O que Bangkok, Amsterdã e Praga têm em comum? Todas são cidades populares para o turismo sexual. Mas os preços em alta nesses destinos estão levando alguns europeus a mudar seus hábitos. On-line, os homens compartilham suas dicas e conselhos sobre os melhores lugares no Norte da África para desfrutar do sexo. O Vice Media Group debruça-se sobre esse fenômeno que está ganhando força no Reino Unido.
A reportagem é de Bénédicte Le Gall, publicada por Slate, 10-08-2023. A tradução é do Cepat.
“A Gâmbia é um paraíso escondido. Estou na casa dos 60 anos, acima do peso e não sou muito sedutor. Mas lá é fácil encontrar prostitutas”, pode-se ler no fórum on-line UKPunting, especializado em questões relacionadas à prostituição. “Não é preciso se preocupar em qual bar ir, nem mesmo perguntar se são prostitutas ou não... Uma vendedora na praia até prometeu me oferecer um boquete se eu comprasse um de seus sucos!”
Além de compartilhar várias informações, muitos usuários destacam os preços imbatíveis: “Paguei as refeições, as bebidas e até uma vez um pacote de arroz para ela e sua família... Minhas despesas totais não foram nem um quarto do que pagaria por uma visita semelhante na Inglaterra”. O critério econômico é a primeira razão que leva os clientes europeus a irem para o Norte de África. Na Gâmbia, a trabalhadora do sexo Omari, de 27 anos, parece satisfeita: “Os britânicos recebem mais pelo seu dinheiro porque a libra vale mais aqui!”
Sobrevivência
Jodie começou a fazer programas aos 18 anos em sua cidade natal, Kumasi, em Gana, para complementar a renda. “Em Gana, muitas mulheres vivem na pobreza ou precisam de dinheiro para sustentar suas famílias. Para sobreviver, algumas trabalham durante o dia e complementam seus salários fazendo sexo com turistas estrangeiros à noite. É quase normal”, diz a jovem.
“O fato de algumas dessas mulheres estarem dispostas a ter relações remuneradas, apesar de não serem originalmente profissionais do sexo, diz muito sobre as grandes dificuldades financeiras que enfrentam”, explica Chantelle Lunt, conferencista e escritora especializada em estudos raciais.
No Norte da África, os turistas europeus não precisam entrar em sites on-line para encontrar o que procuram; a maioria deles recorre a homens locais – funcionários de hotéis, motoristas de táxi – para colocá-los em contato com trabalhadoras do sexo. Em troca do serviço prestado, os intermediários recebem uma comissão sobre o valor final do serviço. “Ninguém respeita as mulheres: quem lhe arranja um cliente só vê o dinheiro, mas somos nós que damos o corpo”, denuncia Omari.
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fonte: https://www.ihu.unisinos.br/631309-norte-da-africa-cada-vez-mais-atormentado-pelo-turismo-sexual