Instituto Patrícial Galvão e Instituto Locomotiva: Entre as mulheres LBT, 84% passaram por violência e, entre as pretas, 82%. Imensa maioria das mulheres quer mais policiamento e iluminação e apoia políticas públicas que contribuam para aumentar sua sensação de segurança quando se movimentam pela cidade.
Agência Patrícia Galvão
Entre as mulheres LBT, 84% passaram por violência e, entre as pretas, 82%. Imensa maioria das mulheres quer mais policiamento e iluminação e apoia políticas públicas que contribuam para aumentar sua sensação de segurança quando se movimentam pela cidade.
A pesquisa “Vivências e demandas das mulheres por segurança no deslocamento”, realizada pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber, ouviu mais de 4.000 brasileiras que utilizam diferentes formas de transporte em seu cotidiano. O estudo, de abrangência nacional, também destaca resultados de nove capitais: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Os resultados evidenciam a permanência de um padrão preocupante: a maioria das entrevistadas relatam ter enfrentado situações de violência, como importunação, assédio sexual e até estupro, durante seus deslocamentos pelas cidades.
97% das brasileiras sentem medo de sofrer violência quando se deslocam pela cidade; 80% declaram “sentir muito medo”
Assalto, sequestro, estupro e assédio/importunação sexual são os principais temores das brasileiras quando saem de casa e circulam pela cidade.
71% das mulheres já sofreram violência durante seus deslocamentos
Entre as mulheres LBT, 84% passaram por violência e entre as pretas, 82%. E enquanto 26% das mulheres declararam já terem sofrido assalto/furto/sequestro relâmpago, no Rio de Janeiro foram 48%.
Falta de policiamento e iluminação e ruas vazias são fatores que mais geram insegurança
As mulheres percebem que a sensação de insegurança deve-se à ausência de políticas públicas que poderiam tornar seu deslocamento mais seguro e apontam a ausência de policiamento e de iluminação e as ruas desertas como principais fatores que contribuem com a sensação de insegurança. A falta de policiamento é mencionada por 56% das entrevistadas em geral; esse número sobe para 63% entre as moradoras da periferia e para 69% entre as residentes na cidade do Rio de Janeiro.
Eleições 2024: segurança das mulheres deve ser prioridade
As mulheres reconhecem a responsabilidade das prefeituras na melhoria da segurança em relação aos riscos que enfrentam em seus deslocamentos pela cidade: 9 em cada 10 brasileiras consideram importante dar prioridade ao tema da segurança das mulheres nas eleições municipais de 2024.
Veja a seguir mais destaques da pesquisa “Vivências e demandas das mulheres por segurança no deslocamento” (Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, setembro/2024). E clique nestes links para acessar o relatório da pesquisa na íntegra e para conhecer dados selecionados das seguintes capitais: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Maioria das violências ocorreu quando as mulheres estavam a pé ou no ônibus
A pesquisa captou as impressões e vivências das brasileiras nos seus deslocamentos urbanos: 4 em cada 10 mulheres saem de casa pelo menos 5 dias por semana. Mulheres negras e pobres utilizam mais o ônibus e a caminhada como principais meios de transporte, enquanto mulheres ricas usam mais carro particular. Entre os meios de locomoção em que as mulheres brasileiras já vivenciaram uma situação de violência, maioria declara que estava a pé.
E quais foram as reações das mulheres que sofreram violência?
Maioria das vítimas mudou seus hábitos de comportamento após sofrer violência, ainda que momentaneamente. Mais da metade se sentiu abalada psicologicamente e apenas 23% receberam ajuda de pessoas que presenciaram a situação de violência.
9 em cada 10 mulheres declaram saber que importunação sexual é crime desde 2018
Mas apenas 3 em cada 10 mulheres que sofreram importunação sexual procuraram a polícia para registrar queixa, apesar de a imensa maioria saber que se trata de um crime.
Apenas 31% das mulheres sentem-se muito seguras perto de casa
Percepção de insegurança é maior entre moradoras de bairros de periferia. E enquanto 26% das brasileiras consideram as ruas de sua cidade nada seguras, os percentuais de mulheres que fazem essa avaliação negativa sobem para 49% no Rio de Janeiro e 48% em São Paulo.
Ônibus, carro e caminhada são as principais formas de deslocamento
26% das mulheres recorrem ao ônibus como principal meio de transporte, mesmo percentual que se desloca com carro particular, enquanto 20% andam a pé.
Entre mulheres negras e pobres, 30% e 36% utilizam mais ônibus, enquanto entre mulheres brancas e ricas, 36% e 42%, respectivamente, usam mais carro particular. No Recife, 49% das mulheres adotam o ônibus como seu primeiro meio de transporte. Já em São Paulo, apenas 7% das mulheres utilizam a caminhada como sua principal forma de deslocamento na cidade.
Entre os meios de transporte avaliados, carro de transporte por aplicativo é percebido como o mais seguro pelas usuárias
Mulheres recorrem a estratégias individuais para reduzir insegurança
A imensa maioria das mulheres adota medidas individuais para aumentar a sensação de segurança durante seus deslocamentos. Mas isso traz inconvenientes e cerceia seu direito de usufruir a cidade de forma plena. Assim, elas evitam passar por locais desertos ou escuros, escolhem onde se sentar no transporte coletivo, evitam sair à noite e usar certos tipos de roupas e costumam avisar alguém quando saem ou chegam ao destino.
Mulheres atribuem às prefeituras maior parte da responsabilidade por sua segurança
A prefeitura é identificada como principal responsável pela iluminação, gestão de parques e espaços desocupados e transporte por ônibus, enquanto divide a responsabilidade pelos transportes ferroviários e segurança pública com o governo estadual.
Alta aprovação de políticas públicas voltadas para a segurança das mulheres
Na percepção das mulheres, canais de denúncia e acolhimento e campanhas de conscientização são as políticas públicas mais disponibilizadas em suas cidades, por outro lado, menor parcela declara que suas cidades contam com desembarque autorizado fora do ponto e vagões exclusivos em trens e metrôs.
A maioria das mulheres brasileiras são favoráveis às políticas existentes ou acredita que elas deveriam ser implementadas em suas cidades: 7 em cada 10 consideram que iniciativas voltadas para transporte e infraestrutura, como a melhoria na iluminação pública, revitalização de espaços abandonados (praças, prédios, terrenos baldios etc.) e correção de falhas no transporte público, podem contribuir significativamente para aumentar a segurança nos deslocamentos urbanos.
Mulheres demandam melhorias nas políticas públicas e na gestão dos transportes
Ainda que adotem estratégias individuais para driblar o medo em seus deslocamentos, as mulheres reconhecem a importância das políticas públicas e da atuação das empresas de transporte e têm demandas específicas para melhorar sua sensação de segurança.
“A pesquisa mostra que as mulheres sentem muito medo quando saem de casa, que esse medo tem a ver com suas experiências com a violência urbana e de gênero e que elas sabem quais iniciativas podem contribuir para aumentar sua segurança. Em especial, o levantamento revela que as brasileiras percebem que essas medidas são de responsabilidade do Estado, em especial da prefeitura de sua cidade. Por isso, elas também consideram que a segurança das mulheres no deslocamento deve ser um tema prioritário nestas eleições municipais”, afirma Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão.
“A segurança é um fator prioritário para a Uber, mas quando falamos de mulheres isso se torna ainda mais urgente diante do contexto em que vivemos. Então, pesquisas como esta nos ajudam não só a aprimorar os recursos de segurança da plataforma, mas também são fundamentais para pautar o debate público no caminho de uma mudança de cenário para que as mulheres e meninas possam se deslocar de uma forma mais tranquila no futuro”, comenta Natália Falcón, gerente de comunicação na Uber para assuntos de segurança e de parcerias para o enfrentamento à violência contra a mulher.
Sobre a pesquisa
Realizada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, a pesquisa de opinião Vivências e demandas das mulheres por segurança no deslocamento contou com apoio da Uber e se destaca pelo tamanho total de sua amostra, que possibilitou a leitura e análise de dados das seguintes capitais: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Com o objetivo de compreender as percepções das mulheres sobre segurança em seus trajetos pelas cidades, suas vivências em diferentes meios de transporte e quais são as políticas públicas que podem apoiá-las a ter um deslocamento mais seguro, este estudo nacional online foi realizado no período de 21 de junho a 11 de julho de 2024, e contou com a participação de 4.001 mulheres com 18 anos de idade ou mais, que saem de casa ao menos uma vez por semana. Com margem de erro de 1,5 ponto porcentual, a pesquisa foi ponderada a partir da distribuição da população brasileira por faixa etária, classe, escolaridade e área, conforme parâmetros da PNAD 2023.
*Ilustrações: Sofia Lima
Contatos
Julia Cruz – Instituto Patrícia Galvão (11) 98482-2628 |
Uber –
Catarina Boechat – GBR Comunicação/Instituto Locomotiva | (61) 9333-2148 |