Quase lá: Debatedores dizem que mulheres negras e pobres são maiores vítimas violência obstétrica

Comissão especial sobre o tema realizou primeira audiência pública nesta semana


Comentários

19/04/2023 - 20:15 - Agência Câmara 

Especialistas ouvidos pela Comissão Especial sobre Violência Obstétrica e Morte Materna afirmaram que as mulheres negras, indígenas e de baixa renda são as maiores vítimas. O debate aconteceu na primeira audiência pública da Comissão, que ouviu representantes de secretarias de Saúde de cinco estados para entender o cenário brasileiro.

Para o secretário de Saúde do Rio de Janeiro, o deputado licenciado Luiz Antônio Teixeira Júnior, o maior problema no Brasil nos últimos anos é a falta de investimento na qualificação do pré-natal, que impacta diretamente no número de mortes maternas.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Audiência Pública - Violência obstétrica e morte materna: panorama do sistema de saúde. Dep. Soraya Santos (PL - RJ) e Secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto.
Deputada Soraya Santos (E) e Carmen Zanotto, secretaria de Saúde de SC
 

E a cor de pele está relacionada com o pré-natal inadequado, afirmou a secretária de Saúde de Santa Catarina, a ex-deputada Carmen Zanotto, que defendeu a discussão sobre violência obstétrica dentro das instituições de ensino de saúde.

“As mulheres negras morrem mais que as brancas, mesmo tendo a mesma escolaridade e o mesmo acesso ao pré-natal. Está comprovado que nós profissionais da enfermagem dedicamos menos tempo na assistência do pré-natal à mulher negra que à mulher branca”, disse.

A presidente da Comissão, deputada Soraya Santos (PL-RJ), entende que as gestantes precisam primeiramente de informação.

“O primeiro ponto de violência é justamente a mulher desconhecer todos esses problemas. É ela não ter durante todo o protocolo de atendimento alguém para dizer se é melhor o parto ou a cesárea, quais são os riscos de um e de outro”, aponta.

Renda
Teixeira Júnior disse que mulheres de baixa renda são ainda mais afetadas, uma vez que a discriminação faz com que enfermeiros ou obstetras se achem no direito de tomar a decisão por elas sobre qual tipo de parto ter, por exemplo, sem explicar cada procedimento.

O ginecologista João Rocha Vilela defende que é função do médico orientar a paciente a realizar o procedimento mais seguro, mas diz que a imposição é sim uma forma de violência.

Morte materna
A audiência contou também com a presença de Edson Castro, o secretário-adjunto de Saúde de Roraima, que é, atualmente, o estado com maior índice de morte materna no Brasil.

O secretário pediu que a Comissão observe as peculiaridades de cada estado e explicou que, no caso de Roraima, muitas indígenas e venezuelanas chegam aos hospitais com a gestação avançada sem terem realizado pré-natal, o que aumenta o risco de morte dessas mulheres. Segundo Castro, é comum que venezuelanas venham para o Brasil apenas para o parto, com objetivo de terem filhos com nacionalidade brasileira.

Reportagem - Amanda Aragão
Edição - Ana Chalub

  • Áudio da matéria

    Ouça esta matéria na Rádio Câmara

    Audio Player
     
    00:00
    00:00
    00:00

Fonte: Agência Câmara de Notícias - https://www.camara.leg.br/noticias/954260-debatedores-dizem-que-mulheres-negras-e-pobres-sao-maiores-vitimas-violencia-obstetrica/


Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...