No Dia Internacional das Mulheres e aniversário da Academia, autora naturalizada brasiliense comemora conquista
No Dia Internacional das Mulheres, comemorado nesta sexta-feira (8/3), a escritora Ana Maria Lopes sucede a Dad Squarisi na 17ª cadeira na Academia Brasiliense de Letras. Jornalista formada pela Universidade de Brasília (UnB), Ana celebra o reconhecimento: “É uma forma da mulher ter voz dentro de uma academia composta predominantemente por homens”.
Ela ressalta que, nesta sexta-feira (8 /3), a Academia também completa 56 anos: “ Ela (a Academia) é muito rica em talentos. Ela atua intensamente no mundo cultural da cidade, com as Quintas Literárias’ por exemplo, onde há palestras sobre autores ou livros e discussões depois ”. A autora nasceu no Rio de Janeiro, mas veio para a capital em 1963 por transferência dos pais. “Não foi uma escolha minha, mas é uma escolha minha de morar aqui e não morar no Rio. Considero Brasília a minha casa”, diz.
Depois de passar por lugares como TV Nacional de Brasília, TV Alvorada e jornal O Globo, Ana participou de concursos literários e, mais tarde, publicou o primeiro livro de poemas. “É quase natural a pessoa que gosta de escrever ir para o mundo literário mesmo que não publique. O jornalismo é uma extensão da literatura”, explica, ao falar sobre a mudança profissional.
Para quem deseja se tornar um escritor ou publicar um livro, Ana Maria aconselha muita leitura e escrever tudo o que vem à cabeça, mesmo que seja engavetado depois. “A leitura nos fornece os sonhos, realidade, a verdade e a ficção. É tão importante que você vê, hoje, livros sendo censurados no sul do país como o caso de O avesso da pele ”, diz, sobre a recente censura sofrida pelo romance de Jeferson Tenório, vencedor do Jabuti, em uma escola do Rio Grande do Sul.
*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel
Ana Maria Lopes
Sou a carioca mais candanga que conheço. Deixei o mar do Rio de Janeiro, minha prancha de surf vermelha, minha avó e primos e, aos quinze anos, encarei a terra vermelha, a lama, os igualmente estarrecidos colegas de pioneirismo e vim morar em Brasília.
O choro do banzo e a poeira da terra me moldaram. E me fiz pedra, tijolo, cobogó e parte da fundação dessa cidade. Do Rio trouxe a nostalgia do mar e muitos escritos dentro da mala. Eu escrevia! No meio da construção de Brasília, estudei. Por entre as árvores tortas do cerrado, formei-me em Jornalismo. Não sem antes ter feito teatro infantil, teatro universitário, cinema e ter ameaçado um curso de arquitetura. E lia. Lia sem parar e compulsivamente. E leio. Deve ser TOC porque até hoje existe em mim essa compulsão pela leitura e pela escrita.
Enquanto lia e escrevia trabalhava – durante trinta anos – com jornalismo político na Câmara dos Deputados. Jornalismo era o meu trabalho e a Poesia o meu ofício. Meus poemas mais bonitos são meus três filhos, meus seis netos e minha bisneta. Os outros podem ser encontrados nos livros Conversa com Verso (LGE), Risco (Verbis) e Mar Remoto (Maria Cobogó). Ou ainda nas antologias poéticas como Escriptonita (Patuá), Poetas Brasileiros Hoje (Shogun), Antologia de Poesias Mulherio das Letras (Costelas Felinas), Mulherio das Letras Contos e Crônicas (Mariposa Cartonera), Conexões Atlânticas (In-Finita) e dos e-books Essas Águas (organizado por Wagner Muniz) e Mulheres na Literatura Brasileira (organizado pelo poeta Rubens Jardim).
A história sempre foi uma das minhas paixões e, no ano pandêmico de 2020, escrevi dois romances que têm por pano de fundo o século 19. Um, sobre as mulheres na Guerra do Paraguai e outro, sobre uma escrava – filha de escrava e senhor – que vendia charutos nas ruas de São Luís do Maranhão. Ambos inéditos.
Ainda na pandemia, fui coautora do primeiro volume da coleção Mestres Cobogós. Marcia Zarur e eu escrevemos a biografia do artista plástico Glenio Bianchetti. Outros livros – todos voltados para o público infanto-juvenil – virão para mostrar as personalidades que fizeram nossa cidade ficar mais bonita.
Poesia no Fim do Túnel é o blog que criei para despejar a poesia que brota cotidianamente. Também divulgo poemas de amigos e dos que tocam minha alma. Mas o amor maior é pela língua portuguesa, que me arrebata, me emociona e me cativa.
E é por essas e outras que me vi Maria Cobogó, Maria que vai com as outras (tem mais seis!) nessa aventura editorial de tirar o fôlego e fazer muita arte. E vamos!
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