Quase lá: Equipes treinadas em iniciativa da USP são semifinalistas de competição feminina de tecnologia

Meninas que receberam mentoria em escola de verão da USP, em São Carlos, chegaram nas fases mais avançadas do torneio Technovation Girls, com representantes nas três categorias em disputa

27/06/2024

Texto: Yves Vieira e Henrique Fontes*
Arte: Diego Facundini**

Fotomontagem Jornal da USP com imagens de: macrovector/Freepik

 

Já imaginou ter na palma da mão ferramentas para lutar contra as consequências do bullying, combater o abuso sexual infantil, conectar jovens e idosos ao mercado de trabalho e ainda incentivar o empreendedorismo feminino? São justamente esses os objetivos de quatro aplicativos desenvolvidos por meninas de 8 a 18 anos participantes da iniciativa Technovation Summer School for Girls (TechSchool), do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. As garotas criadoras dessas tecnologias compõem quatro equipes que foram classificadas para a semifinal da Technovation Girls, competição internacional que desafia jovens meninas a criarem aplicativos para solucionar problemas de suas comunidades.

Treinadas durante a TechSchool, elas conquistaram vagas em todas as categorias em disputa: iniciante (8-12 anos), júnior (13-15 anos) e sênior (16-18 anos), representando um terço de todos os times brasileiros classificados para a etapa. Na categoria iniciante, a TechSchool teve a única equipe classificada entre os 18 times brasileiros que concorreram. Enquanto isso, na categoria júnior, foram 34 equipes nacionais participantes, sendo que, novamente, o único grupo classificado foi o treinado no projeto do ICMC. Já na categoria sênior, são duas equipes semifinalistas da TechSchool dentro de um universo de 125 times nacionais.

Em sua 16ª edição, a competição Technovation Girls irá premiar aplicativos que utilizam inteligência artificial para resolver problemas enfrentados por determinado grupo ou população. Durante o mês de junho, os trabalhos das equipes treinadas na TechSchool do ICMC estão disputando as semifinais da competição em nível continental contra times da América do Sul. Os melhores grupos de cada continente serão selecionados para participar da grande final da competição nos Estados Unidos, em outubro.

TechSchool é uma escola de verão que estimula desde cedo a participação feminina nas ciências exatas e na tecnologia, preparando meninas de 8 a 18 anos para solucionar problemas reais usando tecnologias. A professora do ICMC Lina Garcés, coordenadora do Grupo de Alunas de Ciências Exatas (Grace), responsável pelo oferecimento da escola de verão, comemorou a conquista das alunas na competição internacional.

“Ao longo dos seis anos em que tivemos participantes nesta competição, 2024 é o primeiro no qual chegamos à semifinal nas três categorias. É uma grande conquista da TechSchool, que não seria possível sem o apoio dos mentores voluntários, que orientam de perto as equipes de meninas. Ainda temos mais um passo para dar, os projetos das nossas alunas serão avaliados internacionalmente. Estamos bem ansiosos, torcendo para que dê tudo certo e as equipes possam concorrer na final nos Estados Unidos”, disse Lina.

Lina María Garcés Rodríguez coordena o grupo que organiza a escola de verão - Foto: CV Lattes

“As meninas brasileiras são geniais”

Na TechSchool são atendidas meninas de 8 a 18 anos, de escolas públicas e particulares, de forma virtual. Por ser realizada remotamente, a escola de verão permite a participação de garotas de qualquer região do Brasil. Na mais recente edição, participaram 80 meninas de 22 Estados brasileiros, sendo que 80% estão matriculadas em escolas públicas.

Durante as dez semanas de duração da TechSchool, as meninas tiveram a oportunidade de trabalhar em equipe. A construção coletiva começou com a identificação de um problema que necessita de solução, passou pela geração de ideias até, finalmente, chegar à criação dos produtos digitais. Na categoria sênior, elas também tiveram que produzir um plano de negócio para o aplicativo. Esse percurso foi todo apoiado por estudantes de graduação e pós-graduação do ICMC e profissionais de várias áreas do conhecimento, todos atuando de forma 100% voluntária.

Uma dessas voluntárias é Isadora Ferrão, doutoranda do ICMC e uma das mentoras da TechSchool. Ela destacou o talento das garotas envolvidas no desenvolvimento dos projetos. “Esses resultados de 2024 comprovam que as meninas brasileiras são geniais e só precisam dos instrumentos e da orientação correta para resolver problemas complexos da nossa sociedade. Temos grandes mentes aqui no nosso País, não precisamos olhar apenas para fora, temos que investir e acreditar. E os resultados estão aí para comprovar”, afirmou Isadora, que é embaixadora da competição ao lado da também doutoranda Daniele Melo Santos Paulino.

“Todo esse trabalho voluntário, tanto das empresas patrocinadoras como dos mentores e da organização, é muito importante. Dá para ver que, com voluntariado e boas intenções, a gente está conseguindo resultados que são de destaque”, completou a professora Lina.

Conheça os quatro projetos semifinalistas

O projeto Jamais Bullying, da equipe We Are All One, concorre na categoria iniciante, e propõe uma ferramenta tecnológica, segura, amigável e eficiente para que qualquer criança vítima de bullying consiga ter apoio e atenção para lidar com o problema. De acordo com as criadoras, os usuários podem denunciar as agressões no aplicativo e a escola será comunicada. O Jamais Bullying também conta com materiais educativos para conscientizar o público sobre a prática de violência sistemática e dicas de como combatê-la. A equipe desenvolvedora é formada por Ana Laura Delmutti (São Paulo-SP), Helena do Canto Vargas (Porto Alegre-RS), Pietra Gama (Diadema-SP), Amora Andrade Antunes (Cotia-SP) e Sofia Betiol Lordes Pereira (São Paulo-SP). As mentoras são Lia Yumi Morimoto e Tânia Moreira.

Veja neste vídeo o aplicativo Jamais Bullying em funcionamento:

 

Outro semifinalista, desta vez na categoria júnior, é o aplicativo Kids World, da equipe Code Queens 2024, que visa lutar contra o abuso sexual de crianças. A partir de um jogo, usuários de 6 a 10 anos aprendem a identificar toques indesejados e a buscar ajuda com pessoas de confiança. A equipe é composta pela dupla Emanuella de Souza Melo Paschoarelli (São Carlos-SP) e Sofia Petruz (Araras-SP). Os mentores são Leonardo Andreatta de Alcantara, Christiane Martins Oliveira, Regina Moraes e Liggia Santos Lima.

Veja neste vídeo o aplicativo Kids World em funcionamento:

 

Já na categoria sênior, a equipe Generation Girls criou o aplicativo Affecc, cujo objetivo é conectar jovens em busca da primeira experiência profissional com idosos ativos e cheios de conhecimento e experiência, criando um espaço para troca de habilidades, mentoria e aprendizado mútuo. O Affecc é uma porta de entrada para os jovens desenvolverem habilidades e networking profissional, enquanto ensinam os idosos a usar aplicativos e a explorar o mundo digital. Por outro lado, o projeto é um incentivo aos idosos para se manterem ativos e compartilharem seus legados. As alunas que desenvolveram o aplicativo são Alany Vitória (Recife-PE), Maria Gabriela Barbosa Rodrigues (Brasília-DF), Giovanna Rosa (Bragança Paulista-SP), Karol Libanio Pedraça Silva (Guarulhos-SP) e Isabela Piassi (São Carlos). As mentorias ficaram por conta de Stefania Izá, Denise Czarnescki, Melrulim Camilo Lourenzetti e Deise Kinsk Reis Silva.

Veja o aplicativo Affecc em funcionamento:

 

Também na categoria sênior, a equipe Lady Covers desenvolveu o aplicativo Elas Empreendem. Na plataforma, mulheres encontram conteúdos educativos de fácil entendimento sobre empreendedorismo, podendo divulgar projetos de negócio para potenciais investidores e, dessa forma, alcançarem mobilidade social e transformarem seus sonhos em empresas. A equipe Lady Covers é composta de Lethicia Barros (Campinas-SP), Anny De Oliveira Barros (Barueri-SP), Maria Alice Nunes Ferreira (São Paulo-SP), Natália Soares (Campo Mourão-PR) e Pietra Carvalho (São Paulo-SP). Leonardo Silva, Isabella Segredo, Cristina Moreira e Rafaela Soares do Nascimento são os mentores.

Confira o aplicativo em funcionamento no vídeo:

 

*Da Assessoria de Comunicação do ICMC, com edição de Silvana Salles
**Estagiário sob supervisão de Moisés Dorado

fonte: https://jornal.usp.br/diversidade/equipes-treinadas-em-iniciativa-da-usp-sao-semifinalistas-de-competicao-feminina-de-tecnologia/

 


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