Evento celebra inauguração da Casa de Cultura Popular Martinha do Coco, com muita música, dança e atrações especiais
Casa de Cultura Popular Martinha do Coco já foi residência da mãe de Martinha, forte fomentadora da cultura popular local - Foto: Davi Mello
Com programação multicultural e para todas as idades, a XI Mostra de Diversidade do Paranoá acontece neste sábado (29), na recém-inaugurada Casa de Cultura Popular Martinha do Coco, na Quadra 28. O tema da festa deste ano é "Casa de Mainha" e começa às 16h, com entrada gratuita.
O evento marca a celebração da inauguração da Casa, que antes de se tornar oficialmente um local de produção e circulação cultural, foi a moradia da mãe de Mestra Martinha, que sempre promoveu a cultura popular entre família, amigos e vizinhos.
“Agora é uma festa voltada para a comunidade, mas que começou pela minha família, minha mãe, que sempre teve esse incentivo ao fomento cultural. Mesmo sem ter recurso, ela teve essa ideia de fazer um carinho para uma neta e todo ano começou a fazer comidas típicas [juninas] para a família. E daí foi crescendo essa história porque também foi crescendo os convidados dessa celebração”, conta a artista.
Com o passar dos anos, o festejo foi se expandindo, até tomar a rua. E na edição deste ano, a Casa de Cultura Popular vai abrir as portas para receber parte da programação, com contação de histórias e Cine Coco voltado para crianças, enquanto os shows continuarão a acontecer na praça.
“Criamos esse tema ‘Casa de Mãe’ exatamente para trazer esse lugar de fortalecer a casa como ponto de cultura, como espaço cultural, a sede do trabalho de Martinha do Coco e as pessoas que trabalham com ela”, relata a artista e produtora Cleudes Pessoa.
“A nossa programação é variada e este ano vem muito com o enredo de contação de histórias, o filme, o cantinho onde a gente se aconchega com os mamulengos, o forrozinho na praça, um lugar de aconchego. E celebrando esse lugar que a mãe de Martinha começou as festas juninas do Paranoá e Martinha segue dando continuidade a esse legado”, completa.
Programação para toda a família
A celebração começa às 16h, na Casa de Cultura Popular Martinha do Coco, com uma emocionante Roda de Capoeira, demonstrando a força e a beleza dessa arte afro-brasileira. Às 16h30, é a vez da família Mamulengo Sem Fronteiras encantar mais uma edição da Mostra com o teatro de bonecos de mão.
Em seguida, às 17h, quem se chega é Maria das Alembranças, artista brincante e guardiã de memórias, com contação de histórias para crianças, estabelecendo o elo entre passado e presente do cerrado e do sertão. Às 19h, é o momento das crianças de aconchegar para o Cine Coco, uma exibição de curtas infantis, com curadoria de Ana Poney e Fernanda Muniz.
Já a praça contará com uma série de shows de diferentes linguagens artísticas, transitando entre a dança, a música e a batalha de rima. Quem começa comandando a pista, a partir de 16h, é a DJ Kalm, multiartista do DF, residente do Paranoá. Sua pesquisa musical é voltada a diversos gêneros, entre eles o Rap, Reggae, Funk e R&B e seu set é construído por intenções, intensidades, muito amor e ritmo.
Às 18h o Grupo Cultural Pé de Cerrado chega para celebrar 25 anos de trajetória. Com a missão de pesquisar, preservar e divulgar a cultura brasileira, o grupo já se apresentou em diversas cidades pelo Brasil e na Europa. Foram 25 anos de intensa pesquisa e parcerias com grandes mestres como Dominguinhos, Seu Estrelo, Boi de Seu Teodoro e Quinteto Violado.
A partir das 20h, sobe ao palco a anfitriã, Mestra Martinha do Coco acompanhada de participantes das oficinas de coco realizadas na Casa de Cultura Popular, para um show inédito e especial em homenagem às mestras do Coco de Recife, Aurinha e Selma.
Em seguida, às 21h, chega a vez da Batalha de Rima Fatality Park. Paranoá Parque é um conjunto habitacional formado por moradores em situação de vulnerabilidade social de outras RA’s do DF. Enfrentando altos índices de criminalidade e violência, surgiu a Fatality Park, fruto da inquietação de jovens que viram a necessidade de espaços voltados para a cultura. “Inspire-se com essa história de transformação e resistência cultural!”, convida a organização do evento.
A partir das 22h, muita dança com uma animada Quadrilha Junina, cheia de alegria e tradição para toda a família, e apresentação de forró com Mary Jane e Eduardo.
Para finalizar a noite, mais música boa: às 22h30 começa a Roda de Samba de Coco, com Coco Dubem, formada por brincantes da cultura popular que encontraram no coco uma maneira de firmar e expandir raízes afroindígena, e Coco de Quebrada, grupo de jovens vindos de diversas cidades satélites que respiram música, em especial a música nordestina brasileira.
“Eu estou muito feliz por neste sábado apresentar de novo essa festa na comunidade do Paranoá, na quadra 28. Além de ter essa festa toda com essa grande diversidade, nós estamos também na comemoração da inauguração da Casa Cultural do Paranoá. A casa da minha mãe também virou uma casa cultural. Eu estou só em honra, né? Muito trabalho, mas bem gratificante”, diz Martinha do Coco.
A mestra convida toda a comunidade de Paranoá, Varjão, Itapoã e de outras partes do DF para prestigiar mais esse encontro de cultura popular.
Confira a programação completa:
Mestra Martinha do Coco
Mestra Martinha do Coco nasceu em 11 de junho de 1961, em Olinda (PE). Aos 17 anos de idade, migrou para Brasília (DF) com a família, enraizando-se na região do Paranoá. Mãe de quatro filhos, trabalhou como babá e gari até se redescobrir como cantora e brincante. Consolidou a carreira através de composições autênticas, que perpassam os ritmos do Maracatu, da Ciranda do Samba de Coco.
A partir das raízes olindenses desenvolveu um estilo musical melódico e inconfundível, por muitos chamado de “Coco do Cerrado''. Sua presença abre rodas de encantamento por onde passa, marcadas pelo bom humor, pelo amor às belezas cerratenses e por reflexões filosóficas que sempre nos provocam. Martinha gravou dois discos, Rodas Griô (2017) e o Perfume Dela (2019), e em breve lançará o Coco de Ninar.
Em 2021, foi à África e lançou o videoclipe Ciranda Ancestral, gravado no Senegal e em Cabo Verde. Em 2023, realizou duas conexões culturais em Buenos Aires, compartilhando oficinas de samba de coco com diversas comunidades da capital argentina. Considerada uma das principais referências no cenário cultural do DF, foi premiada pelo Ministério da Cultura, Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF e Câmara Legislativa.
Edição: Márcia Silva