Quase lá: Nota de Apoio à Professora Lídia Maria Vianna Possas

Ataques à professora Lídia são sintomas das nuances de como a cultura machista, cisheteronormativa e patriarcal da nossa sociedade permanece atuando

 

Nota de Apoio à Professora Lídia Maria Vianna Possas

Nos últimos anos, desde o golpe de 2016, quando uma mulher - a presidenta Dilma Rousseff - legitimamente eleita, foi deposta sem ter cometido nenhum crime, muito se falou e se escreveu sobre misoginia e assédio contra as mulheres. Entretanto, ainda estamos longe de esgotar a questão, já que os ataques são sintomas das nuances de como a cultura machista, cisheteronormativa e patriarcal da nossa sociedade permanece atuando. O assédio, nome amplo que engloba uma série de atitudes ofensivas, tem sido naturalizado, principalmente quando o alvo são as mulheres, sejam elas cis ou trans.

A pesquisa que tem sido desenvolvida pela professora doutora Lídia Possas tem se mostrado imprescindível ao combate de tais práticas, não só para a construção do campo de estudos na História, mas como ferramenta política que nos instrumentaliza para combatê-las em nossa sociedade. Como nos ensina Joan Scott, a boa pesquisa sobre relações de gênero fornece as ferramentas para uma ação crítica e política da sociedade, nos ajudando a combater toda ação que configure condutas por meio de palavras, atos ou comportamentos que tragam danos físicos, morais ou psicológicos a uma pessoa, ou seja, o assédio moral e/ou sexual. Combatê-lo, principalmente nos ambientes universitários, deveria ser simples, já que intramuros acadêmicos supostamente teríamos uma massa crítica e pensante. No entanto, como reflexo da nossa sociedade, as universidades têm resistido a combater efetivamente o assédio em suas múltiplas facetas. Exemplo disso é o que vem ocorrendo em Portugal, onde, ao serem feitas denúncias contra um professor famoso internacionalmente, ao invés de combater o assédio, o investimento foi para despublicar um livro sobre assédio sexual e perseguir as autoras do artigo que tornou pública a questão. Consideramos essa atitude extremamente grave, pois fragiliza o campo e revela como funcionam as relações de poder quando o tema e assédio. Diante de relatos contundentes, as universidades têm sido diligentes em mitigar e suavizar tais práticas cometidas por docentes e discentes. O machismo, cisheteropatriarcal, blinda os homens que se unem em autodefesa; o corporativismo acadêmico não protege vítimas ou aquelas(es) que enfrentam tais opressões, ao contrário, reproduz a lógica da cultura do estupro, na qual a vítima torna-se culpada e o agressor é visto como perseguido.

O caso da Professora Lídia Possas é emblemático nesse sentido, pois, ao combater violências dentro do ambiente acadêmico, sofre represálias por sua luta corajosa contra o assédio e suas múltiplas violências.

Nós, abaixo-assinados, vimos a público nos solidarizar com a professora por sua atuação acadêmica como pesquisadora do tema e ouvidora institucional. Sua luta representa a todas nós!

Elaboração da nota: GT de Estudos de Gênero e História (ANPUH-Bahia)

Em 26 de outubro de 2023.

 

APOIO:

GT Nacional de Estudos de Gênero da ANPUH-Brasil
Diretoria de Equidade e Diversidade de Gênero e Pautas LGBTQIAP+ ANPUH-Brasil
Associação Nacional de História - ANPUH-Brasil
ANPUH-AM
ANPUH-AP
ANPUH-BA
ANPUH-CE
ANPUH-DF
ANPUH-MA
ANPUH-MG
ANPUH-MS
ANPUH-MT
ANPUH-PA
ANPUH-PB
ANPUH-PE
ANPUH-PI
ANPUH-PR
ANPUH-RJ
ANPUH-RN
ANPUH-RR
ANPUH-RO
ANPUH-SC
ANPUH-SE
ANPUH-SP
ANDES-SN Sindicato Nacional dos(as) Docentes da Educação Superior
Centro Interdisciplinar de Estudos de Gênero – CIEG (UNICENTRO-PR)
Close - Centro de Referência da História LGBTQIA+ no RS
Colectiva Internacional Ecologias Feministas (Brasil, Moçambique, Portugal Colômbia e Espanha)
Grupo de Enfrentamento da Violência de Gênero e Promoção da Saúde das Populações Vulneráveis
Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade – GEPHGS (UFAL)
Grupo de Estudos em Trabalho, Resistência, Experiência, Tensões e Ativismos Sociais – TRETAS (UFMS)
Grupo de Estudos História Sócio-Cultural da América-Latina – GEHSCAL (UPE)
Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Gênero e Sexualidade – GEPEGS (UEFS-BA)
Grupo de Extensão, Gênero, Raça, Sexualidade e educação: espaço para a diversidade (UNEB-DCH V)
Grupo de Extensão Por elas: (re)pensando relações de gênero em uma perspectiva feminista e interseccional (UNEB-DCH V)
Grupo de Extensão Geocine (UNEB-DCH V)
Grupo de Pesquisa Anômalos (UFCAT)
Grupo de Pesquisa Cultura, Relações de Gênero e Memória (UNIOESTE-PR)
Grupo de Pesquisa e Estudos Gênero e Violência – GPEG (UNIMONTES)
Grupo de Pesquisa Interinstitucional Direitos Humanos e Políticas de Memória - DIHPOM (UFPR, UEM, UNESPAR, UNIOESTE, UESPI, UNIFESSPA, IFAM-Tefé/FAPEAM - Campus Tefé/Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Amazonas)
Grupo de Pesquisa ProjetAH - História das Mulheres, Gênero, Imagens, Sertões (UFPB, UEPB, UNEB, UNIMONTES, UFS, UFT, UPE, UFRPE, UFG, IFG, IFMT)
Grupo Respeito e União pela Diversidade (GRUD - Feira de Santana/Bahia)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-ES)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-GO)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-MA)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-MG)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-MT)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-PA)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-PE)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-PR)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-RJ)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-RS)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-SC)
GT de Estudos de Gênero (ANPUH-SP)
GT de Estudos de Gênero e Interseccionalidades (ANPUH-PB)
INCT Caleidoscópio
Instituto de Estudos de Gênero – IEG (UFSC)
Laboratório de Estudos Conexões Atlânticas e Diáspora Africana – LECADIA (UEFS)
Laboratório de Estudos de Gênero, Poder e Violência (UFES)
Laboratório de Estudos de Gênero e História – LEGH (UFSC)
Laboratório de Pesquisas e Estudos de Gênero – LAPEG (UNIOESTE-PR)
Laboratório de Relações de Gênero e Família – LABGEF (UDESC)
NEGUEM – Núcleo de Estudos de Gênero (UFU)
Núcleo de Estudos das Diferenças de Gênero – NEDIG (UFT)
Núcleo de Pesquisa e Estudos em Gênero – NUPEGE (UFRPE, UPE)
Rede Brasileira de Historiadores/as/ies LGBTQIA+
Rede Brasileira de Mulheres Cientistas

 
 
 
 
 

Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...