Deputada foi vítima de preconceito durante sessão da CPI do MST, onde o presidente da comissão perguntou se ela queria "um hambúrguer" para se acalmar
A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) afirmou, nesta quinta-feira (3/8), que irá denunciar à Procuradoria-Geral da República (PGR) o episódio de gordofobia sofrido por ela durante sessão da CPI do MST. Na ocasião, o presidente do colegiado, Coronel Zucco (Republicanos-RS), perguntou se a parlamentar queria “um hambúrguer” para se acalmar.
“A senhora pode, também, daqui a pouco, tomar qualquer atitude, ficar mais calma. A senhora está nervosa, deputada? Quer um remédio? Ou quer um hambúrguer?”, perguntou Zucco. A fala foi proferida enquanto Sâmia fazia uso da palavra, com o microfone desligado e fora do momento permitido para se manifestar.
Ao ouvir as palavras do presidente da CPI, a deputada rebateu e disse que Zucco é alvo da PGR em um inquérito que apura as agressões dele contra as parlamentares mulheres que integram a comissão e afirmou que vai recorrer à Procuradoria sempre que for necessário, porque “é o nosso instrumento de defesa, mas também de ataque para aqueles que acham que vamos nos intimidar”, argumentou.
Sâmia classificou a ofensa como "violência de gênero" e afirmou que, esse tipo de preconceito, é repetido diariamente por homens nos corredores da Câmara dos Deputados e nas redes sociais. “Eu já tinha visto esse tipo de ironia nas redes sociais, por parte do relator da CPI, Ricardo Salles, mas nunca vindo do Zucco. Ele já havia me silenciado, cortado meu microfone, mas nunca agido desta forma tão truculenta, publicamente”, detalhou a deputada ao O Globo. “Eu denuncio e seguirei denunciando sempre que houver violência política de gênero”, concluiu.
"As notícias que estampam os jornais de hoje sobre essa CPI são sobre o show de misoginia que aconteceu desde o início, não é sobre outra coisa. E não poderia ser diferente porque o povo brasileiro não concorda com isso, sobretudo as mulheres brasileiras", disse Sâmia na sessão, após a fala de Zucco.
Em nota divulgada à imprensa, Zucco disse que agiu por impulso. "Logo em seguida, me retratei e pedi a retirada da expressão das notas taquigráficas por entender que o respeito deve imperar em qualquer relação. Mas este mesmo respeito deve ser recíproco e universal", afirmou.
Veja a nota completa divulgada por ele:
"Desde o início dos trabalhos desta CPI tenho sido alvo de ataques e ofensas de baixo nível por parte da base governista. Uma parlamentar em especial tem se notabilizado nessa estratégia: Sâmia Bomfim. Suas colegas de partido Talíria Petrone e Fernanda Melchiona também desempenham papel de destaque neste esforço de interromper os trabalhos, de fazer provocações baixas e desrespeitosas com seus colegas para, no final, posarem de vítimas das apenas pelo fato de serem mulheres.
Foram várias as oportunidades em que estas parlamentares fizeram ataques pessoais a mim, enquanto presidente, ao relator e aos membros do colegiado. E, frequentemente, fazem isso com os microfones desligados, mas alto o suficiente para ser testemunhado por todos os presentes e, em especial, pelo alvo de suas provocações. Mas para tudo há um limite. Usar a condição de saúde do meu irmão para me atingir é uma provocação baixa e sem escrúpulos. Reagi por impulso. Logo em seguida, me retratei e pedi a retirada da expressão das notas taquigráficas por entender que o respeito deve imperar em qualquer relação. Mas este mesmo respeito deve ser recíproco e universal.
Deputado Federal Zucco (Republicanos-RS) - Presidente da CPI do MST"