, agradece as pessoas que a ajudaram e a inspiraram: o advogado Paulo Roberto Iotti Vecchiatti (Paulo Iotti - foto ao lado),”pela elaboração da minuta desta Justificativa e por ter colaborado com a criação e com esta atualização do Projeto de Estatuto da Diversidade Sexual e de Gênero aqui apresentado, juntamente com a advogada Amanda Souto Baliza”. Ela também agradece Toni Reis, da Aliança Nacional LGBTI+, a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH) e a Coalizão Nacional LGBTI+ por Cidadania, “pela iniciativa em prol das atualizações citadas e organizado Seminários e Consulta Pública sobre o tema” e volta a citar Maria Berenice Dias, “pela idealização da proposta há mais de uma década, e à Comissão de Juristas e demais pessoas que, de qualquer forma,colaboraram ao longo desses anos”.

O projeto altera as Leis nº 6.015 de 1973, nº 8.069 de 1190, nº 8.213 de 1991, nº 8.112 de 1190, nº 9.029 de 1995, nº 7.716 de 1989 e os Decretos-lei nº 2.848 de 1940, nº 1.001 de 1969, nº 3.689 de 1941 e nº 5.452 de 1943.

Nos próximos dias a presidência da Câmara dos Deputados informará por quais Comissões esse projeto passará e começaremos a ter uma ideia de como o processo de discussão se dará. Mas uma coisa já se sabe. Com essa composição ultraconservadora e de presença significativa de extrema-direita esse projeto enfrentará inúmeras barreiras e dificuldades, requerendo atenção e presença constante dos movimentos sociais e entidades que lutam pela dignidade e pelos direitos humanos.

Clique aqui para conhecer o projeto

 

 

OUTRO PROJETO

Voltado à saúde, tramita o PL nº 2046/24 de autoria da deputada Daiana Santos, o PL cria a Política Nacional de Saúde Integral da População LGBTQIAPN+

 

seta rosa

Projeto de lei define regras para respeito à população LGBTQIAPN+

Proposta pretende incluir temas relacionados à diversidade de gênero e sexualidade nos currículos escolares
Deputada federal Daiana Santos, autora do Projeto de Lei que busca efetivar os direitos da população LGBTQIAPN+.

Foto: Reprodução / Agência Câmara Notícias - Deputada federal Daiana Santos, autora do Projeto de Lei que busca efetivar os direitos da população LGBTQIAPN+.

3 de julho de 2024 - Alma Preta

Tramita na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei (PL) que define regras e dispositivos para a promoção do respeito à diversidade de orientação sexual e identidade de gênero. A proposta tem como objetivo tornar efetivos os direitos da população LGBTQIAPN+.

O PL nº 2046/24 foi criado pela deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS) e será analisado pelas comissões de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família; Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. 

Dividido em sete capítulos, o projeto define como discriminação qualquer ato “que estabeleça distinção, restrição ou preferência que tenha por objetivo anular ou limitar direitos garantidos aos cidadãos em geral” ou que impeça o reconhecimento ou exercício de direitos humano e liberdades fundamentais.

De acordo com a proposta, caberá à União, aos estados e municípios a criação de observatórios de monitoramento da violência e das políticas públicas dirigidas à população LGBTQIAPN+. Também caberá aos entes federativos promover a inclusão de temas relacionados à diversidade de gênero e sexualidade nos currículos escolares.

O PL cria a Política Nacional de Saúde Integral da População LGBTQIAPN+, destinada à atenção integral à saúde, com ênfase no atendimento e prevenção dos agravos mais prevalentes na comunidade.

Para a parlamentar, a discussão do tema é crucial para a vida de milhões de pessoas e não pode ser descartada. “O objetivo principal é o de abrir espaço para que o tema seja abordado com a merecida abrangência e profundidade”, afirmou a deputada, em entrevista à Agência Câmara Notícias.


Matérias Publicadas por Data

Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Logomarca NPNM

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...