Entre 2020 e 2021 dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) apontam que os números da violência contra as mulheres triplicaram. Passaram de 271.392 registros para 823.127.

 

Ana Castro & Cosette Castro
Publicado em  no jornal Correio Braziliense

 

Brasília – Na quinta-feira,  dia 24, o Brasil parou para assistir a vitória contra a Sérvia na Copa do Mundo 2022. Por 90 minutos esquecemos o avanço dos casos de Covid-19 e a necessidade da volta do uso de máscaras em locais fechados. Mas é bom lembrar.

A partir desta sexta-feira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que o uso de máscaras será obrigatório em aeroportos e vôos no país. Isso ocorre pouco mais de 3 meses depois do uso de máscaras ter sido liberado.

Enquanto isso, em Brasília, apesar do aumento dos casos de Covid-19, o governador Ibaneis não considera importante decretar medidas para proteger a população. Já em São Paulo, o Estado com maior população do país, a partir de sábado, 26, será obrigatório o uso de máscaras em transportes públicos, como ônibus e metrô.

A ação do governo de São Paulo mostra cuidado com a população, tendo em vista de um lado o aumento do número de casos e consequente aumento da sobrecarga de hospitais e, de outro, a proximidade das festas de Natal.  Nós estamos dando nossa contribuição. Já voltamos a usar máscaras em locais fechados e a colocar máscaras nas bolsas e casacos para não correr o risco de esquecer ao sair para rua.

Violência Contra as Mulheres

Esta sexta-feira, 25,  é  o dia internacional para a eliminação da violência  contra as mulheres. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), no ano passado, 5 mulheres ou meninas foram assassinadas por hora no mundo. De todos os feminicídios que aconteceram em 2021 no mundo, 56% foram causados pelos parceiros das vítimas. Ou seja, nem a casa é um lugar seguro para mulheres de todas as idades, independente da classe social.

No Brasil a violência  contra as mulheres não é diferente. Entre 2020 e 2021 dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) apontam que os números da violência contra as mulheres triplicaram. Passaram de 271.392 registros para 823.127. Poderia se imaginar que reduzido o período de pandemia e confinamento obrigatório, esses números tivessem diminuído.

Ledo engano. Os números são alarmantes também em 2022. Somente no primeiro semestre, conforme informações do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, 51.198 mulheres foram agredidas fisicamente.  Nestes dados não estão incluídos outros tipos de violência, como a psicológica, moral, sexual ou patrimonial que nem sempre chegam às delegacias de polícia.

Nem o Distrito Federal é um lugar seguro para as mulheres. De todas as idades. Em 2021 foi o segundo lugar do país mais violento para pessoas idosas, em especial as mulheres com 60 anos ou mais.

Em 76,6% dos casos, a violência contra as mulheres ocorre dentro de casa. Em 2021, a cada 14 dias, uma mulher foi vítima de feminicídio no DF e a cada 24h, 45 mulheres foram vítimas de violência doméstica,  de  acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Como se não bastassem os altos índices do ano passado, a SSP informou que até metade do mês de agosto de 2022 havia ocorrido 16 feminicídios no DF.  Metade das vítimas já havia sofrido algum tipo de violência anterior, mesmo com  medidas restritivas contra o ex-companheiro.

Segundo o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), foram concedidos 5.216 medidas protetivas de urgência até maio de 2022, o que explicita a amplitude da violência e as tentativas das mulheres se protegerem de seus agressores.

No Distrito Federal existem 2 canais de denúncias:

– Polícia Civil, através do telefone 197 e pelo WhatsApp 61-986261197

– Polícia Militar, através do telefone 190

Nacionalmente, existe a Central de Atendimento à Mulher, através do telefone 180 que funciona 24h.

Nós, do Coletivo Filhas da Mãe, seguimos apoiando e acolhendo mulheres cuidadoras com ações de cuidado e autocuidado e incentivo a políticas públicas.

Muitas delas, além da sobrecarga física e emocional, ainda sofrem violência doméstica. Ou são abandonadas pelos companheiros quando há um diagnóstico de demência na família.

Por isso, consideramos essencial o desenvolvimento de uma Cultura Nacional de Cuidado, que inclua também projetos de incentivo ao autocuidado. As casas, as ruas e o país precisam ser espaços acolhedores para as mulheres.

QUEM FAZ O BLOG

Ana Castro

Jornalista aposentada com experiência de 30 anos em redações de jornal, rádio, tv e produtoras de vídeo. Atuou na gestão da comunicação no setor público e privado. Cuidou da mãe com doença de Alzheimer por 14 anos. Foi voluntária da ABRAz-DF enquanto o grupo esteve atuando. Ex-integrante do Fórum dos Direitos do Idoso do DF. É uma das criadoras do Coletivo Filhas da Mãe.

Cosette Castro

Psicanalista, Jornalista, Pesquisadora. Pós-Doutora em Psicologia Clínica e Cultura (UnB). Doutora em Comunicação (UAB/Espanha). Professora em Comunicação por 22 anos. Pesquisa cuidado e autocuidado, mulheres e inclusão digital. Representa o Coletivo no Fórum da Pessoa Idosa/DF. É uma das criadoras do Coletivo Filhas da Mãe.

 

fonte: https://blogs.correiobraziliense.com.br/coletivo-filhas-da-mae/2022/11/25/quando-nem-a-casa-e-um-lugar-seguro/

 


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