A denúncia de quebra de decoro parlamentar foi apresentada pelo PDT, mas foi a força da mobilização das mulheres que fez a diferença para que a vereadora fosse realmente punida

 

Publicado: 17 Janeiro, 2023 - 10h47 | Última modificação: 17 Janeiro, 2023 - 11h02

Escrito por: CUT-RS

 REPRODUÇÃO/FACEBOOK
notice

 

Por unanimidade (9 votos a 0), a Câmara Municipal de Montenegro, no Vale do Caí, no interior gaúcho, cassou o mandato da vereadora bolsonarista Camila Oliveira (Republicanos) em sessão extraordinária realizada nesta segunda-feira (16). Camila, que não compareceru à sessão, está inelegível por oito anos.

A parlamentar gravou, acompanhada de duas adolescentes em seu gabinete, um vídeo em que o trio aparece segurando uma bandeira do Brasil e um quadro com a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A letra da música compara mulheres de esquerda a cadelas. O material foi veiculado nas redes sociais da vereadora, durante o segundo turno da campanha eleitoral do ano passado.

A denúncia de quebra de decoro parlamentar foi apresentada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), mas foi a força da mobilização das mulheres que fez a diferença para que a vereadora fosse realmente punida.

O processo contra Camila foi aberto em outubro de 2022 e conduzido pela Comissão Processante integrada pelos vereadores Felipe Kinn da Silva (MDB), Ari Müller (PP) e Valdeci Alves de Castro (Republicanos).

É a primeira vez na vez na história de 150 anos da Câmara de Montenegro que ocorreu um pedido de cassação de mandato de integrante do legislativo.

A composição atual era de oito vereadores e duas vereadoras. Com a cassação de Camila, foi empossado no final da sessão o vereador Cristian Souza, também do Republicanos.

Mulheres de Montenegro comemoram decisão

O grupo Feminina Montenegro comemorou a decisão. O coletivo, formado por mulheres de todos os segmentos sociais e cores partidárias, acompanhou as sessões da Câmara desde a instalação do processo, na luta por justiça, destacou a jornalista Tina Griebeler, uma das integrantes do movimento.

“Muito triste ter que se mobilizar para tirar uma mulher que era para nos representar e defender pautas das mulheres”, avaliou a ex-candidata a vice-prefeita Liliane Melo (PT).

“Não foi nem um pouco agradável ter que acompanhar esse processo. Mas a postura foi totalmente machista e infelizmente teve que se pedir a cassação. Não é isso que gostaríamos de ver. Esperamos que daqui pra frente se possa fazer escolhas mais assertivas para que a gente coloque mulheres que defendam nossas pautas”, ressaltou Liliane.

Vereadora cassada debochou das mulheres

A secretária-geral da CUT-RS e secretária de Mulheres do PT-RS, Vitalina Gonçalves, acompanhou a mobilização pela cassação desde a abertura do processo.

“Quem exerce cargo público e eletivo precisa ter claro que ato tem consequência. Os espaços da política e da internet não são espaços livres e sem controle”, destacou. Ela lamentou a conduta da parlamentar cassada.

“Temos que ser solidárias com as mulheres, mas em nenhum momento a vereadora teve essa conduta. Ela demonstrou deboche e afronta às mulheres durante os ritos no Legislativo”, disse a sindicalista. “E quando se trata de violência política de gênero estamos cada vez mais atentas e essas atitudes não passarão”.

Respeito deve ser a base das relações sociais

A jornalista Télia Negrão, da Rede de Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do Caribe, frisou que “a condenação desta vereadora deve servir para a reflexão na sociedade de que o respeito é a base das relações sociais”.

“Numa sociedade democrática é inaceitável este tipo de postura, venha de onde vier. Embora saibamos que o fascismo, em forma de bolsonarismo no Brasil, não só despreza as mulheres como cidadãs e pessoas com plenas capacidades e direitos, mas forneceu até mesmo as armas para que sejam eliminadas. Que esta condenação sirva de exemplo”, observou Télia.

Com informações do com Extra Classe.

fonte: https://www.cut.org.br/noticias/rs-camara-de-montenegro-cassa-vereadora-que-comparou-mulheres-de-esquerda-a-cade-3885

 


Receba Notícias

logo ulf4

Aborto Legal

aborto legal capa

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Cfemea Perfil Parlamentar

Cfemea Perfil Parlamentar

logo ulf4

Tecelãs do Cuidado - Cfemea 2021

Violência contra as mulheres em dados

Rita de Cássia Leal Fonseca dos Santos

Ministério do Planejamento
CLIQUE PARA RECEBER O LIVRO (PDF)

marcha das margaridas agosto 2023

Estudo: Elas que Lutam

CLIQUE PARA BAIXAR

ELAS QUE LUTAM - As mulheres e a sustentação da vida na pandemia é um estudo inicial
sobre as ações de solidariedade e cuidado lideradas pelas mulheres durante esta longa pandemia.

legalizar aborto

Artigos do Cfemea

Congresso: feministas mapeiam o conservadorismo

Pesquisa aponta: só mobilização pode superar conservadorismo do Congresso. Lá, 40% alinham-se ao “panico moral”; 57% evitam discutir aborto; 20% são contra atendimento às vítimas e apenas um em cada cinco defende valores progressistas

Eleições: O “feminismo” de fundamentalistas e oligarcas

Candidaturas femininas crescem no país, até em partidos conservadores. Se o atributo de gênero perde marcas pejorativas, desponta a tentativa de passar ao eleitorado uma receita morna de “defesa das mulheres” – bem ao gosto do patriarcado

A pandemia, o cuidado, o que foi e o que será

Os afetos e o cuidar de si e dos outros não são lugar de submissão das mulheres, mas chave para novas lutas e processos emancipatórios. Diante do horror bolsonarista, sangue frio e coração quente são essenciais para enfrentar incertezas, ...

Como foi viver uma Campanha Eleitoral

ataques internet ilustracao stephanie polloNessa fase de campanha eleitoral, vale a pena ler de novo o artigo que Iáris Cortês escreveu uns anos atrás sobre nossa participação em um processo eleitoral

Dezesseis anos da Lei 11.340, de 07/08/2006, Lei Maria da Penha adolescente relembrando sua gestação, parto e criação

violencia contra mulherNossa Lei Maria da Penha, está no auge de sua adolescência e, se hoje é capaz de decidir muitas coisas sobre si mesma, não deve nunca esquecer o esforço de suas antepassadas para que chegasse a este marco.

Como o voto feminino pode derrubar Bolsonaro

eleicoes feminismo ilustracao Thiago Fagundes Agencia CamaraPesquisas mostram: maioria das mulheres rechaça a masculinidade agressiva do presidente. Já não o veem como antissistema. Querem respostas concretas para a crise. Saúde e avanço da fome são suas principais preocupações. Serão decisivas em outubro. (Ilustração ...

Direito ao aborto: “A mulher não é um hospedeiro”

feministas foto jornal da uspNa contramão da América do Sul, onde as mulheres avançam no direito ao próprio corpo, sociedade brasileira parece paralisada. Enquanto isso, proliferam projetos retrógrados no Congresso e ações criminosas do governo federal

As mulheres negras diante das violências do patriarcado

mulheres negras1Elas concentram as tarefas de cuidados e são as principais vítimas de agressões e feminicídios. Seus filhos morrem de violência policial. Mas, através do feminismo, apostam: organizando podemos desorganizar a ordem vigente

Balanço da ação feminista em tempos de pandemia

feminismo2Ativistas relatam: pandemia exigiu reorganização política. Mas, apesar do isolamento, redes solidárias foram construídas – e o autocuidado tornou-se essencial. Agora, novo embate: defender o direito das mulheres nas eleições de 2022

Sobre meninas, violência e o direito ao aborto

CriancaNaoEMae DivulgacaoProjetemosO mesmo Estado que punir e prendeu com rapidez a adolescente de João Pessoa fechou os olhos para as violências que ela sofreu ao longo dos anos; e, ao não permitir que realizasse um aborto, obrigou-a a ser mãe aos 10 anos

nosso voto2

...