Mulheres de Fortaleza pedem por justiça no maior julgamento de violência policial do ano

Começa no dia 20 de junho o julgamento dos 34 policiais militares acusados de matar 11 pessoas na Chacina do Curió, ocorrida em 2015, na Grande Messejana, periferia de Fortaleza. Desde então, mães e familiares da vítimas lutam por justiça, articuladas com movimentos de mulheres de todo o país. Depois de sete anos e meio, elas estarão frente a frente com os executores de seus filhos, maridos, irmãos. Esse será o maior julgamento do ano no país e o que tem o maior número de militares no banco dos réus desde o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 2006, no Pará

SAIBA MAIS

Organizações de mulheres indígenas e trans criticaram exclusão de suas pautas: "o que entendemos como cuidado?"

Brasil de Fato | Buenos Aires (Argentina) |
 

 

foro feminista argentina nov2022
Intervenção de mulheres indígenas durante o Fórum Feminista - Fernanda Paixão

 

Nesta sexta-feira (11), foi concluída a 15ª Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, este ano ocorrida em Buenos Aires. Milhares de mulheres e organizações se reuniram na cidade argentina para debater e alinhar uma agenda comum a partir do lema da edição deste ano: o trabalho de cuidados.

O evento sintetizou as discussões em 52 pontos no Compromisso de Buenos Aires, após as intervenções dos representantes de Estados, assim como o Fórum Feminista, representando a sociedade civil, e o Fórum Parlamentário.

Entre os principais pontos do documento final estão a implementação da política para a chamada sociedade do cuidado, a priorização de medidas para a igualdade de gênero e o aumento da presença de mulheres em espaços de decisão, como a implementação da Declaração de Beijing e a Estratégia de Montevidéu.



 

No plano econômico, o documento propõe um novo estilo de desenvolvimento, que inclua “a igualdade de gênero nas dimensões econômicas, sociais e ambientais do desenvolvimento sustentável”. Ao mesmo tempo, atenta para a feminização da pobreza na região da América Latina e do Caribe e aponta para a necessidade de políticas e estratégias para superar a divisão sexual do trabalho, reconhecendo “a injusta distribuição do uso do tempo e da organização social do cuidado” sobre as mulheres e identidades feminizadas.

O México será o próximo país sede da Conferência Regional sobre a Mulher, em 2025.

Discussões

As exposições durante os dias de conferência, de 8 a 11 de novembro, trataram das problemáticas próprias da divisão sexual do trabalho e das políticas públicas que seriam necessárias neste sentido. Alguns dos principais temas foram o orçamento dirigido às feminidades, tradicionalmente responsáveis pelas tarefas de cuidados, a compreensão destas tarefas como trabalho não remunerado e sua inclusão no sistema previsional.

Também foram discutidas questões como a violência de gênero, a violência econômica e os efeitos estruturais sobre mulheres, meninas e diversidades após a pandemia de covid-19, especialmente na região latino-americana.

A sessão de fechamento na manhã de sexta-feira (11) contou com a presença de Naiara Leite, diretora do Instituto da Mulher Negra Odara. Ela começou reivindicando a filosofia ubuntu, “sou porque somos”.

“Não se pode falar de corresponsabilidade sem falar da dívida histórica com as mulheres afro de toda a região. Uma dívida histórica que reforça, ainda hoje, o lugar de não humanas de mulheres negras de toda  a região”, pontuou Leite. “Ainda vivemos sob a sombra do tráfico e da escravidão transatlântica que estrutura o imaginário racista patriarcal que atravessa todas as relações sociais e de poder.”

Um dia antes do início da Conferência da Cepal e da ONU Mulheres, o Fórum Feminista acontece tradicionalmente como uma forma de debater e apresentar as pautas da sociedade civil às autoridades durante a conferência. O Fórum começou na segunda-feira (7), na ex-Escola de Mecânica da Armada (ESMA) e atual espaço de cultura e memória, com a presença de mulheres e diversidades de toda a região.

Alguns coletivos questionaram a pauta centrada nos trabalhos de cuidados durante o encontro da sociedade civil. Por um lado, coletivos e organizações defensoras da causa mapuche deram visibilidade à perseguição das mulheres mapuches presas no sul da Argentina, após uma operação violenta que as despejou de seus territórios ancestrais, na Patagônia.

“Este fórum deve se pronunciar sobre as quatro mapuches, presas políticas, em um governo democrático, que se diz ser um governo de direitos”, disse a ativista mapuche Juana Antieco, da comunidade Costa de Lepa, ao subir no palco e conseguir o microfone.

“Há uma bebê de 16 dias que nasceu em cativeiro, rodeada de policiais. Se vamos falar de cuidados, cuidemos das nossas mulheres, das mulheres indígenas que defendem os territórios. Cuidemos das nossas infâncias. Senão, não podemos falar de cuidados. O feminismo deve se pronunciar”, apelou ao público.

O coletivo de mulheres travestis e trans também se posicionou contra a não inclusão de suas pautas no documento final do fórum. A doutora em comunicação e presidenta da organização Otrans Argentina, Claudia Vázquez Haro, participou da comissão organizadora do Fórum e, no entanto, denuncia que as mulheres trans “não foram nomeadas como sujeitas políticas”.

“O que entendemos como cuidado? De quem para quem? Qual é o/a sujeitx a proteger, cuidar?”, questionou Vázquez em uma publicação em suas redes sociais após o evento. “Me pergunto qual é o sentido destas formas de fazer política, quando sempre, no discurso hegemônico, questionamos o patriarcado em suas formas de fazer política e reproduzimos as mesmas práticas dentro do feminismo.”

Edição: Thales Schmidt

fonte: https://www.brasildefato.com.br/2022/11/12/conferencia-da-mulher-da-onu-na-argentina-demanda-fim-da-divisao-sexual-do-trabalho
 

Na Argentina, Fórum Feminista reúne mulheres da América Latina para definir agenda comum

O evento ocorre em Buenos Aires como prévia à 15ª Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe
Brasil de Fato | Buenos Aires, Argentina |
 

Ouça o áudio:Download

Auditório do Fórum Feminista 2022, no espaço de Memória e Direitos Humanos ex-Esma, em Buenos Aires, na Argentina. - Fernanda Paixão

 

Milhares de mulheres e organizações de toda a região latino-americana se reuniram em Buenos Aires, na Argentina, nesta segunda-feira (7), para discutir a agenda regional no Fórum Feminista. O tradicional encontro de mulheres e diversidades acontece antes da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, cuja 15ª edição também ocorre na cidade de Buenos Aires, entre os dias 8 e 11 de novembro.

A conferência é o principal fórum intergovernamental sobre os direitos das mulheres e sobre a igualdade de gênero e é organizada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres.

O Fórum Feminista promove um encontro de mulheres e diversidades da região com o objetivo de alinhar pautas em um documento comum para ser presentado às autoridade da Conferência, a fim de que as demandas sociais sejam consideradas pelos tomadores de decisões e responsáveis por elaborar políticas públicas.

A reunião contou com representantes e organizações de mulheres trans, afrodescendentes, indígenas, com deficiência e de países de toda a América Latina e o Caribe, como Guatemala, Trinidade e Tobago, Nicarágua, Honduras, Colômbia, Chile, Brasil, México, Peru e República Dominicana, entre outros.

Com o lema "Com os feminismos, os cuidados e a vida no centro", esta edição levantou como tema transversal aos debates a problemática dos trabalhos de cuidados. Segundo explicaram na convocatória ao fórum, as tarefas de cuidados foram evidenciadas pela pandemia de covid-19.

"Trata-se das atividades que regeneram de maneira diária e geracional o bem-estar físico e emocional das pessoas. Isso inclui as tarefas cotidianas de gestão e sustento da vida, como a manutenção dos espaços, o cuidado dos corpos, a educação e formação das pessoas, a manutenção das relações sociais e o apoio psicológico aos membros da família."

"Foi necessário chegar uma pandemia para que o mundo visse que o trabalho de cuidados existe", pontuou a colombiana Yaneth Vargas Sandoval, doutora em ciências sociais e jurídicas, no painel que abriu a jornada. "Estamos há 50 anos nessa luta. Para incluir o trabalho de cuidado em um sistema previsional, é necessário, primeiro, reconhecer o contexto de gênero desta problemática", acrescentou.

Oficinas com diferentes temáticas dedicaram espaços para discussões sobre meio ambiente, justiça reprodutiva, trabalho remunerado e não remunerado, justiça econômica e violências de gênero.

A brasileira Andrea Romani, integrante da ONG Cepia, esteve presente no Fórum junto a integrantes de outras organizações, como Anis, Redes da Maré e Católicas pelo Direito de Decidir. Juntas, integram a Fòs Feminista, aliança internacional que luta pelos direitos sexuais e reprodutivos. "Esse encontro tem um potencial e um simbolismo muito grande, inclusive por estar ocorrendo em lugar como este. É ressignificar este espaço", diz a ativista, referindo-se ao lugar onde ocorreu esta edição do Fórum, no Esma, ex-centro de detenção clandestino da ditadura argentina, atualmente um espaço de cultura e memória.

"É uma forma de fortalecer a democracia que está sendo atacada em tantos países da região. É também uma oportunidade muito grande de escuta de aprendizado, de intercâmbio e de fortalecimento de princípios e valores democráticos na região. De fazer avançar uma agenda feminista na região apesar das especificidades de cada país", afirma Romani. "Temos muitos elementos de convergência e a gente avança regionalmente se a gente tem essas oportunidades de pontes e redes."

Edição: Rodrigo Durão Coelho


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