O livro e o documentário narram a trajetória da iniciativa pioneira que abriu as portas do movimento negro e feminista para os jovens do Hip Hop. Evento será no dia 13 de dezembro, a partir das 15h, no Sesc Belenzinho (São Paulo)
Artigo produzido por Redação de Geledés
Com prefácio de Sueli Carneiro e autoria de Clodoaldo Arruda, MC Sharylaine e Jaqueline Lima Santos, livro tem evento de lançamento com debates e show no dia 13 de dezembro, a partir das 15h, no Sesc Belenzinho
Documentário homônimo ao livro, com direção de Clodoaldo Arruda e MC Sharylaine e roteiro de Jaqueline Santos, Caio Franco e Thiago Mota, tem lançamento gratuito no Youtube também no dia 13 de dezembro
No ano do 50º aniversário do Hip Hop, Geledés – Instituto da Mulher Negra lança o livro e o documentário Projeto Rappers – A Primeira Casa do Hip Hop Brasileiro – História e Legado, sobre a iniciativa pioneira que entre 1992 e 2002 abriu as portas da militância negra e feminista para a juventude formadora daquele movimento artístico e cultural revolucionário. Marcando o duplo lançamento, serão realizados dois debates e um show no dia 13 de dezembro (quarta), a partir de 15h, no Sesc Belenzinho (veja programação completa abaixo). O documentário sobre o Projeto será lançado gratuitamente no Youtube também no dia 13 de dezembro.
Sob a direção de Lino Krizz, o show realizado na Comedoria do Sesc Belenzinho a partir das 20h30 traz encontros de grandes nomes do rap. Na abertura, o Resumo do Jazz convida Rappin Hood e BRSampler (antigo Potencial 3), que cedem o palco para Sharylaine convidar Chris Lady Rap, MC Regina e Luna. Logo depois, DMN apresenta sucessos com a sua formação original, trazendo o rapper Xis como convidado, e o encerramento fica por conta de Lino Krizz e seu convidado Thaíde, apresentando clássicos do rap nacional.
Em 1989, o movimento Hip Hop já era forte na cidade de São Paulo, tendo como epicentro o metrô São Bento, onde rappers faziam batalhas de rimas e BBoys, rodas de dança. Mas o assassinato do jovem Marcelo Domingos de Jesus, 19, com um tiro na testa em pleno vagão do metrô apenas porque cantava rap, foi um duro golpe para a mocidade que encontrava nas rimas sua forma de expressão justamente contra a violência policial racializada. Era comum que a polícia invadisse shows e levasse rappers presos, sofrendo toda sorte de abusos.
Como muitos deles passaram a acessar Geledés em busca de ajuda e representação jurídica contra a desmedida repressão policial, o Programa de Direitos Humanos do Instituto criou em 1992 o Projeto Rappers, que visava o fortalecimento dos grupos de rap como instrumentos de denúncia e conscientização étnico-racial, a maior participação dos jovens no movimento negro e a capacitação profissional em caráter preventivo, para aumentar as possibilidades de inserção no mercado de trabalho e impedir a cooptação pela marginalidade.
O projeto fez a ponte entre a juventude negra e periférica e o movimento negro em São Paulo, fortalecendo não só os integrantes do Hip Hop e seus seguidores como também Geledés e o movimento negro, que se beneficiaram com uma perspectiva jovem sobre as questões e necessidades da população marginalizada racialmente.
Uma das iniciativas de maior sucesso e visibilidade do projeto foi a revista Pode Crê!, publicada com a coordenação editorial do jornalista Flávio Carrança entre 1992 e 1994, sendo o primeiro veículo de comunicação voltado para a juventude negra, que se viu representada e validada em suas páginas e virou público cativo.
O livro Projeto Rappers – A Primeira Casa do Hip Hop Brasileiro – História e Legado (Editora Perspectiva), é uma coletânea de narrativas afetivas e de registro da iniciativa articuladora da juventude negra da cidade de São Paulo, com reverberações até no exterior, como a participação na Conferência de Pequim (China, 1995) de seu segmento Femini Rappers, voltado para as questões de gênero e para a integração das cantoras do movimento; e no Seminario Continental Racismo y Xenofobia – Propuesta de Desarrollo de los Afroamericanos, em dezembro de 1994 em Montevidéu, Uruguai.
Retomam essa história a pesquisadora do Hip Hop e gestora social Jaqueline Lima Santos e os rappers e insiders (tanto do movimento quanto do Projeto) MC Sharylaine (Ildslaine Silva) e Clodoaldo Arruda. O livro é também uma homenagem à coordenadora do Projeto Rappers e uma das fundadoras de Geledés, Solimar Carneiro, que morreu em julho de 2023.
A publicação traça a história do Projeto a partir dos depoimentos de grandes nomes atuantes no Rappers, como os cantores Xis, Lady Rap, Taty Godoi e MC Regina; a advogada especializada em Relações Étnico-raciais, Gênero, Segurança Pública e Sistema Prisional e uma das fundadoras de Geledés, Deise Benedito; o jornalista Flávio Carrança; e o pesquisador e educador Guiné, entre outros. O prefácio é de Sueli Carneiro.
Com direção de MC Sharylaine e Clodoaldo Arruda, que também dão depoimentos, e roteiro de Jaqueline Santos, Caio Franco e Thiago Mota, o filme Projeto Rappers – A Primeira Casa do Hip Hop Brasileiro – História e Legado (2023) apresenta a narrativa do livro em novos depoimentos de lideranças de Geledés, como a própria Sueli Carneiro e Deise Benedito, e de integrantes do movimento Hip Hop, intercalados com inúmeras imagens de arquivo de batalhas de rimas e rodas de dança, e de atividades realizadas pelo Projeto.
Livro e documentário se complementam, trazendo um recorte da história do Hip Hop em união com o movimento feminista negro, que legitimou e repercutiu essa cena cultural prolífica. O documentário tem lançamento no Youtube também no dia 13 de dezembro com versões em português e inglês.
PROGRAMAÇÃO SESC BELENZINHO
13/12 (quarta)
15h | Debate
Projeto Rappers e Revista Pode Crê – História e Legado para o Hip Hop Brasileiro
Conversa sobre a história, os impactos e o legado do Projeto Rappers, concebido pelo Geledés – Instituto da Mulher Negra, que proporcionou, pela primeira vez, o trabalho conjunto entre o movimento e o feminismo negro, com a cultura Hip Hop no Brasil. E sobre a Pode Crê!, primeira revista brasileira dedicada ao gênero, publicada entre os anos de 1992 e 1994, voltada para a juventude negra.
Com Clodoaldo Arruda, Flávio Carrança e Tina Gonçalves
Mediação de Suelaine Carneiro
Grátis (retirar ingresso no local com uma hora de antecedência)
13/12 (quarta)
17h30 | Debate
Femini Rappers: A Introdução do Feminismo no Hip Hop
Uma conversa sobre o Femini Rappers, iniciativa das mulheres participantes do Projeto Rappers, que fomentava a formação política e o empoderamento, antes desse termo existir – mulheres do Hip Hop iniciando a luta feminista dentro dessa cultura no Brasil.
Com Sharylaine, Chris Lady Rap e Rúbia
Mediação de Jaqueline Lima Santos
Grátis (retirar ingresso no local com uma hora de antecedência)
13/12 (quarta)
20h30 | Show
Encontros de artistas que participaram do pioneiro Projeto Rappers, nascido no Geledés – Instituto da Mulher Negra, que proporcionou pela primeira vez a interação e trabalho conjunto entre o movimento negro e feminismo negro com a cultura Hip Hop no Brasil.
Com Resumo do Jazz + Rappin Hood + BRSampler (antigo Potencial 3) | Sharylaine + Chris Lady Rap + MC Regina + Luna | DMN + Xis | Lino Krizz + Thaíde
Ingressos R$ 50 (R$ 25 meia; credencial plena Sesc, R$ 15)
SERVIÇO
Lançamento do livro e do documentário Projeto Rappers – A Primeira Casa do Hip Hop Brasileiro – História e Legado de Geledés – Instituto da Mulher Negra
Dia 13/12 (quarta), a partir das 15h
Sesc Belenzinho
R. Padre Adelino, 1000 – Belenzinho, São Paulo – SP
Grátis (debates) e R$ 50, R$ 25 (estudante) e R$ 15 (credencial Sesc) (show)
Livro Projeto Rappers – A Primeira Casa do Hip Hop Brasileiro – História e Legado
Editora Perspectiva, 168 páginas, R$ 54,90
À venda no site da editora
Documentário Projeto Rappers – A Primeira Casa do Hip Hop Brasileiro – História e Legado
São Paulo, Brasil, 40’, versões em português e inglês
Direção: Clodoaldo Arruda e MC Sharylaine
Roteiro: Jaqueline Santos, Caido Franco e Thiago Mota
Em exibição no Youtube a partir de 13 de dezembro