A denúncia contra a ONU e os movimentos feministas que ficaram em silêncio sobre os crimes do Hamas. A Campanha “MeToo, a menos que você seja judia”.
A reportagem é de Fiammetta Martegani, publicada por Avvenire, 28-11-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Nas vésperas de 25 de novembro combinamos que não podíamos esperar nem mais um dia. Era necessário fazer ouvir a nossa voz, a voz das mulheres israelenses que sobreviveram ao massacre de 7 outubro. E de todas aquelas que, infelizmente, não conseguiram."
Essas são as palavras de Liron Kroll, diretora criativa da campanha #MeToo_Unless Ur_A_Jew (“MeToo, a menos que você seja judia), organizada por ocasião do Dia Internacional pela eliminação da violência contra as mulheres, instituída em 1999 pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Precisamente graças à sua profissão de diretora artística, Liron vem atuando desde 7 de outubro para ajudar quem foi mais afetado pelo massacre do Hamas, a começar pelas famílias dos reféns.
“Muitas delas são mulheres: mães, filhas, avós – conta-nos ela -. E a pena delas é dupla. Não só pelo que sofreram naquele Sábado Negro, mas também porque o silêncio do mundo se soma a essa dor: o fato de essa dor não ser reconhecida no exterior. Que nem sequer é reconhecida pela ONU e por aqueles grupos feministas que marcharam pelas ruas das capitais europeias e estadunidenses no dia 25 de novembro. ” Já se passaram mais de 50 dias desde 7 de outubro, dia em que o Hamas, ao cometer o maior massacre da história de Israel, também se manchou de gravíssimos crimes e violências sexuais contra as mulheres. Especialmente israelenses. Mas não só israelenses: de fato, há 28 nacionalidades entre os 239 reféns que foram sequestrados na Faixa. No entanto, fora de Israel, continua a haver relutância em denunciar as atrocidades cometidas pelo grupo terrorista contra as mulheres. E isso mesmo que o grupo Hamas tenha fornecido provas até demasiado evidentes das atrocidades de que se tornou protagonista, publicando em tempo real os vídeos das jovens sequestradas, obrigadas a desfilar por Gaza, espancadas, feridas, humilhadas, violentadas, muitos delas com as calças ensanguentadas. O silêncio caracteriza até mesmo aquelas ativistas dedicadas justamente à defesa dos direitos das mulheres. Ao denunciar tudo isso, Nicole Lampert, colunista do Haaretz, destaca também um aspecto que diz respeito às mulheres em Gaza: “Seria de esperar uma condenação firme dos grupos feministas muito antes de 7 de outubro, quando as credenciais do Hamas em tema de feminismo certamente não eram brilhantes, dado que o grupo impõe o uso do hijab, tornou ilegal viajar sem um tutor masculino e recusou-se a proibir os abusos físicos ou sexuais dentro da família."
Em vez disso, a maioria dos movimentos feministas ficou calada. De fato, em 30 de outubro, 140 eminentes acadêmicas estadunidenses assinaram uma petição “por um cessar-fogo”, declarando, no entanto, que ser solidário com as mulheres israelenses significa ceder ao “feminismo colonial”. Como observou Lampert, a “Jewish Women's Aid” foi a única organização no Reino Unido a denunciar a violência sexual do grupo terrorista, ressaltando como “o silêncio público de muitas organizações tem um impacto adicional no isolamento e no medo das vítimas israelenses."
“Não ficaremos em silêncio. A vida de cada mulher é igualmente preciosa”, ressalta a campanha #MeToo_Unless Ur_A_Jew. “Instituições como a Cruz Vermelha Internacional e UM Women não fizeram nada para apoiar as nossas vítimas”, escreveu na campanha do Instagram – Keren Sharf Shem, cuja filha Mia, de 21 anos, foi sequestrada durante o Festival Nova. As mães dos reféns também lançaram a campanha #MomToo ("mãe eu também"), na qual podem ser ouvidas as vozes das mulheres cujos filhos foram sequestrados ou mortos pelo Hamas. O propósito é sensibilizar as mães de todo o mundo para criar consciência sobre o que aconteceu. E logo esquecido pelo mundo.
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fonte: https://www.ihu.unisinos.br/634719-mulheres-israelenses-estupradas-espancadas-e-o-mundo-fica-calado