Evento regional, mas de caráter internacional, estima reunir 7 mil pessoas presencialmente
Com a temática "Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta, Outro Mundo É Possível", o Fórum Social Mundial (FSM) 2023 começou nesta segunda-feira, em Porto Alegre. Serão seis dias de atividades deste evento regional, mas de caráter internacional, com o objetivo de proporcionar debates comuns e lutas conjuntas. A maior parte das atividades estão concentradas na Assembleia Legislativa do RS (AL-RS), no formato presencial e com transmissão online. O FSM aconteceu pela primeira vez em Porto Alegre, em 2001. O fórum é um contraponto à agenda do Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos, na Suíça.
A poetisa, escritora e jornalista, Cíntia Colares, iniciou recitando poemas que retratavam a dor da desigualdade e da violência. Na sequência, uma intervenção cultural de um trio de rap, com um egresso do sistema prisional, cantaram em alusão às dificuldades dos negros. No primeiro dia, o fórum propôs o debate “A luta dos povos no contexto do nascimento de um mundo multipolar”, no Teatro Dante Barone. A mesa foi formada pelo ex-governador Tarso Genro, o ex-presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, o presidente da Fundação Maurício Gabrois (FMG-RS) e diretor nacional do Cebrapaz, Raul Carrion, e da analista política palestina, Mariam Barghouti. A mediação foi conduzida pelas deputadas estaduais Laura Sito e Bruna Rodrigues.
Um dos debatedores, Tarso Genro, ressaltou que o mundo está completamente diferente do que era na época da Guerra Fria , quando segundo, ele, foi o momento em que surgiram as grandes utopias, que se desenvolveram politicamente por dentro dos partidos dos movimentos sociais, das manifestações das instituições, democráticas ou não, que disputavam um espaço. “Hoje há uma nova forma de disputa porque essa multipolaridade acabou com as referências antigas. Hoje há novas referências de dominação, novas disputas geopolíticas entre as grandes nações mais avançadas, mais fortes militarmente, economicamente e que colocam um país como nosso numa situação de nova expectativa. Quais são as nossas relações globais que favorecem o desenvolvimento da nação, da democracia e de distribuição de renda?”, questiona.
Além de lideranças sindicais e dos movimentos sociais, Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, e Nísia Trindade, titular da Saúde, estão entre as presenças confirmadas até o fim da programação, que termina no sábado (28).
Fórum Social Mundial 2023 começa hoje em Porto Alegre
Ministras da Cultura e da Saúde devem participar
Publicado em 23/01/2023 - 11:26 Por Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - Brasília
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O Fórum Social Mundial (FSM) 2023 será iniciado hoje (23), em Porto Alegre, para terminar no dia 28. Com o tema “Democracia, direitos dos povos e do planeta – Outro mundo é possível”, o evento terá mais de 150 atividades realizadas por centenas de movimentos e organizações sociais do Brasil e de outros países.
Espaço de debates com diferentes movimentos sociais, o FSM foi realizado pela primeira vez em Porto Alegre, em 2001. O fórum é um contraponto à agenda neoliberal e capitalista do Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos, na Suíça.
Segundo a organização, a realização do FSM este ano se justifica devido a um cenário internacional de “futuro trágico”, com o aprofundamento da crise socioambiental, o aumento das desigualdades causadas por políticas neoliberais excludentes, que criaram as condições para o surgimento de movimentos fascistas em toda parte do mundo capitalista.
“Esses movimentos ganham força popular pela desesperança que assola parte significativa da base das nossas sociedades. Sem a superação das políticas neoliberais, não será possível enfrentar as causas das crises econômicas, ambientais, sociais e democráticas. Não será possível combater de forma eficaz o fascismo em suas várias faces”, indica a organização do FSM.
Os organizadores do fórum também apontam a vitória nas urnas, em outubro de 2022, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um importante marco para a América Latina na luta contra “o fascismo, o racismo, o patriarcado e as desigualdades.”
“Essa mudança é popular, é democrática, é negra, é indígena, é feminista, é em defesa do meio ambiente e só será efetiva se houver organização e mobilização popular desde o princípio”, diz a organização.
Mobilização
Os organizadores disseram, ainda, que este ano, devido ao pouco tempo para convocação e mobilização, o evento será regional, porém, de caráter mundial, com as atividades sendo realizadas na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, outros espaços da cidade e também virtualmente.
Nesta edição do FMS serão realizadas, entre outras atividades, reuniões para a organização da 17ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), atividades autogestionadas, debates sobre acesso à justiça, combate ao racismo, papel das mulheres nas lutas feministas, violência contra profissionais da imprensa, desafios no enfrentamento das consequências da pandemia do novo coronavírus (covid-19) e desastres em barragens de mineração, como o que ocorreu há quatro anos em Brumadinho, em Minas Gerais.
Entre os convidados, figuram ativistas sociais de diferentes movimentos, lideranças indígenas, do movimento negro, LGBT+, estudantil, sindicalistas, as ministras da Cultura, Margareth Menezes, da Saúde, Nísia Trindade e a vice-presidenta da Colômbia, Francia Márquez.
Edição: Kleber Sampaio