Estela Vera era contra arrendamento ilegal em terra indígena e foi a quinta vítima do ano em áreas de conflitos no MS
Brasil de Fato | Lábrea (AM) |
 

Ouça o áudio

 
 
Retrato de Estela Vera Guarani feito em 2016 pela antropóloga Lauriene Seraguza - Reprodução/Lauriene Seraguza/Instituto Socioambiental

 

 

A rezadora e liderança indígena Estela Vera Guarani, de 67 anos, foi assassinada a tiros na Terra Indígena (TI) Yvy Katu, município de Japorá (MS). A Aty Guasu, organização que representa os Guarani Kaiowá, afirma que ela foi vítima de fazendeiros que invadem a retomada para plantar soja e criar gado. O Conselho Missionário Indigenista Missionário (Cimi) aponta que esse é o quinto homicídio de indígenas Kaiowá e Guarani neste ano registrado em áreas de conflito no Mato Grosso do Sul.

Na última quinta-feira (15), homens com armas de grosso calibre invadiram a casa de Estela e dispararam vários tiros contra a vítima. O filho dela, que estava no local, conseguiu fugir. A mãe correu para uma área de pasto, mas foi alvejada na cabeça. A Yvy Katu é uma tekoha (terra sagrada) retomada pelos indígenas. A TI já está demarcada, mas falta ser homologada pela Presidência da República.

Paralisação de demarcações agrava violência 

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), ruralistas se aproveitaram do travamento dos processos demarcatórios pela Funai e fizeram uma nova investida contra a área. Na tekiha Yvy Katu, "todas as lideranças sofrem a ameaça de morte por parte dos fazendeiros", escreveu a Aty Guasu. "Atualmente o espaço da terra de Yvy Katu é invadido novamente e ocupado ilegalmente pelos fazendeiros arrendatários", diz a organização indígena.

:: "Que esse governo retome o que nos pertence", dizem mulheres Kaiowá e Guarani em carta a Lula ::

O caso foi registrado como feminicídio pela Polícia Civil do Mato Grosso do Sul, mas até agora ninguém foi preso. A Aty Guasu pediu que a investigação seja conduzida pela Polícia Federal (PF) e salientou que outras lideranças estão ameaçadas de morte. O motivo são as denúncias feitas pelos indígenas de arrendamentos ilegais de terras dentro do território ancestral. Os arrendamentos muitas vezes ocorrem com participação de outros indígenas, cooptados pelo poder econômico do agronegócio.

"Por resistirem ao arrendamento, as indígenas e seus familiares sofrem cotidianamente ameaças e coerção por uma rede que envolve Poder Público, fazendeiros e outras forças econômicas e políticas da região – todos envolvidos e beneficiários dos arrendamentos. A partir disso, decorre a hipótese de o assassinato de Estela estar relacionado ao conflito com produtores de soja, de gado e arrendatários", escreveu o Cimi.

Intolerância religiosa não está descartada, diz Cimi

O Cimi também chama a atenção para a hipótese de intolerância religiosa, já que a Estela era uma importante líder espiritual na retomada. "No estado de Mato Grosso do Sul, as igrejas com perfil mais conservador acabaram funcionando como correia de transmissão do ideário violento e genocida de Bolsonaro, também dentro das aldeias, promovendo mais perseguições contra rezadoras e rezadores", diz a entidade.

:: Guarani Kaiowá: massacre de Guapoy escancara histórico de confinamento e escalada da violência ::

A Aty Guasu pediu mais uma vez atenção às denúncias de arrendamento ilegal de terra indígena em Yvy Katu, onde Estela Vera foi assassinada. "Pedimos JUSTIÇA e investigação federal séria do assassinato ocorrido", escreveu em nota a associação dos Guarani Kaiowá.

Edição: Nicolau Soares

fonte: https://www.brasildefato.com.br/2022/12/19/assassinato-de-rezadora-guarani-pode-ter-sido-encomendado-por-fazendeiros-dizem-entidades

 


Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

Cfemea Perfil Parlamentar

Violência contra as mulheres em dados

Logomarca NPNM

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Estudo: Elas que Lutam

CLIQUE PARA BAIXAR

ELAS QUE LUTAM - As mulheres e a sustentação da vida na pandemia é um estudo inicial
sobre as ações de solidariedade e cuidado lideradas pelas mulheres durante esta longa pandemia.

legalizar aborto

Veja o que foi publicado no Portal do Cfemea por data

nosso voto2

...