Quase lá: A violência política e a desinformação de gênero no Brasil, por Paula Tavares e Gustavo Borges

A desinformação fundamentada em questões de gênero representa uma vertente de violência política de gênero que busca reduzir a participação pública, limitar a diversidade de vozes e opiniões, inclusive na mídia.

Mulher protesta com megafone contra machismo violência de gênero feminicídio e pede por igualdade em Marcha das Mulheres em Curitiba em 8 de março de 2019 Foto Henry Milleo Getty Images

Mulher protesta com megafone contra machismo violência de gênero feminicídio e pede por igualdade em Marcha das Mulheres em Curitiba em 8 de março de 2019 Foto Henry Milleo Getty Images

 

08 de dezembro, 2023 ONU Por Paula Tavares e Gustavo Borges

 

A desinformação consiste na disseminação intencional de informações falsas com o intuito de causar danos.

 

A desinformação fundamentada em questões de gênero representa uma vertente de violência política de gênero que busca reduzir a participação pública, limitar a diversidade de vozes e opiniões, inclusive na mídia.

No Brasil, 74% das mulheres prefeitas sofreram divulgação de informações falsas, enquanto 66% foram alvo de ataques de discurso de ódio nas plataformas de mídias sociais.

A conquista de uma paridade de gênero ainda está distante, sobretudo no contexto da política. Conforme os dados do Mapa de Mulheres na Política da IPU-ONU, a média global de representação feminina nos parlamentos é baixa, registrando apenas 26,5%.

Além disso, no início de 2023, apenas 27% das nações possuíam uma líder feminina, apesar de as mulheres representarem 49,7% da população global.

No Brasil, em que pesem as conquistas alcançadas por movimentos femininos e avanços legislativos em prol da igualdade de gênero, representação de mulheres na política não tem acompanhado. No cenário político nacional, o Senado Federal apresenta participação feminina de 18,5%, enquanto na Câmara dos Deputados esse índice é ainda menor, atingindo apenas 17,7%.

De acordo com pesquisa do Instituto Alziras, considerando o âmbito municipal, os números são ainda mais impactantes. As mulheres governam 12% dos municípios do Brasil. Quando se analisam os dados das mulheres negras, o percentual cai para 4%. As regiões com os maiores percentuais de prefeitas são o Norte (15%) e o Nordeste (17%), enquanto o Sul (9%) e o Sudeste (8%) ocupam as últimas posições.

Esses números não apenas ficam aquém da média mundial, mas também estão significativamente abaixo da representação demográfica equitativa, destacando a urgência de esforços contínuos para promoção da igualdade de gênero na esfera política, em consonância com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável No. 5 das Nações Unidas.

A desigualdade de gênero na política é alimentada, em parte, pela violência política de gênero. Apesar de representarem a minoria da representação política, as mulheres foram vítimas de 36% dos casos de violência política registrados no Brasil entre 2020 e 2022.

A violência contra as mulheres na política é cada vez mais reconhecida em todo o mundo como uma tática emergente para dissuadir a participação política das mulheres, especialmente na sociedade da informação em que as novas tecnologias ampliam a manifestação da liberdade de expressão, mas também multiplicam os riscos e ameaças no ambiente online. Dentre todas as manifestações de violência política, as formas não físicas, como assédio e abuso online, predominam.

Acesse o artigo no site de origem.

 

fonte: https://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/violencia-politica/a-violencia-politica-e-a-desinformacao-de-genero-no-brasil-por-paula-tavares-e-gustavo-borges/

 


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