Quase lá: 8M: O garimpo ilegal mata e ameaça o futuro das mulheres indígenas

A luta socioambiental também é uma luta pelos direitos das mulheres de todo o Brasil


Impactadas pelo garimpo ilegal, mulheres indígenas são exemplos de força e resistência (Foto: Tuane Fernandes/Greenpeace)

A importância da proteção do meio ambiente para o desenvolvimento do Brasil é inegável, assim como a urgência em olharmos para as questões ambientais considerando a desigualdade de gênero e o racismo ambiental. Ou seja: reconhecendo que as mulheres, principalmente as que vivem em situação de vulnerabilidade, são as mais afetadas pela destruição da natureza.

Esse é o recado que queremos ecoar neste 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres. 

Historicamente, as indígenas sentem na pele essa lógica desigual e perversa.
explosão do garimpo ilegal nos últimos anos aprofundou ainda mais esse processo, como pudemos ver recentemente com a crise humanitária que atinge o povo Yanomami.

As mulheres indígenas convivem com a constante ameaça à saúde e desassistência por parte do Estado. Esta reportagem do Gênero e Número, por exemplo, mostra os riscos da contaminação por mercúrio para mulheres e meninas, que sofrem com gestações de risco e adoecimentos na infância. O garimpo ilegal mata e ameaça o futuro das guardiãs das florestas.

Além dos impactos socioambientais irrecuperáveis que a exploração criminosa das Terras Indígenas causam, há também a violência sexual. No início de fevereiro, quando a situação em Roraima ganhou ampla repercussão, a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos informou que ao menos 30 meninas yanomamis estavam grávidas de garimpeiros.


Protesto durante o Acampamento Terra Livre, em 2022 (Foto: Tuane Fernandes)

Não podemos esquecer que o gênero feminino também é o mais impactado pela ocorrência de eventos climáticos extremos, cada vez mais intensos e frequentes.

Durante o Carnaval deste ano, 17 mulheres e 19 crianças morreram vítimas das consequências da chuva histórica que caiu sobre o litoral norte de São Paulo. Uma tragédia que escancara o despreparo do poder público para lidar com a nova realidade do clima e como os impactos do aquecimento do planeta atingem a população de maneira completamente desigual.

Nossa luta é em defesa da Amazônia, da biodiversidade, mas também em defesa dessas e tantas outras mulheres que sofrem com a destruição do meio ambiente. 

Quando falamos em transformar, estamos defendendo a construção de um mundo mais verde, digno e justo. Para que isso realmente se torne realidade, a garantia dos direitos de todas as mulheres e o fim do machismo são imprescindíveis. Afinal, não existe justiça socioambiental sem igualdade racial e de gênero.

Lu Sudré
sobre a autora
Lu Sudré
Lu Sudré é jornalista do Greenpeace Brasil em São Paulo. Tem experiência na cobertura de temas relacionados ao meio ambiente, direitos humanos e política.
 
 

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